Os capítulos 19 e 20 dos Atos dos Apóstolos são dedicados exclusivamente à narração da terceira viagem de Paulo que tem, sem sombra de dúvida, seu momento mais importante em Éfeso (cf. At 19). Paulo conclui essa terceira viagem quando retorna à Jerusalém (cf. At 21, 17). Essa seria a última vez que o Apóstolo veria a cidade santa. De fato, o Espírito Santo já o havia preparado para o que deveria lhe acontecer: "Agora, prisioneiro do Espírito, eis-me a caminho de Jerusalém; não sei qual há de ser lá a minha sorte, mas, em todo o caso, o Espírito Santo me atesta, de cidade em cidade, que cadeias e tribulações lá estão a minha espera" (At 20, 22-23).
É impressionante, no entanto, como o Apóstolo vive esse difícil momento de sua vida! Ao ler os versículos acima, pode ser que nosso coração tenha se enchido de tristeza e lamentação, mas não o de Paulo. De fato, ele continua seu discurso de despedida aos anciãos da Igreja de Éfeso, dizendo: "Aliás, eu na verdade não atribuo valor algum à minha vida; minha meta é levar a bom termo o meu trabalho e a missão que o Senhor Jesus me confiou: dar testemunho do Evangelho da graça de Deus." (At 20, 24). Dessa forma, os últimos capítulos dos Atos dos Apóstolos (21-28) – cuja leitura atenta, convido você, caro amigo leitor, a fazer – narram o longo processo judicial que o Apóstolo dos Gentios enfrentou até chegar em Roma, onde lá, segundo antíquíssima tradição, foi executado.
A fé e o amor inabaláveis de Paulo e o modo generoso como se entregou ao anúncio do Evangelho nunca deixarão de me impressionar profundamente. Mesmo sofrendo as conseqüências de sua opção pelo Evangelho, jamais abandonou sua fé. Pelo contrário, era capaz, ainda que submetido às mais duras provas, encorajar seus irmãos a trilhar o mesmo caminho: "Por isso recordo-te que tens de reavivar o dom de Deus que está em ti desde que te impus as mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, amor e domínio de si. Não te envergonhes, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor e não te envergonhes de mim, preso por causa dele. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus, que nos salvou e chamou com um chamamento santo, não por causa de nossas obras, mas por causa do seu próprio desígnio e de sua graça. (...) Eis porque suporto esses sofrimentos. Mas não me envergonho deles, pois sei em quem pus a minha fé e tenho a certeza de que ele tem o poder de guardar esse meu depósito até o grande Dia" ( 2 Timoteo 1, 6-9a.12).
Essa é a graça que eu peço a Deus! A graça de uma fé e amor tão grandes que nada nessa vida possa abalá-los. A graça de amar a Deus de tal modo que não procure outra coisa a não ser a sua glória. A graça de tornar seu nome conhecido e amado, nem que seja com o preço de minha própria vida! Sei que sou pequeno demais para isso tudo... E o Senhor sabe disso melhor do que eu! Mas também sei que tudo o que o Senhor pede de nós é apenas a docilidade de coração, o "sim" pronunciado diante das pequenas coisas de cada dia... E nessa tarefa, eu tenho me esforçado com todas as forças que possuo! Quero terminar minha vida (e oro para que você também o queira!) proclamando, com a mesma fé, as palavras daquele que transformou toda sua existência por amor ao seu Senhor: "Quanto a mim, eis que já fui entregue em sacrifício e o tempo de minha partida chegou. Combati o bom combate, terminei a minha carreira e guardei a fé". (2 Timoteo 4, 6-7)
Deus nos abençoe! São Paulo Apóstolo, rogai por nós!
Com afeto salesiano
Pe. Mauricio Miranda.
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