Retomando as postagens depois de um curto período de ausência, recordo que na postagem anterior havia relatado a ida de Paulo à Antioquia para auxiliar Barnabé na evangelização da Igreja que ali estava nascendo. Já em At 11,26 se lê que "... eles passaram um ano inteiro trabalhando juntos nesta Igreja e instruindo uma multidão considerável..."
O capítulo 12 dos Atos dos Apóstolos estabelece um "intervalo" na narração da história de Paulo para narrar a execução do Apóstolo Tiago e a prisão e libertação de Pedro. Mas a figura do Apóstolo dos gentios reaparece já no início do capítulo seguinte. Em At 13, 2-5a, lemos: "No dia em que eles celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: 'Reservai-me Barnabé e Paulo em vista da obra para a qual eu os destino'. Então , depois de terem jejuado e rezado e lhes terem imposto as mãos, despediram-nos. Vendo-se assim enviados em missão pelo Espírito Santo, Barnabé e Paulo desceram à Selêucia de onde navegaram para Chipre. Chegados a Salamina anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus."
Com o relato desse envio, inaugura-se a primeira viagem missionária de Paulo (47-48 d.C.). O Apóstolo percorrerá as cidades de Selêucia, Salamina e Pafos (na ilha de Chipre), Perge, Antioquia da Psídia, Icônio, Listra, Derbe, Atália, retornando à Antioquia da Síria e, depois, à Jerusalém por ocasião do Concílio que relatei na postagem anterior e do qual trata o capítulo 15 do livro dos Atos dos Apóstolos.
A maioria das cidades visitadas por Paulo em sua primeira viagem missionária pertencem, hoje, à Turquia. De todas essas cidades mencionadas, pude visitar com o grupo de estudos apenas a cidade de Icônio. É dela que falaremos a partir de então.
Icônio
Paulo e Barnabé chegaram a Icônio vindos de Antioquia da Psídia. Icônio era uma importante cidade comercial, capital de Licaônia, uma região da Ásia Menor. Foi conquistada pelos romanos em 133 a.C. e construída num ponto estratégico ao longo de uma das grandes estradas romanas que terminavam no Eufrates, aspecto que fazia Icônio abrigar cidadãos de várias nacionalidades que por ali passavam.
Em Icônio, encontrava-se uma numerosa comunidade judaica da Diáspora. O capítulo 14 dos Atos dos Apóstolos faz uma breve menção em seus primeiros sete versículos sobre a passagem de Paulo e Barnabé sobre essa cidade. Paulo e Barnabé, ao pregarem na sinagoga, converteram inúmeros judeus. No entanto, encontraram ali também um grande número daqueles que se opuseram radicalmente ao anúncio do Evangelho. Esses últimos fizeram tamanha oposição à ação de Paulo e Barnabé que eles tiveram que procurar refúgio nas cidades vizinhas de Listra e Derbe, distantes cerca de uns 40 kilometros dali. No entanto, o trecho dos Atos conclui dizendo que "lá também anunciaram a Boa Nova". (At 14,7). Sabe-se que Paulo retornou a Icônio pouco depois (cf. At 14,21) e que esteve novamente na cidade em sua segunda viagem missionária (cf. At 16,4).
De seu passado cristão, Icônio não possui quase nada nos dias de hoje. Li que apenas a 10 km da cidade ainda existem uma antiga igreja bizantina, além de ruínas de algumas igrejas rupestres. Nosso grupo de estudos passou meio período de um dia na cidade. Visitamos o Mausoléu de Mevlana, grande místico da religião islâmica. Depois celebramos a Eucaristia numa igreja católica dedicada a São Paulo Apóstolo. Tive a graça de presidir a Eucaristia naquele dia. Digo graça porque presidir a Eucaristia em lugar significativo para as origens da Igreja é realmente um presente especial de Deus. Mas os presentes estavam apenas começando...
Com afeto salesiano
Pe. Mauricio Miranda.
Fonte à entrada do Mausoléu (seu belíssimo interior não era permitido fotografar, dada a sacralidade do local para o islamismo)
Família de peregrinos à entrada do local
Fachada da Igreja de São Paulo, único templo católico da cidade.
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