quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Igreja revê seus conceitos ou permanece sempre a mesma?

Nem tudo que a Igreja Católica considera como pecado está escrito na Bíblia. A Bíblia foi escrita numa outra época, em outra realidade. A Igreja revê seus conceitos ou permanece sempre a mesma?
(Márcia, 35 anos)

Cara Márcia,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

Realmente, sua pergunta é muito interessante e daria uma boa e longa conversa. No entanto, dispondo de pouco espaço por aqui, tentarei fazer algumas observações que, penso, poderão lhe ajudar a aprofundar sua reflexão. Continuo, no entanto, aberto para receber outras dúvidas suas que possam nascer desse meu primeiro comentário.

Antes de lhe dar uma resposta, você faz duas afirmações que precisam ser consideradas com muita atenção. Isso porque, embora tragam algo de verdadeiro, podem gerar confusões se não forem bem compreendidas.

1. "Nem tudo o que a Igreja considera como pecado está escrito na Bíblia."

Sim. Isso é verdade, em parte. E por dois motivos. O primeiro deles é que a religião católica não é fundamentada apenas na Palavra de Deus escrita (Sagrada Escritura), embora a tenha em especialíssima consideração, como Palavra de Deus revelada! Um importante documento da Igreja nos explica como se dá a Revelação de Deus e o papel da Sagrada Escritura nesse processo:

"O Cristo Senhor, em quem se completou toda a revelação de Deus altíssimo (cf. 2Cor 1,20), comunicou aos apóstolos os dons divinos e os encarregou de pregar a todos o Evangelho prometido aos profetas, por ele cumprido e promulgado por sua própria boca, como a fonte da verdade salutar e a expressão da correta maneira de viver.

Essa disposição foi fielmente cumprida. Primeiro pelos apóstolos que haviam aprendido diretamente com as palavras, o convívio e a atuação de Cristo e pela ação do Espírito Santo o transmitiram pela pregação, pelo exemplo e pelas instituições que criaram. Depois, pelos apóstolos e homens apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação.

Para conservar o Evangelho íntegro e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram os bispos como seus sucessores, transmitindo-lhes o lugar que ocupavam no magistério. Esta Tradição sagrada, juntamente com a Escritura dos dois Testamentos são o espelho em que a Igreja peregrina contempla Deus, de quem tudo recebeu, enquanto não chega a vê-lo face a face (cf. 1Jo 3,2)." (Constituição Dogmática Dei Verbum, 7)


2. "A Bíblia foi escrita numa outra época, em outra realidade."

Com essa sua segunda afirmação, praticamente, você mesma responde à sua primeira objeção. Quero dizer que exatamente porque a Bíblia foi escrita dentro de um contexto específico, é que ela não pode trazer uma "lista com os pecados da atualidade". No entanto, na Sagrada Escritura, encontramos princípios divinos muito claros que nos permitem nos posicionar diante das novidades de nosso tempo. Um exemplo? A Sagrada Escritura não fala do procedimento da eutanásia, mas defende o inquestionável valor da vida humana que, porque dom do Criador, deve ser defendida em todas as suas expressões.

Mas essa sua segunda afirmação, ainda carece de uma precisação para não ser mal interpretada. O fato da Sagrada Escritura haver sido escrita em um outro contexto, não quer dizer que ela não possa falar aos homens de hoje. Ela é sempre Palavra de Deus! Afinal de contas, o próprio Senhor nos recorda que "céus e terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Mt 24, 35). É certo, porém, que temos o dever e a necessidade de interpretar aquilo que foi escrito há tanto tempo atrás. Por isso, mais uma vez, volto a lhe recomendar a leitura do importante documento do qual falei acima e, do qual agora, lhe apresento mais alguns trechos importantíssimos:

"Tendo Deus nos falado por intermédio de homens e à maneira humana, aquele que interpreta as Escrituras, para saber o que Deus nos quis comunicar, deve pesquisar com atenção o sentido visado diretamente pelo autor sagrado e o que Deus entendia manifestar por tais palavras.

Para saber o que o autor sagrado queria dizer, considerem-se, entre outras coisas, os gêneros literários. A verdade se propõe e se exprime diferentemente nos diversos textos históricos, proféticos, poéticos ou de qualquer outro gênero. É indispensável que o intérprete procure saber, levando em consideração as circunstãncias de tempo e de cultura em que escrevia o autor sagrado, qual dos gêneros literários quis usar ou usou para se exprimir, dentre os que eram correntes em sua época.

(...) Finalmente, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada no mesmo Espírito com que foi escrita, para entender corretamente o sentido dos textos sagrados ,não se pode desprezar o conteúdo e a unidade de toda a Escritura, nem deixar de levar em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé.

(...) Tudo, porém, que se refere ao modo de interpretar as Escrituras depende, em última análise, do julgamento da Igreja, que por disposição divina, desempenha o ministério de conservá-las e interpretá-las." (Constituição Dogmática Dei Verbum, 12)



3. "A Igreja revê seus conceitos ou permanece sempre a mesma?"

Assim, tendo considerado o que dissemos acima, chegamos, finalmente, à sua pergunta. E a resposta depende do que você quis dizer com "rever seus conceitos". Se isso significa mudá-los, a resposta então é não. Isso porque a Igreja conserva não conceitos seus, mas a Palavra de Deus revelada. O que a Igreja revê continuamente (e isso faz parte de sua missão!), é a forma de anunciar ao homem moderno os princípios divinos. Dessa forma, respondemos à segunda parte de sua pergunta: ao mesmo tempo em que está em constante e necessária mudança, a Igreja permanece sempre a mesma.

Espero ter lhe ajudado a compreender um pouco mais a nossa belíssima fé católica. Como lhe disse anteriormente, continuo aberto a outras dúvidas que possam surgir.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Audiência Geral com o Papa [28.10.2009]

Caros amigos,

Nessa manhã, em audiência geral aos peregrinos no Vaticano, o Papa Bento XVI continuou sua série de catequeses. Hoje, falando sobre o desenvolvimento da teologia no século XI, o Papa deu uma rica lição aos homens de hoje. Embora longo, tenho certeza de que, para quem gosta, é um belo texto a respeito da história da teologia. Abaixo, segue o discurso do Papa, na íntegra.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.


Bento XVI
Audiência Geral - Praça de São Pedro
Quarta-feira, 28 de outubro de 2009


Queridos irmãos e irmãs,

Hoje vou me deter numa página interessante da história, referente ao florescimento da teologia latina no século XII, que ocorreu por uma série de coincidências providenciais. Nos países da Europa Ocidental, reinava, naquele tempo, um relativa paz que garantia à sociedade desenvolvimento econômico e consolidação das estruturas políticas, além de que favorecia uma grande atividade cultural, graças também aos contatos com o Oriente. Dentro da Igreja se sentiam os benefícios da vasta ação conhecida como "reforma gregoriana" que, promovida vigorosamente no século anterior, havia conquistado um maior grau de pureza evangélica para a vida da comunidade eclesial, especialmente entre o clero, restituindo à Igreja e ao Papado uma verdadeira liberdade de ação. Além disso, ia se difundindo uma vasta renovação espiritual, apoiada pelo desenvolvimento exuberante da vida consagrada: nasciam e se expandiam novas ordens religiosas, enquanto aquelas já existentes experimentavam uma recuperação muito promissora.

Nesse contexto, floresceu também a teologia que retomou uma consciência ainda maior da sua própria natureza: ela refinou o método, enfrentou novos problemas, avançou na contemplação dos mistérios de Deus, produziu grandes obras, inspirou importantes iniciativas culturais, da arte à literatura, e preparou as obras-primas do século seguinte, o século de Tomas de Aquino e Boaventura de Bagnoregio. Dois foram os ambientes em que se desenvolveu essa fervorosa atividade teológica: os mosteiros e as escolas da cidade (scholae), algumas das quais se transformaram bem cedo nas universidades, que constituem uma das típicas "invenções" da Idade Média cristã. Só a partir destes dois ambientes, os mosteiros e as scholae, se pode falar de dois modelos diferentes de teologia: a "teologia monástica" e "teologia escolástica." Os representantes da teologia monástica eram monges, geralmente abades, cheios de sabedoria e de fervor evangélico, dedicados principalmente em suscitar e alimentar o desejo amoroso de Deus. Os representantes da teologia escolástica eram homens cultos, apaixonados pela investigação: mestres dispostos a mostrar a razoabilidade e validade dos mistérios de Deus e do homem, assumidos pela fé, sim, mas também pela razão. As diferentes finalidades explica a diferença dos métodos e das maneira de fazer teologia.

Nos mosteiros do século XII, o método teológico era essencialmente ligado às explicações da Sagrada Escritura, a sacra pagina, para nos expressar como os autores daquele período; se praticava, especialmente a teologia bíblica. Os monges eram todos ouvintes e leitores dedicados da Escritura, e uma das suas funções principais era realizar a lectio divina, ou seja, a leitura orante da Bíblia. Para eles, a simples leitura do texto sagrado não bastava para perceber seu sentido profundo, sua unidade interna e sua mensagem transcendente. Era preciso, portanto, praticar uma "leitura espiritual", realizada na docilidade ao Espírito Santo. Assim como na escola dos Padres da Igreja, a Bíblia era, portanto, interpretada de forma alegórica, para se descobrir em cada página, do Antigo como do Novo Testamento, o que Cristo diz e a sua obra de salvação.

