quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A participação do jovem

Gostaria de saber como faço para que os jovens possam celebrar de fato a missa. Pois as pessoas mais velhas da comunidade reclamam que os jovens não participam...
(Fernandes, São Paulo)

Caro Fernandes,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

A resposta à sua questão contempla uma dimensão subjetiva e outra objetiva que merecem ser consideradas. Primeiramente, é difícil mensurar quando uma pessoa participa "de fato" ou não de uma Celebração Eucarística, já que só Deus é capaz de sondar os corações. Objetivamente, no entanto, podemos colaborar para que as pessoas celebrem de maneira mais ativa e efetiva a fé que professam.

Penso que uma coisa importante a se fazer é a promoção uma boa catequese sobre a natureza e finalidade da Santa Missa. Para os jovens, momentos de formação como esse podem ser realizados durante mesmo as reuniões do grupo; isso se o jovem já não participa de grupo específicos de preparação aos Sacramentos, onde seria o local ais adequado para tanto. O fato é que quanto mais crescemos na consciência do que celebramos, tanto mais aprenderemos a colocar o coração e a vida nisso!


Depois desse passo fundamental, outra opção interessante é convidar o jovem para exercer funções específicas em torno da celebração. Por sua natureza, a Santa Missa - bem como todas as celebrações litúrgicas em geral - requer a participação ativa e efetiva de todos e cada um dos fiéis. Que tal envolver os jovens na dinâmica do "antes-durante-depois"? Isso implica motivá-lo a contribuir com os preparativos da celebração, exercer funções durante a realização da mesma, de modo que tudo lhe favoreça a compreensão de que o momento celebrativo não termina com a bênção final, mas se prolonga numa vida que procura traduzir em atos de vida tudo aquilo que se celebra.

Em relação aos comentários das "pessoas mais velhas da comunidade", é preciso considerar duas coisas importantes: 1) perguntar o que tais pessoas compreendem por "participar de fato" da Santa Missa é fundamental para entender que tipo de "cobrança" pretendem fazer; 2) considerar se tais pessoas entendem o universo juvenil a ponto de compreenderem alguns posicionamentos ou reações da juventude durante os momentos de celebração. Em suma, você precisará promover o diálogo entre os vários grupos de sua comunidade com a presença juvenil, da qual me parece ser você um animador.

Para tanto, não existem receitas prontas. Porém, de uma coisa temos certeza: a Igreja se tornará mais jovem somente quando o jovem se tornar Igreja! E por isso não desanimamos de nossa missão: colaborar com a ação de Deus que, amando os jovens, os convoca a serem sinais do seu amor à vida de tantos outros.

Um abração, meu amigo!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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Um amigo de Deus [30.09]

São Jerônimo, Presbítero e Doutor da Igreja

Nasceu em Estridão (Dalmácia) cerca do ano 340. Estudou em Roma e aí foi batizado. Tendo abraçado a vida ascética, partiu para o Oriente e foi ordenado sacerdote. Regressou a Roma e foi secretário do papa Dâmaso. Nesta época começou a revisão das traduções da Sagrada Escritura para o latim e promoveu a vida monástica. Mais tarde, estabeleceu-se em Belém, onde continuou a tomar parte muito ativa nos problemas e necessidades da Igreja. Escreveu muitas obras, principalmente comentários à Sagrada Escritura. Morreu em Belém no ano 420.



Ó Deus, que destes ao presbítero São Jerônimo profundo amor pela Sagrada Escritura, concedei ao vosso povo alimentar-se cada vez mais da vossa palavra e nela encontrar a fonte da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A adolescência de Jesus

Percebo uma lacuna na história da vida de Jesus. Por que não existem escritos da fase da adolescência?
(Simone, 36 anos, São Paulo)



Cara Simone,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

De fato, essa "lacuna" é sentida nos quatro evangelhos. Apenas o escrito de Lucas é que faz uma menção bem sutil aos anos compreendidos entre o nascimento de Jesus e os do início de seu ministério público: "Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens." (Lc 2,52). Mesmo assim, esse versículo do Evangelho de Lucas parece querer frisar a plena harmonia existente entre a natureza divina e humana na pessoa do Verbo encarnado, mais do que propriamente dar notícias de sua vida durante aquele período.

