terça-feira, 11 de março de 2008

Itália - Região de Campânia

Não posso começar essa postagem sem antes dizer 'muito obrigado'. Os dois dias que passei na região de Campânia só foram possíveis, graças à colaboração de várias pessoas queridas. Agradeço à Irmã Nice, salesiana, mas sobretudo, à jovem brasileira Marianna e sua família que me acolheu gentilmente enquanto estive por lá. (Marianna, se você ler meu blog, mais uma vez eu lhe agradeço! Saudação especial a seus tios e primos, especialmente, à Dona Flora, por ter sido sinal de Deus para mim...)

Foram apenas dois dias, mas valeram a pena porque passados em companhias muito agradáveis, numa região belíssima em todos os aspectos.

A região de Campânia (em italiano, Campania)

A Itália é formada por vinte regiões, criadas pela Constituição de 1948. Uma delas, Campânia, situa-se ao sul do país (Itália Meridional). Esta região é banhada pelo Mar Tirreno, a oeste e sudoeste. Ouvi dizer que tem a mais alta densidade populacional das regiões italianas, sendo, porém, a segunda em número total de habitantes, após a Região de Lombardia. Campânia é formada por cinco províncias (que correspondem, aproximadamente, ao que chamamos de 'estados'): Avellino, Benevento, Caserta e as famosas Nápoles e Salerno.

A Província de Nápoles (em italiano, Napoli)

Uma das mais famosas províncias da região, é formada por cerca de 90 comunes (que correspondem às nossas cidades), dentre as quais, as mais famosas são Nápoles (capital), Pompéia e Sorrento. Eu pude conhecer quatro cidades, das quais quero lhes falar um pouco agora.

Boscoreal (em italiano, Boscoreale)

É um pequeno município de cerca de 30.000 habitantes, onde habita a família que me acolheu durante esses dois dias. Boscoreale é um importante centro agrícola, famoso por seus vinhos, dentro os quais, o mais célebre é conhecido por Lágrimas de Cristo do Vesúvio. Não provei desse vinho, mas dos que provei, posso atestar que são realmente bons... Um ponto negativo que pude observar, não só na cidade, mas em toda a região, é a cena que o mundo inteiro assistiu pelos jornais, nos últimos dias: o problema da coleta de lixo. De fato, exceto nos lugares turísticos (!), podem ser vistas as "montanhas" de lixo acumulado, pelas esquinas...

Quero, no entanto, destacar as coisas boas que pude ver por lá. A simpatia das pessoas do local é um exemplo delas. Apesar de ter conhecido pouca gente, aquelas com quem tive contato me pareceram muito acolhedoras. Na noite de sexta-feira, 07/03, antes da pizzaria (conto depois... hehe), um ótimo programa foi conversar por um bom tempo com a "tia Flora", uma senhora simpatissíma, a quem pude dar a bênção por causa da doença que vem lhe acompanhando há um bom tempo... E, mais uma vez, agradeço ao Sr. Toninho, esposa e casal de filhos, a acolhida tão atenciosa. Além de me receberem com muito carinho, tiveram muita paciência (muita mesmo!) com o meu italiano mal falado... (risos).
O lugar onde dormi, uma pousada ao lado da casa dessa família, era algo de extraordinário, bem aos pés do Vesúvio. Ao abrir a janela do quarto, avistava o famoso vulcão bem a minha frente...! Nem preciso falar nada, não é mesmo? Obrigado...

Pompéia (em italiano, Pompei)

'Fantástico' é a palavra para definir esse local! Na verdade, Pompéia e o Vesúvio foram o grande motivo de minha viagem. Sempre escutei com atenção a famosa história da erupção que destruiu a cidade e, estando tão perto agora (a cidade fica a duas horas de Roma), não poderia deixar de conhecer.

Você não conhece a história de Pompéia? Vou tentar resumir. Pompéia foi uma cidade do Império Romano, completamente destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C. A erupção provocou uma intensa chuva de cinzas que deixou a cidade completamente soterrada, fazendo-a simplesmente "sumir do mapa". Pompéia era, portanto, na modernidade, uma cidade lendária, mantendo-se oculta por cerca de 1600 anos. Foi encontrada, por acaso. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico de valor extraordinário. Ali pode-se ter com uma clareza indescritível, a noção de como era a vida numa cidade da Roma Antiga, já que tudo permanece quase que intacto... Coisa impressionante de se ver são os corpos das vítimas da catástrofe moldados pela larva vulcânica, o que possibilitou que fossem encontrados da maneira e no local exatos onde morreram. Os cadáveres, em sua maioria, foram encontrados com as mãos no nariz. Isso porque se sabe que a população não chegou a presenciar a erupção propriamente dita, pois todos foram envenenados pelo gás tóxico liberado pelo vulcão, antes da erupção. Quando, finalmente, a larva devastou a cidade, todos já estavam mortos...