O Sínodo dos Bispos do ano passado sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja lembrou a importância da abordagem espiritual das Sagradas Escrituras. Para este fim, é útil recorrer à teologia monástica, uma exegese bíblica ininterrupta, bem como às obras compostas por seus representantes, valiosos comentários ascéticos sobre os livros da Bíblia. Ao conhecimento literário, a teologia monástica unia o conhecimento espiritual. Ela estava consciente de que uma leitura puramente teórica e secular não era suficiente: para chegar ao coração da Sagrada Escritura, era preciso lê-la no espírito em que foi escrita e criada. O conhecimento literário era necessário para conhecer o exato sentido das palavras e facilitar a compreensão do texto, refinando a sensibilidade gramatical e filológica. O estudioso beneditino do século passado, Jean Leclercq, assim intitulou a obra pela qual apresenta as características da teologia monástica: L'amour des lettres et le désir de Dieu (O amor pelas palavras e o desejo de Deus). Na verdade, o desejo de conhecer e amar a Deus, que vem até nós por meio da acolhida, meditação e prática da sua Palavra, nos leva a aprofundar os textos bíblicos em todas as suas dimensões. Eis uma outra atitude sobre a qual insistem aqueles que praticavam a teologia monástica: um movimento interior de oração, que deve preceder, acompanhar e complementar o estudo da Sagrada Escritura. Justamente porque, em última análise, a teologia monástica é a escuta da Palavra de Deus, não se pode deixar de purificar o coração para acolhê-la e, acima de tudo, não se pode inflamá-lo de fervor para encontrar o Senhor. Teologia torna-se, portanto, meditação, oração, cântico de louvor e leva a uma conversão sincera. Muitos representantes da teologia monástica foram levados, por esta via, a patamares muito altos da experiência mística, e são um convite, também para nós, para alimentarmos a nossa existência, com a Palavra de Deus, por exemplo, ouvindo mais de perto as leituras e o Evangelho, especialmente na missa aos domingos. É também importante reservar algum tempo todos os dias para meditar a Bíblia, porque a Palavra de Deus é a luz que ilumina nossa jornada diária na Terra.

Diferentemente, a teologia escolástica - como disse, praticada nas escolas - surge junto às grandes catedrais da época com o objetivo de preparar o clero, ou em torno a um mestre de teologia e seus discípulos, para formar profissionais da cultura, numa época em que o conhecimento era cada vez mais apreciado. No método dos escolásticos, era argumento central a quaestio, ou seja, o problema que se coloca o leitor para afrontar as palavras da Escritura e da Tradição. Diante dos problemas que esses importantes textos impunham, se levantavam perguntas e nascia o debate entre professor e alunos. Nestes debates, apareciam de um lado os argumentos de autoridade, do outro, os da razão e o debate se desenvolvia no sentido de encontrar no final, uma síntese entre a autoridade e a razão para chegar a um entendimento mais profundo da Palavra de Deus. A este respeito, Boaventura diz que a teologia é "per additionem", ou seja, a teologia acrescenta a dimensão da razão à Palavra de Deus e, assim, cria uma fé mais profunda, mais pessoal e, portanto, mais concreta em nossas vidas. Assim, das várias conclusões e soluções encontradas, foram começando a construir um sistema teológico. A organização das quaestiones levava à compilação de sínteses cada vez mais amplas, ou seja, se compunham diversas quaestiones com diferentes respostas, criando uma síntese, as assim chamadas sumas (summae) que eram, na verdade, grandes tratados teológico-dogmáticos nascidos do confronto da razão humana com a Palavra de Deus. A teologia escolástica procurava apresentar a unidade e a harmonia da revelação cristã por meio de um método, chamado de "escolástico", a escola que dá confiança à razão humana: a gramática e a filologia ao serviço do conhecimento teológico, mas ainda a lógica, que é aquela disciplina que estuda a função do raciocínio humano, de modo que pareça evidente a verdade de uma proposição. Ainda hoje, lendo as sumas escolásticas se fica maravilhado com a ordem, a clareza, a seqüência lógica dos temas e a profundidade das idéias. Com uma linguagem técnica, são atribuídos a cada palavra um significado preciso e, entre o crer e o compreender, se estabelece um movimento recíproco de esclarecimento.

Queridos irmãos e irmãs, ecoando o convite da Primeira Carta de Pedro, a teologia escolástica encoraja-nos a estar sempre prontos para responder a todo aquele que pede a razão da esperança que está dentro de nós (cf. Pd 3,15). É preciso acolher tais perguntas e ser capaz também de dar uma resposta. Lembra-nos que entre a fé e a razão, existe uma amizade natural, fundamentada na ordem da Criação. O Servo de Deus João Paulo II escreveu em sua encíclica Fides et Ratio: "Fé e razão são como duas asas com as quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade." A fé é aberta ao esforço de compreensão por parte da razão; a razão, por sua vez, reconhece que a fé não a aprisiona, mas pelo contrário, a impulsiona em direção a horizontes mais amplos e mais altos. Entra aqui a eterna lição de teologia monástica: fé e razão, em diálogo mútuo, se enchem de alegria quando ambas são animadas pela busca de união íntima com Deus. Quando o amor dá vida à dimensão orante da teologia, os conhecimentos adquiridos pela razão tornam-se mais amplos. A verdade é procurada com humildade, recebida com admiração e gratidão: numa palavra, o conhecimento cresce apenas se se ama a verdade. Amor torna-se inteligência e sabedoria autêntica, teologia do coração, que orienta e sustenta a fé e a vida dos que crêem. Oremos para que o caminho do conhecimento e aprofundamento dos mistérios de Deus seja sempre iluminado pelo amor divino.

(tradução livre, exclusiva para esse blog)

sábado, 17 de outubro de 2009

29º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 2009

Evangelho (Marcos 10,35-45)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. 36 Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”37 Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”38 Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”39 Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. 40 Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”. 41 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. 42 Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43 Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44 e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. 45 Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Para nossa reflexão, partiremos da figura do sumo-sacerdote, abordada na segunda leitura da Santa Missa (cf. Hb 4, 14-16) desse 29º Domingo do Tempo Comum. No judaísmo antigo, o sacerdote havia a importante função de mediador entre Deus e o seu povo, exercida de maneira especial nos sacrifícios oferecidos ao Senhor. Nessa função de mediação, ao Sumo-sacerdote, era reservado um lugar de honra ainda maior que se distinguia pela proximidade que ele possuía com o Eterno Deus.

De fato, apenas o Sumo-sacerdote entrava no lugar chamado de Santo dos Santos, onde permanecia a arca da Aliança, e de onde Deus falava com os homens. Somente uma vez ao ano, no chamado Dia do Grande Perdão (cf. Lv 16), é que o Sumo-sacerdote podia se aproximar desse lugar santíssimo da manifestação de Deus e, apresentando o sacrifício do sangue de animais, conseguir o perdão de Deus, tão necessário aos pecados do povo.

Na carta aos Hebreus, Jesus nos é apresentado como o Sumo-sacerdote da nova e eterna aliança. E por que? Porque, depois dele, não foi mais preciso oferecer sangue de animais em holocausto. Isso porque ele, oferecendo-se a si mesmo, derramou o próprio sangue para o perdão dos pecados do povo. Se o antigo Sumo-sacerdote somente se aproximava do lugar sagrado do Santo dos Santos, com a intenção de obter o perdão pela oferta do sangue de animais, Jesus, entra diretamente nos céus, nas moradas de Deus (cf. Hb 4, 14), uma vez que derrama seu sangue em oferta de amor. Pelo sacrifício da Cruz, Jesus manifesta sua mais profunda intimidade com aquele lugar (cf. Lc 15,38), podendo ele mesmo ser chamado de o Santo dos Santos!

Agora nos resta perguntar como nós podemos participar dessa intimidade com Deus. O pedido de Tiago e João traduz esse tipo de preocupação: gozar de intimidade com o Senhor. E a resposta, nós a encontramos já na primeira leitura (cf. Is 53, 10-11), mas sobretudo no evangelho, quando Jesus afirma que: " quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10, 43-44). Em outras palavras, significa procurar, sob todos os aspectos, associar a nossa vida ao santo Sacríficio do Senhor, conformar tudo quanto vivemos ao mistério de sua morte e ressurreição.

Participemos de coração da Santa Eucaristia!
Estamos diante do Trono da Graça! (cf. Hb 4,16)
E deixemos que a Graça nos ajude a traduzir em vida tudo quanto celebramos!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Inferno existe?

Se Deus é perdão, porque existe inferno?
Michelle, 25 anos

Cara Michelle,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

De fato, sua pergunta é muito importante. Isso porque a falta de entendimento do assunto, infelizmente, leva muitos à negação da existência do inferno, realidade claramente afirmada pelos ensinamentos da Igreja.

Na Sagrada Escritura, encontramos muitas referências ao Inferno. Na verdade, ele vem indicado por várias palavras. Não é possível estudá-las todas aqui, mas para exemplificar, podemos falar da utilização de uma delas: Geena.

