sábado, 7 de junho de 2008

O pecado - Parte 1




Dedicar várias postagens ao tema do pecado é, sem dúvida alguma, um ato de coragem. Sabe por que? Porque não creio que exista uma palavra mais fora de moda do que esta, hoje em dia... Imagine você alguém entrando pela primeira vez nesse blog e avistando, logo de cara, a primeira postagem com o título "O pecado". É bem provável que não tenha nem vontade de ler pensando que se trata de uma lista de proibições e condenações do tipo "não faça isso que Deus castiga..." No caso de um blog assinado por um padre, pode ser que a coisa só complica mais... rs

O fato é que as pessoas, em geral, perderam a real noção do pecado e de seu alcance, preferindo viver como se ele não existisse ou distorcendo completamente o seu sentido. Assim, encontramos, de um lado, aqueles que pregam a filosofia do "libera geral" que, de livre - digamos a verdade - não tem nada. E, do outro lado, estão aqueles que distorcem o significado da palavra, acreditando ser possível provar "o doce sabor do pecado"; a julgar pelo modo como acabam vivendo, parece que estão sempre com indigestão...

Tentaremos resgatar, aqui, o sentido dessa palavra. Não lhe peço que acredite imediatamente nas coisas que verá escritas aqui, mas procure lê-las com atenção, refletir com o coração e tirar suas próprias conclusões. Bem, mais uma coisa não posso esconder de você... Você não está sozinho diante do computador. Tem um grande Amigo (cf. João 15,15) que lhe acompanha nessa leitura. Se ao longo dela, você perceber que Ele lhe sopra algumas palavras "ao pé do ouvido", pare imediatamente e procure escutá-lo, está bem? Então, vamos lá!

Por que depois de tantas postagens sobre a Misericórdia, começamos a falar do pecado? É que ambos os assuntos estão intimamente ligados um ao outro. Falar de um é necessariamente tratar de outro. Espero que com essas postagens de agora, você consiga compreender o por quê!

Mas o que é o pecado?

Não é possível responder a essa pergunta sem que antes tenhamos feito uma real experiência do amor de Deus. Por isso muitas pregações que fazemos não alcançam o resultado desejado. Começamos pelo lado errado! Queremos que as pessoas entendam o que é o pecado sem antes levá-las a descobrir a maior e mais bela verdade de nossas vidas: todos somos amados por Deus!

Evangelho significa "boa notícia de Deus". Não podemos nos esquecer que somos portadores de uma grande e alegre novidade da parte de Deus à vida das pessoas. A primeira coisa da qual Deus deseja nos convencer não é que somos pecadores, mas sim, que somos seus filhos amados. Fazer a experiência desse amor é fundamental! Permitir que esse amor nos devolva o sentido da nossa vida é o único e grande querer de Deus!

E sabe por que? Porque quanto mais experimentamos o amor de Deus, mais vamos sentindo a necessidade de amá-lo também. Não há outra forma de corresponder a tanto amor senão amando-o também! É, então, quando descobrimos que "amor com amor se paga" e, enfim, procuramos transformar tudo o que somos e vivemos numa grande resposta de amor!

A partir disso, podemos definir o pecado como sendo o ato pelo qual nos negamos a responder ao amor de Deus por nós. Como vimos, "Deus é Amor" (I Jo 4,8) e, portanto, toda a falta de amor é, em si, um desprezo à pessoa de Deus.

Isso, além de triste, é extremamente grave! Quando digo extremamente grave, minha intenção não é lhe deixar com medo porque Deus não quer que tenhamos medo dele, mas a gravidade está no fato de que estamos sendo profundamente mal-agradecidos a um amor totalmente gratuito... Como podemos continuar querendo agir assim?!

De fato, quando deseja nos convencer do pecado, Deus introduz o medo em nosso coração, pois quem ama não pode sentir medo. Compreender o pecado como uma imensa falta de amor a Deus significa reconhecer que temos sido extremamente ingratos, com uma ingratidão que fere o coração de Deus e também o nosso...

Por isso lhe convido a dar um primeiro passo de libertação! Isso mesmo! Convido-lhe a libertar-se do medo de Deus, do medo de ir para o inferno, do medo de ser castigado, enfim, de todo e qualquer medo que tenhamos de Deus ou das coisas que se referem a Ele. Definitivamente, Deus não quer que tenhamos medo! O que nos leva a nos decidir por não mais pecar não é o medo que sintamos, mas a convicção de que o pecado é uma ofensa grave ao amor de Deus por nós.
"No amor não há temor,
pois o amor perfeito joga fora o temor porque o temor implica castigo
e quem teme não é perfeito no amor.
Nós, porém,
amamos porque Ele nos amou primeiro."
(I Jo 4,18-19).

Quero concluir essa postagem de hoje, sugerindo que você reflita um pouco sobre sua falta de amor. Todos nós pecamos. "Se dissermos: 'Não temos pecado', enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Mas ao contrário, se confessamos os nossos pecados, Ele que é fiel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda a injustiça" (I Jo 1,8-9).

Termine essa postagem fazendo uma breve oração com suas próprias palavras. Comece pedindo desculpas a Deus por não responder como deveria ao grande carinho que Ele tem por você. Se ainda sente medo dele, peça que o liberte disso e que dê a seu coração um renovado amor, um amor capaz de sacrificar-se, se preciso for, para nunca desprezá-lo, para nunca esquecer o grande e verdadeiro amor de sua vida: Deus.

Boa conversa com Ele...

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário