quarta-feira, 16 de julho de 2008

XXIII Jornada Mundial da Juventude - Parte 2


"Receberão a força do Espírito Santo, que virá sobre vocês, e serão minhas testemunhas." (At 1,8)

Enquanto acompanhamos pela oração todos os acontecimentos desses dias em Sidnei, vamos pelo blog avançando na reflexão proposta pelo papa Bento XVI, aos jovens do mundo inteiro, como preparação para a 23ª edição da Jornada Mundial da Juventude. Na postagem anterior, vimos que uma das três grandes finalidades do grande caminho preparatório à JMJ 2008, realizado pela Igreja nos dois últimos anos, era a de “reconhecer a verdadeira identidade do Espírito, em primeiro lugar ouvindo a Palavra de Deus na Revelação da Bíblia”.

Que significa “reconhecer a verdadeira identidade do Espírito”? É, em outras palavras, conhecer (até onde isso for possível para nossa natureza limitada) a realidade de Deus. É impressionante a audácia com que nosso jovem Papa convida os jovens do mundo inteiro a conhecerem a Deus! Usa para mostrar que não se trata de um conhecimento qualquer ou superficial, duas palavras muito expressivas: verdadeira identidade. Verdadeira identidade significa aquilo que, de fato, Deus é em si mesmo!

E como nós podemos conhecer a Deus nessa profundidade? Em primeiro lugar, por um dos caminhos por meio do qual Ele mesmo quis se revelar a nós: a Sagrada Escritura. Por isso, em sua mensagem preparatória, o Papa Bento XVI faz uma breve reflexão sobre a revelação da pessoa do Espírito Santo na Sagrada Escritura. Se me permitem, transcrevo abaixo, o texto na íntegra, já que o considero claro por si mesmo. Convido você a lê-lo e a relê-lo: é um verdadeiro tesouro! Que o Espírito Santo nos auxilie, pela meditação das Escrituras, a conhecer a sua verdadeira identidade!

A gente se vê amanhã!

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.


A promessa do Espírito Santo na Bíblia

A escuta atenta da Palavra de Deus a respeito do mistério e da obra do Espírito Santo nos introduz em conhecimentos vastos e estimulantes, que resumo nos seguintes pontos.

Pouco antes da sua ascensão, Jesus disse aos discípulos: "Eu vou mandar sobre vós o que meu Pai prometeu" (Lc 24, 49). Isto se realizou no dia do Pentecostes, quando eles estavam reunidos em oração no Cenáculo com a Virgem Maria. A efusão do Espírito Santo na Igreja nascente foi o cumprimento de uma promessa de Deus, muito mais antiga, anunciada e preparada em todo o Antigo Testamento.

De fato, desde as primeiras páginas, a Bíblia evoca o espírito de Deus como um sopro que "se movia sobre a superfície das águas" (cf. Gn 1, 2) e explica que Deus insuflou pelas narinas do homem um sopro de vida (cf. Gn 2, 7), infundindo-lhe assim a própria vida. Depois do pecado original, o Espírito vivificador de Deus se manifestará diversas vezes na história dos homens, suscitando profetas para levar o povo eleito a voltar para Deus e a observar fielmente os seus mandamentos. Na célebre visão do profeta Ezequiel, Deus faz reviver com o seu Espírito o povo de Israel, representado por "ossos dissecados" (cf. Ez 37, 1-14). Joel profetiza uma "efusão do espírito" sobre todo o povo, sem excluir ninguém: "Depois disto - escreve o Autor sagrado - acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne... Naqueles dias, derramarei também o meu Espírito sobre os escravos e as escravas" (Joel 3, 1-2).

Na "plenitude dos tempos" (cf. Gl 4, 4), o anjo do Senhor anuncia à Virgem de Nazaré que o Espírito Santo, o "poder do Altíssimo", descerá e estenderá sobre Ela a sua sombra. Aquele que Ela dará à luz será, portanto, santo e chamado Filho de Deus (cf. Lc 1, 35). Segundo a expressão do profeta Isaías, o Messias será Aquele sobre o qual se repousará o Espírito do Senhor (cf. Is 11, 1-2; 42, 1). Jesus retomou precisamente esta profecia no início do seu ministério público na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor - disse Ele, no meio da admiração dos presentes - está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar da vista; para mandar em liberdade os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4, 18-19; cf. Is 61, 1-2). Dirigindo-se aos presentes, referirá a si mesmo estas palavras proféticas, afirmando: "Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabastes de ouvir" (Lc 4, 21). E antes da sua morte na cruz, ainda anunciará várias vezes aos discípulos a vinda do Espírito Santo, o "Consolador", cuja missão consistirá em dar-lhe testemunho e ajudar os fiéis, ensinando-os e orientando-os para a Verdade plena (cf. Jo 14, 16-17.25-26; 15, 26; 16, 13).

O Pentecostes, ponto de partida da missão da Igreja

À noite, no dia da sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos, "soprou sobre eles e disse-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo’ " (Jo 20, 22). Com força ainda maior, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos no dia do Pentecostes: "Subitamente ressoou, vindo do Céu - assim se lê nos Atos dos Apóstolos - um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram, então, aparecer umas línguas de fogo, que se iam dividindo, e pousou sobre cada um deles" (Atos 2, 2-3).

O Espírito Santo renovou interiormente os Apóstolos, revestindo-os de uma força que os tornou corajosos para anunciar sem medo: "Cristo morreu e ressuscitou!". Livres de todo o temor, eles começaram a falar com franqueza (cf. At 2, 29; 4, 13; 4, 29.31). De pescadores amedrontados, tornaram-se corajosos anunciadores do Evangelho. Nem sequer os seus inimigos conseguiam compreender como homens "iletrados e plebeus" (cf. At 4, 13) eram capazes de manifestar uma coragem como esta e suportar as contrariedades, os sofrimentos e as perseguições com alegria. Nada podia detê-los. Para aqueles que procuravam reduzi-los ao silêncio, respondiam: "Quanto a nós, não podemos deixar de afirmar publicamente o que vimos e ouvimos" (At 4, 20). Assim nasceu a Igreja, que a partir do dia do Pentecostes não cessou de irradiar a Boa Nova "até aos confins do mundo" (At 1, 8).

(trecho extraido da mensagem de Bento XVI aos jovens, aos 20.07.2007)

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