Geena era o nome de um antigo vale de Jerusalém (cf. Js 15,8), de onde se tem notícias de terem sido praticados holocaustos de crianças (cf. 2Cr 28,3; 33,6); profanado por Josias (cf. 2Rs 23,10), é provavel que tenha se transformado em lugar de lixo público, tornando-se na Bíblia, símbolo de impureza e maldição (cf. Jr 7,31; 19,6; 32,35). No entanto, o que nos interessa é o fato de que o Novo Testamento sempre utiliza a palavra Geena, não mais como um espaço geográfico, mas sim como um estado de maldição eterna (cf. Mt 5,22.29; 13,42.50; Mc 9,43-48; Ap 14,10).



A Igreja sempre ensinou que o Inferno está reservado aos que se recusam obstinadamente, por livre opção, até o fim de suas vidas a crer e converter-se. Ele é, enfim, como define o Catecismo da Igreja Católica, "um estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados" (CaIC 1033).

O mesmo Catecismo afirma que "Deus não predestina ninguém ao inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim" (CaIC 1037). Na verdade, todo o ensino da Igreja se baseia na misericórdia de Deus que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se" (2 Pd 3,9). Porém, as afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno" (CaIC 1036).

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

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Uma carícia de Deus...

Na tarde de anteontem, ao participar da oração com minha comunidade, me deparei com a récita de um salmo que, confesso, já a fiz muitas outras vezes. Porém, naquele momento, a graça de Deus me permitiu olhar para aquelas palavras com novos olhos, permitiu que a Palavra de Deus fosse semeada de maneira nova em meu coração.

A oração do salmista me convencia ainda mais do imenso amor de Deus. Voltei a rezá-lo por diversas vezes sozinho, depois daquele momento de graça! Convido você que visita esse blog a rezá-lo também. Independente de onde você esteja nesse momento, desejo que Deus lhe visite de maneira nova. Que Ele próprio lhe convença do quanto você é amado e de que esse amor é capaz de mudar a sua vida!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.


Salmo 138, 13-18.23-24

Foste tu que criaste minhas entranhas;
tu me abrigavas no seio materno.
Reconheço que sou uma verdadeira maravilha,
tuas obras são prodigiosas:
sim, reconheço-o claramente.

Meus ossos não te permaneceram ocultos
quando eu fui feito em segredo,
tecido na profundidade da terra.
Ainda sem forma e os teus olhos me viram.
No teu livro, estavam descritos
aqueles dias em que foram formados
quando ainda nenhum deles existia.

Ó Deus, como são difíceis para mim os teus projetos,
como é grande o número deles!
Gostaria de contá-los, mas são mais numerosos que a areia.
Quando penso que terminaram, estão ainda contigo.

Ó Deus, sonda-me e conhece o meu coração;
prova-me e conhece meus pensamentos.
Vê, portanto, se estou trilhando um caminho de mentiras
e conduze-me pelas estradas da vida.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um amigo de Deus [15.10]

Santa Teresa D'Ávila, virgem e doutora da Igreja

Nasceu na cidade de Ávila, na Espanha, no ano de 1515. Tendo entrado na Ordem das Carmelitas, teve grandes revelações místicas e fez imenso progresso no caminho da perfeição cristã. Dedicada à reforma de sua Ordem, teve que enfrentar muitas tribulações, mas tudo venceu com uma coragem inabalável. Escreveu também livros de profunda doutrina, todos frutos de suas experiências místicas. Morreu em Alba de Tormes (Salamanca) aos 04 de outubro de 1582. Paulo VI, aos 27 de setembro de 1970, a conferiu o título de doutora da Igreja.



Ó Deus, que por meio do vosso Espírito, suscitastes na Igreja Santa Teresa D'Ávila para indicar um novo caminho de perfeição, concedei a nós, vossos fiéis, de nutrir-se espiritualmente de sua doutrina e de ser inflamados por um vivo desejo de santidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Virgem Aparecida

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida
Padroeira do Brasil

A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada por dois pescadores no rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá, estado de São Paulo, por volta do ano de 1717. À imagem, que representa Nossa Senhora da Conceição, logo foi dado o nome de Aparecida, por ter aparecido do meio das águas. Inicialmente instalada em uma capela na vila dos pescadores, já por volta do ano de 1745 teve sua primeira igreja oficial, em torno da qual viria a nascer o povoado e o santuário de Aparecida.

A consagração de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil ocorreu em 31 de maio de 1931, em uma celebração que reuniu, já naquela época, um milhão de pessoas. No dia 04 de julho de 1980, o papa João Paulo II, em missa celebrada no Santuário, consagrou a Basílica, que recebeu o título de Basílica Menor.


