Caros amigos
Nesse 4º Domingo da Páscoa, Jesus toma um exemplo muito comum aos homens e mulheres de sua época para falar sobre o modo como Deus se relaciona conosco. Certamente, falando a nós homens e mulheres de hoje - ao menos a nós que habitamos em grandes cidades -, ele não utilizaria a figura do pastor de ovelhas. Jesus utilizava linguagem e imagens muito próximas do cotidiano das pessoas para as quais ele falava, de modo que sua mensagem fosse muito bem compreendida. Aí está o belo: reconhecer esse desejo que parte do coração do Senhor de tornar sua mensagem cada vez mais clara e acessível e, que por isso, chegue ao coração de todos, sem exceção. De fato, na época de Jesus, a figura do pastor de ovelhas era bem conhecida, desde os doutores da Lei até as pessoas mais simples do povo.
É importante lançarmos um olhar sobre esse "mundo" do pastoreio. Hoje, vamos observá-lo sobre dois aspectos: o ambiente em si e a relação pastor-rebanho.
Em relação ao ambiente em si, podemos dizer que o pastor, mesmo nos nossos dias, é aquele que cuida do local no qual as ovelhas se encontram, desde da verificação das pastagens onde comem para se certificar que sejam boas e próprias até os cuidados com a segurança e limpeza de onde dormem. E, tanto carinho e dedicação para que possam viver bem e permanecerem livres dos perigos que mais assolam esse tipo de ambiente: doenças e animais predadores, por exemplo.
Justamente pelo contato que mantém com suas ovelhas, o pastor cria com elas um relacionamento de confiança. E aqui está o segundo ponto de nossa reflexão. Pelo convívio diário, ele acaba conhecendo suas ovelhas, de modo que, é capaz de distinguir muito bem uma da outra e saber quando esta ou aquela não está muito bem. E o rebanho também é capaz de conhecer quando é o pastor que se aproxima, capaz de distingui-lo dentre outras pessoas que se aproximam! É verdade, sim, que as ovelhas conhecem a voz do Pastor e que lhe são muito mais dóceis que à voz de pessoas estranhas.
Pois bem. No Evangelho de hoje, em relação ao ambiente do pastoreio, o Senhor nos faz fixar a atenção à função da porta do redil. Ele mesmo nos diz: "Eu sou a porta". A porta do redil tem uma função importantíssima: é por ela que o rebanho é conduzido para as pastagens mais seguras e também é por ela que o rebanho tem o retorno assegurado para um repouso tranquilo. Ela é, portanto, uma via de acesso necessária a todo o rebanho. Por isso, Jesus também afirma a seu respeito: "Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem." É também a partir daí que podemos afirmar que a porta garante a vida do rebanho e, por isso também, ele afirma: "Eu vim para que tenham vida e a tenha em abundância."
Em relação ao relacionamento pastor-rebanho, Jesus também diz que "as ovelhas escutam a sua voz", que o pastor "chama as ovelhas pelo nome e as conduz, caminhando a sua frente" e que "as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz". Todas expressões para descrever a intimidade que se estabelece entre o pastor e seu rebanho. É por isso também que no versículo 11, o Senhor acabará dizendo: "Eu sou o bom pastor!".
Por fim, um outro item interessante a se observar no Evangelho desse 4º Domingo, é aquele por meio do qual o Senhor começa a narração: "Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas." Aqui, em outras palavras, está sendo dito que por essa porta só passa aquele que é verdadeiro pastor, ou seja, o pastor autêntico deve ter os mesmos sentimentos e atitudes em relação às ovelhas, deve amá-las e estar disposto a dar sua própria vida para que elas tenha vida, assim como o Senhor o fez. Por isso o Evangelho de hoje é também critério para todos aqueles que recebem a missão de serem pastores do povo de Deus. E é também por isso que a Igreja, nesse domingo, reza pelas vocações. Toda a pessoa que exerce para com o povo de Deus uma função, grande ou pequena, de "pastoreio" deve realizá-la por, com e em Jesus, a única porta pela qual se tem verdadeiro acesso ao rebanho.
Convido você, ao longo dessa semana, a rezar pelos nossos pastores para que sejam sinais vivos do Senhor da Vida para todo o rebanho que Deus lhes confia. Rezemos também para que todos cresçamos na intimidade com o Supremo Pastor, que conheçamos cada dia mais sua suave voz e que jamais nos separemos do rebanho que o tem como verdadeiro e único Pastor.
Boa semana todos!
Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.
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