Li várias coisas a respeito da visita do Santo Padre à Austrália e de sua participação na 23ª Jornada Mundial da Juventude. Todos os discursos pronunciados por Sua Santidade podem ser encontrados no site http://www.vativan.va/
Quero, no entanto, partilhar com você que me acompanha por este blog, apenas um dos discursos de Bento XVI aos jovens. E por que escolhi esse para partilhar? Em primeiro lugar pelo tema escolhido e pelo modo como o Santo Padre o abordou. É um texto muito claro e redigido com palavras de afeição paterna indescritíveis! Em segundo lugar, por causa do público para o qual ele se dirigia: falava aos jovens de um clínica de recuperação... No entanto, são palavras que alcançam o coração de muita gente... O texto é um pouco longo, mas vale a pena lê-lo, relê-lo, meditá-lo e permitir que Deus lhe fale por meio dele.
Boa leitura e fecunda oração...
Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.
VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA BENTO XVI A SIDNEY (AUSTRALIA)
POR OCASIÃO DA XXIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
(13 - 21 DE JULHO DE 2008)
ENCONTRO COM OS JOVENS DA COMUNIDADE DE RECUPERAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE NOTRE DAME DE SIDNEY
DISCURSO DO SANTO PADRE BENTO XVI
Sexta-feira, 18 de Julho de 2008
Caros jovens amigos,
É com prazer que me encontro hoje com vocês, aqui em Darlinghurst, e de coração saúdo a todos aqueles que participam no programa «Alive» e ainda ao pessoal que o administra. Elevo a minha oração para que todos vocês possam se beneficiar deste apoio que a Social Services Agency da arquidiocese de Sidney coloca à disposição de vocês, e para que o bem que aqui se realiza dure por muito tempo no futuro.
O nome do programa que vocês seguem nos leva a formular esta pergunta: Que quer dizer realmente estar “vivo”, viver plenamente a vida? Isto é o que todos nós queremos, especialmente na juventude, e é isto o que Cristo quer para nós. Assim falou Ele: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). O instinto mais profundo em todo o ser vivo é conservar a vida, crescer, desenvolver-se e transmitir aos outros o dom da vida. Conseqüentemente é de muito natural se perguntar sobre o modo melhor que há para realizar tudo isto.
Esta questão era tão importante para quantos viviam no Antigo Testamento com o é para nós hoje. Sem dúvida ouviam com atenção quando Moisés lhes disse: “Coloco diante de ti a vida e a morte, a felicidade e a maldição. Escolhe a vida, e então viverás com toda a tua posteridade. Ama o Senhor, teu Deus, escuta a sua voz e permanece-Lhe fiel, porque Ele é a tua vida” (Dt 30, 19-20). Era claro o que tinham de fazer: deviam afastar-se dos outros deuses e adorar o verdadeiro Deus que se tinha revelado a Moisés e deviam obedecer aos seus mandamentos. Talvez no pensamento de vocês pareça ser difícil que, no mundo atual, as pessoas adorem outros deuses. Mas, às vezes as pessoas adoram “outros deuses” sem se dar conta disso. Os falsos “deuses” – independentemente do nome, da imagem ou da forma que lhes atribuamos – estão quase sempre ligados à adoração de três realidades: os bens materiais, o amor possessivo e o poder. Deixem-me explicar o que pretendo dizer.
Em si mesmos, os bens materiais são bons. Não poderíamos sobreviver por muito tempo sem dinheiro, vestuário e uma casa. Para viver, temos necessidade de alimento. Mas, se formos gananciosos, se recusarmos partilhar o que temos com o faminto e o pobre, então transformamos estes bens numa falsa divindade. Quantas vozes se levantam na nossa sociedade materialista dizendo-nos que a felicidade se encontra conservando a maior quantidade possível de bens e de objetos de luxo! Mas isto significa transformar os bens em falsas divindades. Em vez de nos trazer a vida, nos levam à morte.
O amor autêntico é certamente uma coisa boa. Sem ele, a vida dificilmente seria digna de ser vivida. O amor dá satisfação à nossa carência mais profunda; e, quando amamos, nos tornamos mais nós mesmos, nos tornamos humanos de forma mais plena. E, porém, como se pode facilmente transformar o amor numa falsa divindade! As pessoas muitas vezes pensam que estão amando, quando na realidade procuram possuir ou manipular o outro. Por vezes tratam-se os outros mais como objetos para satisfazer as próprias necessidades do que como pessoas que se devem prezar e amar. Como é fácil ser enganado por tantas vozes que, na nossa sociedade, defendem um uso permissivo da sexualidade, sem qualquer consideração pela modéstia, pelo respeito de si mesmo e pelos valores morais que conferem qualidade às relações humanas! Isto é adorar uma falsa divindade. Em vez de nos trazer a vida, leva-nos à morte.
O poder que Deus nos deu para plasmar o mundo que nos rodeia é certamente uma coisa boa. Utilizado de modo apropriado e responsável, nos permite transformar a vida das pessoas. Todas as comunidades têm necessidade de guias capazes. Como é forte, porém, a tentação de se agarrar ao poder por si mesmo, de procurar dominar os outros ou explorar o ambiente natural para os próprios interesses egoístas! Isto é transformar o poder numa falsa divindade. Em vez de nos trazer a vida, leva-nos à morte.
O culto dos bens materiais, o culto do amor possessivo e o culto do poder levam muitas vezes as pessoas a “comportar-se como se fossem Deus”: procurar assumir o controle total, sem ter qualquer consideração pela sabedoria ou pelos mandamentos que Deus nos deu a conhecer. Este é o caminho que conduz à morte. Pelo contrário, a adoração do único Deus verdadeiro significa reconhecer n’Ele a fonte de tudo o que é bem, nos entregar a Ele, nos abrir à força regeneradora da sua graça e obedecer aos seus mandamentos: este é o caminho para quem escolhe a vida.
Um exemplo que explica o que significa afastar-se do caminho da morte para tomar o caminho da vida, nós o encontramos numa página do Evangelho que todos vocês – estou certo – bem conhecem: a parábola do filho pródigo. Ao início da narração, quando aquele jovem deixou a casa de seu pai, andava a procura dos prazeres ilusórios prometidos pelos falsos “deuses”. Gastou a sua herança numa vida de vícios, acabando num estado de extrema pobreza e de miséria. Tendo tocado o fundo, esfomeado e abandonado, compreendeu como tinha errado em deixar seu pai que o amava. Humildemente regressou a casa e pediu perdão. Cheio de alegria, o pai abraçou-o e exclamou: “Este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e encontrou-se” (Lc 15, 24).
Muitos de vocês experimentaram pessoalmente a vivência por que passou aquele jovem. Talvez tenham feito escolhas de que agora vocês se lamentam, decisões essas que levaram vocês um caminho que, embora então pudesse apresentar-se como atraente, na verdade lhes conduziu apenas para um estado ainda mais profundo de miséria e solidão. A decisão de abusar de droga ou álcool, de entrar em atividades que matam os outros ou a vocês mesmos pôde então aparecer como um caminho para sair duma situação de dificuldade ou de confusão. Agora sabem que, em vez de trazer a vida, levou à morte. Reconheço a coragem demonstrada quando decidiram regressar ao caminho da vida, precisamente como o jovem da parábola. Aceitaram a ajuda: dos amigos ou dos familiares, do pessoal do programa «Alive», de quantos têm vivamente a peito o vosso bem-estar e a vossa felicidade.
Em vocês, queridos amigos, vejo embaixadores de esperança para quantos se encontram em idênticas situações. Podem convencê-los da necessidade de optar pelo caminho da vida e fugir do caminho da morte, porque falam com base na experiência. Em todos os quatro Evangelhos, vemos aqueles que tomaram decisões erradas ser particularmente amados por Jesus, porque, quando se deram conta do seu erro, abriram-se mais do que os outros à sua palavra regeneradora. Na verdade, Jesus foi freqüentemente criticado por falso-justos, porque passava muito tempo em companhia de tais pessoas. “Como é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?” – perguntavam. E Ele respondia: “Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes; (…) não vim chamar os justos mas os pecadores” (cf. Mt 9, 11-13). Aqueles que desejavam reconstruir a sua vida eram os que se mostravam mais disponíveis para ouvir Jesus e se tornar seus discípulos. Vocês podem seguir as suas pegadas e sentir uma particular proximidade a Jesus, precisamente porque decidiram regressar a Ele. Podem estar certos de que Jesus, como fez o Pai na narração do filho pródigo, lhes acolhe de braços totalmente abertos. Oferece a vocês o seu amor incondicional: e é na profunda amizade com Ele que se encontra a plenitude da vida.
Disse atrás que, ao amarmos, damos satisfação às nossas carências mais profundas e nos tornamos mais nós mesmos, nos tornamos humanos de forma mais plena. Amar é aquilo para que estamos programados, aquilo para que fomos projetados pelo Criador. Naturalmente não estou a falar de relações passageiras, superficiais; falo do verdadeiro amor, que é a raiz da doutrina moral de Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças” e “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (cf. Mc 12, 30-31). Tal é, por assim dizer, o programa consolidado no íntimo de cada pessoa, bastando-nos ter a sabedoria e a generosidade para nos conformarmos a ele, estar dispostos a renunciar às nossas preferências para nos colocarmos ao serviço dos outros, dar a nossa vida pelo bem dos outros e, em primeiro lugar, por Jesus que nos amou e deu a sua vida por nós. Isto é o que os homens são chamados a cumprir; é o que significa estar realmente “vivo”.
Prezados jovens amigos, a mensagem que hoje vos dirijo é a mesma que Moisés formulou há tantos anos: “Escolhe a vida, para que possas, tu e a tua posteridade, viver amando o Senhor teu Deus”. Que o seu Espírito guie vocês pelo caminho da vida, obedecendo aos seus mandamentos, seguindo os seus ensinamentos, abandonando as opções erradas que só levam à morte e lhes comprometendo a serem amigos de Jesus Cristo para toda a vida. Com a força do Espírito Santo, escolham a vida, escolham o amor e sejam diante do mundo testemunhas da alegria que daí jorra. Esta é a minha oração por cada um de vocês nesta Jornada Mundial da Juventude. Deus abençoe a vocês todos!
Eu estava procurando fotos do castelo dos Windsor,quando me deparei com seu blog,sem saber fui lendo,olhando...Foi me dando uma paz,uma vontade de orar,de entrar em comunhão com DEUS; aí li que você é padre e entendi tudo...Obrigada pelo blog...orei,agradeci...continue seu caminho abençoando mais pessoas e levando DEUS a elas.Feliz Pascoa com DEUS...Vanderlene Pulsz
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