Ó Deus todo-poderoso, ao rendermos culto à Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus e Senhora nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel à sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 11 de outubro de 2009

Seguir Jesus requer nadar contra a maré! - Parte 2

Caro amigo,

Nesse domingo (11/10), o Papa Bento XVI voltou a falar que seguir Jesus requer saber nadar contra a maré. Exatamente há um mês atrás ele utilizava a mesma expressão aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro (cf. também postagem do dia 11/09). Dessa vez, o discurso se dirigiu aos fiéis reunidos para a canonização de cinco novos santos para a Igreja.

Penso que esta seja a grande graça que precisamos aprender a pedir a Deus em nosso dias. De modo especial, os jovens precisam ser agraciados com a coragem de testemunhar seu amor pelo Senhor, mesmo em situações onde isso implique ser "diferente" dos demais!

Abaixo, segue notícia extraída de um site da internet. Apesar do site não ser de origem confessional, muito me alegrou o modo como noticiaram o evento.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.



Papa Bento XVI canoniza cinco novos santos

CIDADE DO VATICANO, 11 OUT (ANSA) - O papa Bento XVI canonizou neste domingo cinco novos santos católicos em uma cerimônia realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

São eles o polonês Zygmunt Szczesny Felinski, fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Família de Maria; a francesa Marie de la Croix, criadora da Congregação das Irmãzinhas dos Pobres; o padre belga Jozef Damian de Veuster, que dedicou sua vida à assistência de pessoas com hanseníase no Havaí; e os espanhóis Rafael Arnaiz Baron, religioso da ordem trapista, considerado um dos grandes místicos do século XX, e Francisco Coll y Guitart, fundador da Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciação de Nossa Senhora.

A Eucaristia foi celebrada por nove arcebispos, 14 bispos e 20 sacerdotes. Bento XVI mencionou os exemplos de vida de todos os beatos, dando ênfase a seus feitos em favor do próximo e pelo amor a Deus. A perfeição dos santos, disse o Papa, "na lógica da fé às vezes humanamente incompreensível, não consiste em colocar a si mesmo no centro, mas em optar por andar contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho". "Estas pessoas mantiveram um sincero desejo de alcançar a vida eterna conduzindo uma honesta e virtuosa vida terrena", complementou.

Cerca de 50 mil fiéis acompanharam a missa, que foi assistida também por autoridades dos países de origem dos novos santos. Estiveram presentes o rei belga, Alberto II, e a rainha Paola, o presidente da Polônia, Lech Kaczynski, o primeiro-ministro francês, François Fillon, e o chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos. Em nome do governo dos Estados Unidos, nação à qual pertence o Havaí, participaram o embaixador junto à Santa Sé, Miguel Umberto Diaz, e o senador havaiano Daniel Kahikina Akaka.

Após a cerimônia, já durante o Angelus, Bento XVI saudou a presença de um grupo de pessoas que sobreviveram aos ataques de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. O Papa orou para que "o mundo nunca mais assista a semelhantes destruições massivas de vidas humanas inocentes".

sábado, 10 de outubro de 2009

28º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 2009

Evangelho (Marcos 10,17-30)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19 Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe”. 20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22 Mas, quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. 28 Pedro então começou a dizer-lhe: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29 Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.



Celebramos o 28º Domingo do Tempo Comum. Ao centro da mensagem que acabamos de ouvir, retirada do Evangelho de São Marcos, está a gratuidade da salvação. Sim! Deus nos salva de maneira gratuita, sem o nosso merecimento. Ele quis nos salvar pelo simples fato de nos amar! (cf. 10, 27).

Porém, à iniciativa de Deus, cabe uma resposta humana. A pergunta mencionada no versículo 17 deve ser entendida a partir da preocupação de como colaborar com Deus em seu projeto de salvação, ou seja, de como corresponder à iniciativa amorosa de Deus. A primeira resposta de Jesus vai em direção à observância dos mandamentos. De fato, quem ama a Deus, observa seus mandamentos. Porém, o interlocutor parece querer ir mais longe. Por isso, Jesus lhe ensina que unido ao princípio do amor a Deus está o do amor ao próximo. Corresponder à iniciativa de Deus implica nossa decisão por amá-lo acima de todas as coisas e ao próximos como nós mesmos! (cf. Mt 22, 34-40).

Seremos salvos pelo amor! Sim! Em primeiro lugar, porque o Amor, pendente da cruz, nos salvou! E, depois, porque, em resposta a tão grande amor, nos decidimos em amá-Lo, traduzindo nossa vida inteira em amor! Sim, é o amor que salva o mundo!

Deus te abençoe!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O homem veio de Deus ou do macaco?

