quarta-feira, 25 de junho de 2008

O pecado - Conclusão


Chegamos ao final de nossa reflexão sobre a realidade do pecado. É preciso, no entanto, dizer que tudo o que abordamos nesse blog foi apenas um 'início de conversa', ou seja, um incentivo à reflexão e um grande convite para incluirmos esse assunto em nossas conversas com Deus. De fato, um dos pedidos da oração que Jesus nos ensinou é o "livrai-nos do mal" (cf. Mt 6, 9-13). A consciência do pecado e a luta que devemos travar contra ele são partes integrantes e inseparáveis da vida cristã. Espero de coração que esse blog tenha, de alguma forma, lhe ajudado a compreender melhor o assunto e, sobretudo, contribuído para que você crescesse em sua vida de oração!

De tudo quanto dissemos nas seis postagens sobre o assunto, gostaria de retomar dois pontos fundamentais para nossa conclusão. O primeiro deles nasce do confronto entre a experiência da imensidão do amor de Deus e da nossa falta de resposta a tanto amor: a necessidade de dizer 'não' ao pecado!

Um 'não' definitivo!

Eis o primeiro passo que Deus nos convida a dar: um 'não' definitivo ao pecado. Como vimos, isso não quer dizer que nunca mais sintamos dificuldade para sermos fiéis nem que nunca mais venhamos a pecar, mas significa uma decisão radical de não querer mais pecar. Esse primeiro e importante passo nasce da profunda necessidade que sentimos de responder com nossa vida ao amor que de Deus experimentamos. Se o pecado consiste em todo o tipo de falta contra o amor, só nos resta uma única atitude coerente diante disso: dizer não! Em outras palavras, implica dizer:



Senhor, eu me decido por Ti!

Agora já posso sentir e compreender
um pouco mais a grandeza de teu amor!
Não posso e não quero viver de outra forma
a não ser respondendo a ele!

Faz de minha vida uma resposta de amor, Senhor!
Por isso, diante de Ti, eu digo um 'não' definitivo
a toda ausência de amor
para contigo e para com os outros!

Sim, eu me decido pelo Amor!
Ajuda-me, Senhor, a ser coerente com essa decisão!

Amém.


O segundo ponto é conseqüência do primeiro. Quando tomamos a firme decisão de dizer não ao pecado, vamos compreendendo que será preciso dizê-lo todos os dias. Isso mesmo! Não basta dizer apenas uma vez! E por que? Porque o 'não' ao pecado se traduz numa batalha diária por causa de tudo quanto já dissemos nas postagens anteriores. Mas você pode se perguntar: devo lutar contra quem ou contra o que?

Livrai-nos do Mal

Nesse pedido expresso na oração do Senhor, o mal não é compreendido de modo abstrato, ou seja, quando rezamos "livrai-nos do mal", não estamos pedindo que Deus nos livre do mal em geral, mas sim, de uma pessoa: Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus!

Aqui tocamos num ponto onde muita gente "torce o nariz" quando escuta esse tipo de discurso. Desculpem-me essas pessoas, mas falo daquilo que diz nossa fé católica, amparada nas Escrituras e na Tradição da Igreja. Volto a dizer: no pedido da oração do Pai-nosso, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa: Satanás.

Com isso, ninguém está querendo semear medo no coração das pessoas, mas ensiná-las como agir se quiserem ser vencedoras na luta contra o pecado. Não é preciso, por isso, ter medo de Satanás, mas se faz necessário admitir sua existência e ação para entender o sentido de nossa luta. De fato, o Apóstolo nos explica que tipo de batalha travamos quando nos diz: "revistam-se da armadura de Deus para que possam resistir aos ataques do diabo. A nossa luta não é contra as forças humanas, mas contra as autoridades, contra as potestades, contra os dominadores desse mundo de trevas, contra os espíritos do mal espalhados nos ares." (Ef 6,11-12).

Por que é importante compreender tudo isso? Porque quando dizemos que nos decidimos lutar contra o pecado, não estamos afirmando que é uma batalha que travamos contra nós mesmos, contra nossas próprias concupiscências (lembra-se dessa palavra?). Como dissemos, a concupiscência não pode, por si mesma, nos levar a pecar. A raiz de todo o pecado é, na verdade, o Maligno que, sabendo de tais inclinações, nos seduz a ponto de cedermos livremente a elas. Por isso também pedimos na oração do Senhor: "e não nos deixeis cair em tentação" (cf. Mateus 6, 9-13).

Por fim, é importante estarmos certos que nos foram dados meios suficientes para vencer essa luta, que fortalecem nossa vontade de nos manter fiéis ao Amor. Dentre eles, eu recordo dois considerados fundamentais: o Sacramento da Reconciliação (conhecido por confissão) e o Sacramento da Eucaristia. E por que são fundamentais? Porque a partir do momento em que são celebrados (esses dois e os outros cinco sacramentos), o poder de Cristo e de seu Espírito agem neles e por meio deles. Ora, a vitória sobre Satanás foi alcançada pela morte e ressurreição de Cristo! Ele é o caminho de nossa vitória! É por Ele que devemos nos decidir sempre!

Termino aqui nossas postagens sobre o pecado. Mais uma vez lhe digo que, espero de coração, que essas poucas palavras tenham lhe ajudado a compreender melhor a fé católica e a crescer em santidade, já que "essa é a vontade de Deus: a vossa santificação" (1 Tessalonicenses 4,3).

Deus te abençoe!

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.

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