Toda a antiga cidade, hoje, encontra-se nas conhecidas Scavi di Pompei (escavações de Pompéia). Existe, porém, a atual cidade de Pompéia, com cerca também de 30.000 habitantes.

No sábado pela manhã, nosso programa era subir ao cume do Vesúvio, até a cratera! Ia ser demais! Mas a chuva não nos permitiu... Vou ter que voltar a Pompéia... (hehe). Não posso deixar de ver isso, não é mesmo?



Sim, é ele: o Vesúvio! Disseram que é muito difícil ver neve no cume. Pois, naqueles dias, nevou... Um carinho de Deus? Acho que sim...


O porto de Pompéia. Antes da erupção, o mar chegava até a entrada da antiga cidade. Ali, os navios paravam para descarregar as cargas ou simplesmente fazer uma pausa para continuarem a viagem.



Detalhe: avenidas e ruas da antiga cidade (acima e abaixo). Tudo quase intacto faz a gente voltar no tempo...





O jardim de uma casa da nobreza da época. As pinturas nas paredes conservam-se, em parte, até hoje. Dá para se ter uma idéia da beleza que eram há quase dois milênios atrás.

O anfiteatro da cidade e suas dependências (fotos acima e abaixo). Era uma espécie de Colosseo de Pompéia, pois servia para os mesmos fins: espetáculos públicos entre outros eventos.



O corpo de uma pessoa envenenada pelo gás tóxico expelido pelo vulcão. São corpos humanos mesmo, envolvidos pela larva vulcânica e, por isso, petrificados.


Os habitantes de Pompéia acreditavam que pulando os muros que cercavam a cidade, estariam libertos daquele tipo de "maldição". Diante do que restam das muralhas de Pompéia, podem ser vistos vários corpos de pessoas que, tentando fugir da cidade, morreram envenenadas ali. Eis o corpo de uma delas, o de uma criança...



Na saída das escavações, visão da torre da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, devoção muito comum em toda a região. Visitei a Igreja. Em seu interior, diferentemente de igrejas que se constituem como pontos turísticos, pode-se experimentar um profundo clima de recolhimento e oração.


Sorrento

Depois de passar cerca de quatro horas andando pelas escavações (e nem cansou, hein?!), pegamos o trem e fomos a Sorrento, outro paraíso na região. Todo pedaço da Itália conta uma história milenar. A cada estação em que o trem parava, era possível conhecer algo de interessante a respeito do local.

A cidade tem cerca de 15.000 habitantes e é uma preciosidade bem às margens do Mar Tirreno. O local atrai milhares de turistas, sobretudo, na época do verão. Numa posição estratégica do Golfo de Nápoles, de seu litoral pode se ver o Monte Vesúvio, a cidade de Nápoles, a ilha de Capri e as cidades circunvizinhas. Em Sorrento foi composta, em 1902, a mais famosa canção napolitana do mundo. Ainda, hoje, é possível escutá-la em várias partes, inclusive no Brasil. A música se chama Torna a Surriento. Para ouvi-la na voz de um dos maiores cantores da Itália, é só acessar o seguinte site:


Mar Tirreno, Golfo de Nápoles. Apesar do dia chuvoso, pode-se reconhecer a beleza do local. Ao fundo, vemos o Vesúvio.

Apesar de cidade litorânea com grande fluxo de turistas, a água é realmente límpida. Dizem que no verão, sob a luz do sol, é mais belo ainda. E eu acredito!


Minha passagem por Sorrento foi rápida e debaixo de chuva, mas ficou guardada no coração. Contemplar o mar foi algo muito bom... E, claro, melhor ainda foi tomar, em Sorrento, o verdadeiro sorvete napolitano! (hum... rs).





Castellammare di Stabia

Ao sul do Golfo de Nápoles, Castellammare di Stabia é uma cidade com cerca de 65.000 habitantes, que atrai milhares de turistas, tanto pela riqueza arqueológica que possui, como por suas termas. Conheci muito pouco da cidade, já que tive apenas dois dias para conhecer tudo. No entanto, fomos, à noite, numa cantina para comer a verdadeira pizza italiana. Conta-se que a pizza nasceu mesmo, ali naquela região. Posso dizer que provei e... gostei! (risos). É diferente da pizza "brasileira", mas tem um sabor todo especial!

Por fim, indico um site, pelo qual você poderá conhecer, via satélite, toda a região:


Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.

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