A Igreja nos ensina que Deus criou o homem e que somos descendentes de Adão que foi o primeiro homem. Na escola aprendemos que somos uma evolução do macaco. Em quem devo acreditar?
(Luiz Felipe, 10 anos)

Caro Luiz Felipe
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

Você fez uma pergunta muito boa, pois nos pemite esclarecer um ponto importante, a partir do qual muita gente faz confusão. Em outras palavras, você está perguntando sobre a diferença da linguagem bíblica e da linguagem científica, no que diz respeito à origem do homem. A primeira coisa que precisamos dizer é que são duas linguagens extremamente diferentes porque possuem objetivos diferentes.

A Bíblia não é um documento científico, não tem uma preocupação de explicar a origem da vida humana de maneira científica; ela é um escrito religioso que procura abordar a vida humana sob a existência e experiência de Deus. De modo diferente, o trabalho científico procura explicar a vida humana a partir das leis da natureza. A princípio, não são coisas opostas, mas complementares.

Não podemos esquecer que o darwinismo é apenas uma teoria! Isso quer dizer que a origem do homem continua sendo um grande e belo mistério. Tal mistério se explica justamente porque tem Deus em sua origem: e é exatamente isso que a Sagrada Escritura procura dizer, que Deus é a origem do ser humano! A origem da vida humana tem o "dedo de Deus"; a maneira como ele escolheu para fazer isso, é um mistério. E nesse ponto, a ciência pode tentar explicá-lo.



Bem, por fim, assim como o pensamento centífico precisa ser cada dia aprofundado, o mesmo acontece com a Sagrada Escritura. Veja que interessante: para o aprofundamento da Sagrada Escritura, nós também nos servimos da ciência: a exegese bíblica, por exemplo. E por que estou lhe dizendo isso? Porque os estudos bíblicos vão nos explicar o que, na verdade, significa afirmar que - como você disse - "somos descendentes de Adão". É preciso entender bem a linguagem bíblica! Mas isso é assunto para uma outra pergunta, não acha?

Um abraço. Continue perguntando!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

10.000 acessos!

Estamos em festa!

Hoje, nosso blog atingiu a marca de 10.000 acessos ao longo do ano de 2009.

Desde sua criação, foram mais de 15.000. Lentamente, ele vai entrando nos mais diferentes lugares, desde residências às inúmeras lan houses espalhadas aos quatro cantos; vai sendo conhecido sob os mais variados pretextos, desde os visitantes assíduos àqueles que entram por simples acaso... O que importa é que, de uma forma ou de outra, ninguém acessa essas páginas sem levar algo de novo. Temos a absoluta certeza de que Deus se utiliza desse pequeno instrumento para chegar ao coração de muitos!

Esse blog é mantido em obediência Àquele que deseja encontrar você para lhe transformar a partir de dentro! Seja bem-vindo! Divulgue-o e evangelize!

Deus abençoe sua vida!
Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.


A música na liturgia

As músicas tem a ver com a celebração? Como saber quais são litúrgicas?
(Leonardo, Caraguatatuba, 15 anos)

Caro Leonardo,

Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

A primeira coisa que precisamos compreender é que toda a celebração litúrgica é um conjunto harmonioso, onde a música desempenha um papel não somente importante, mas imprescindível. Daí que a utilização de uma música dentro de uma celebração litúrgica deve seguir e respeitar os critérios dessa mesma celebração. Eis a resposta para sua primeira pergunta: sim, toda a música litúrgica tem a ver com a celebração.

Nesse sentido, para saber se uma música é adequada para a celebração, deve-se, em primeiro lugar, procurar compreender o que está sendo celebrado. Se a música ali empregada é fiel à natureza da celebração, podemos dizer que ela é adequada para o momento.

Por isso, todo o músico que deseja prestar um serviço de qualidade à comunidade deve estar preocupado com sua adequada formação litúrgica. Somente compreendendo a natureza e a finalidade da celebração, é que ele saberá identificar as músicas que irão colaborar e enriquecer o momento celebrativo.

Por fim, lhe recordo que existem muitos cursos e livros interessantes sobre o assunto por aí. Sugiro que você se informe em sua paróquia e diocese a respeito. Como exemplo, lhe recomendo a leitura de uma publicação da CNBB que você encontra em qualquer livraria católica: A música litúrgica no Brasil (Estudos da CNBB, nº 79).

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A participação de cada fiel na liturgia

Por que existem orações que só o Padre pode fazer ? E por que isso não é informado à comunidade ?
(Leonardo, Caraguatatuba, 15 anos)

Caro Leonardo,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

Entendi que você esteja falando das orações dentro de uma Celebração Eucarística. De fato, não somente na Santa Missa, mas em outras celebrações litúrgicas, existem orações que são reservadas especialmente ao sacerdote. Na verdade, antes de sabermos a razão dessas orações, é preciso compreender o que nos ensina um importante documento da Igreja sobre a natureza e a importância da liturgia:

"Em todas as celebrações litúrgicas, ministros e fiéis, no desempenho de sua função, façam somente aquilo e tudo aquilo que convém à natureza da ação, de acordo com as normas litúrgicas (... ) Desde cedo, portanto, estejam todos imbuídos do espírito da liturgia e sejam devidamente iniciados no desempenho correto de seus respectivos papéis." (Sacrosanctum Concilium 28-29).

Essa afirmação nos ensina que cada fiel está envolvido de modo pessoal na ação litúrgica e a celebra de acordo com a sua condição. O sacerdote, enquanto presidente da celebração, possui orações que lhe são reservadas porque elas deixam claro qual o papel dele naquele momento. Mas isso acontece também com a assembléia que participa com ele do momento celebrativo; também existem orações reservadas aos fiéis leigos.

Você também pergunta porque isso não é informado à comunidade. Na verdade, há muitos lugares onde a comunidade sabe exatamente, não somente sua função na celebração, como aquela reservada ao sacerdote. Nos lugares onde isso não é muito claro, falta uma formação litúrgica mais adequada. É isso que sugere o mesmo documento que citei anteriormente e que volto a citar, do qual eu lhe recomendo uma atenta leitura. Você poderá encontrá-lo na íntegra nesse endereço eletrônico:

Eis os números que tratam de uma necessária formação litúrgica para todo o povo de Deus:

"A Igreja deseja ardentemente que todos os fiéis participem das celebrações de maneira consciente e ativa, de acordo com as exigências da própria liturgia e por direito e dever do povo cristão, em virtude do batismo... Procure-se por todos os meios, restabelecer e favorecer a participação plena e ativa de todo o povo na liturgia. Ela é a fonte primeira e indispensável do espírito cristão. Os pastores de alma devem, pois, orientar para ela toda sua ação pastoral. Para que isso aconteça, é indispensável que os próprios pastores estejam profundamente imbuídos do espírito e da força da liturgia, tornando-se capazes de ensiná-la aos outros..." (Sacrosanctum Concilium 15)

"Também os fiéis devem participar da liturgia, interior e exteriormente, de acordo com sua idade, condição, gênero de vida e grau de cultura religiosa. Os pastores atuem pacientemente nesse sentido, sabendo que é um dos principais deveres de quem é chamado a dispensar fielmente os mistérios de Deus..." (Sacrosanctum Concilium 19)



Depois de esclarecido isso, um passo interessante será o de estudar as orações que são reservadas ao sacerdote nas ações litúrgicas; são belíssimos meios para compreendermos a vida e a missão de um padre!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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Nossa Senhora do Rosário

Hoje, celebramos a memória de Nossa Senhora do Rosário. Esta celebração foi instituída por São Pio V, papa, no aniversário da vitória naval relatada pelos cristãos em Lepanto e atribuída ao auxílio da Santa Mãe de Deus, invocada pela récita do rosário (1571). Esta comemoração é um incentivo para todos meditarem os mistérios de Cristo sob a guia da bem-aventurada Virgem Maria, que foi associada de modo todo especial à encarnação, paixão e glória da ressurreição do Filho de Deus.




Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo, pela mensagem do anjo, a encarnação do Cristo, vosso Filho, cheguemos, por sua paixão e cruz, à glória da ressurreição pela intercessão da virgem Maria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


* Reze os Mistérios Gloriosos do Rosário, clicando no link abaixo:



quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um amigo de Deus [01.10]

Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja

Nasceu em Alençon (França) no ano de 1873. Entrou ainda muito jovem no mosteiro das Carmelitas de Lisieux e exercitou-se de modo singular na humildade, na simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar especialmente nas noviças do seu mosteiro. Morreu a 30 de setembro de 1897, oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja. O Papa Pio XI, em 1927, a declarou Patrona Universal das Missões Católicas. Em 1997, João Paulo II a proclamou Doutora da Igreja.


Ó Deus, que preparais o vosso reino para os pequenos e humildades, dai-nos seguir confiantes o caminho de Santa Teresinha, para que, por sua intercessão, nos seja revelada a vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


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1) Mais sobre Teresinha e fotos de sua terra natal? Procure no arquivo desse blog (coluna ao lado) a postagem de 25.02.2009, intitulada "França - Conclusão";

2) Quer ler um fragmento de um importante escrito dela? Procure no arquivo desse blog (coluna ao lado) a postagem de 01.10.2008, intitulada "Um amigo de Deus [01.10.2008]"

3) Quer acompanhar as reflexões da novena a Santa Teresinha? Acesse http://www.paroquiasantateresinha.com.br/novena2009 Lá você também escutará minha homilia [27.09 - Tema: Santa Teresinha, uma palavra de Deus]