Embora existam muitas teorias para a interpretação dessa "lacuna", não é difícil de admitir que a intenção dos evangelhos não é oferecer ao leitor uma biografia de Jesus (no rigor do termo, os evangelhos não podem ser considerados como uma obra de caráter "histórico"). O objetivo principal pelo qual eles foram escritos foi o de anunciar a Boa Notícia (em grego, evangelho) de Deus que se fez homem e veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14).

A infância de Jesus é abordada - de modo especial em Lucas, mas também em alguns acenos em Mateus - porque ligada diretamente ao mistério da Encarnação do Verbo, mistério que é tratado de maneira muito mais bem elaborada, do ponto de vista teológico, na introdução do Evangelho de João. Em outras palavras, o mistério da Encarnação, fundamental para nossa salvação, é o que parece justificar a abordagem direta ou não dos anos da infância do Salvador.

Em seguida, passa a interessar ao leitor o início e desenvolvimento do ministério público de Jesus que culmina em sua paixão, morte e ressurreição. E, nesse sentido, os quatro evangelhos fornecem inúmeros detalhes narrativos. E não poderia ser diferente, não é mesmo?

Em suma, os evangelhos trazem somente e tão somente aquilo que nos é necessário conhecer para a salvação. Eles são, cada um a seu modo, o anúncio de uma grande notícia que transformou e continua a transformar a vida de toda a pessoa humana!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O discípulo amado

O discípulo mais amado de Jesus, conforme as Escrituras, era João. Por que ?
(Simone, 36 anos, São Paulo)



Cara Simone,
Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

Antes de entrarmos no assunto que você nos propõe, é necessário fazer duas observações preliminares a respeito de sua pergunta.

A primeira é que me parece incorreto utilizar a expressão "mais amado" para se referir ao discípulo mencionado nos escritos joaninos. Tal personagem é sempre mencionado como o "discípulo amado" e não como "o mais amado". Por mais irrelevante que possa parecer essa observação, ela faz muita diferença quando estamos realizando interpretação bíblica.

A segunda observação é que em sua pergunta, você parece sugerir - se bem entendi - que o discípulo amado era João, um dos Doze. Ao menos, é com o Apóstolo que o senso comum costuma identificar o "discípulo amado" da Escritura. Porém, a exegese atual não tem tanta certeza disso...

Na verdade, a figura do "discípulo amado" é um personagem muito controvertido, sobre o qual existem várias interpretações. Não há porém um consenso entre os estudiosos em identificá-lo com este ou aquele discípulo. Em suma, nos estudos atuais, o "discípulo amado" permanece ainda um mistério. É, sem dúvida, um tema desafiador e muito interessante para se estudar!

Precisaríamos de várias postagens para explicar as diversas teorias sobre o assunto. Como esse não é o objetivo de nosso blog, depois de lhe fazer estas observações que julgo importantes, lhe proponho a leitura de obras que se dedicam ao aprofundamento da questão. São inumeros os livros com esse intento, porém lhe indico um que, penso, pode lhe ajudar a entender melhor a questão:

Brown, R.E., A comunidade do discípulo amado, São Paulo, Paulinas, 1992 (2ª ed.).


Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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domingo, 27 de setembro de 2009

26º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 2009

Evangelho (Marcos 9,38-43.45.47-48)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo São Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39 Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor. 41 Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42 E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43 Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45 Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47 Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48 onde o 'verme não morre, e o fogo não se apaga'”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a Vós, Senhor!



Jesus se encontra em plena atividade missionária fora da região da Galiléia (cf. Mc 7,24 - 10,52). É a grande demonstração da ação do Reino que avança! O trecho que acabamos de ler faz parte desse grande momento do ministério de Jesus e traz consigo uma série de recomendações aos discípulos.

Os discípulos são convidados a acolherem o que contribui para o avanço do Reino e a eliminar aquilo que atrapalha seu crescimento. É assim que vemos de maneira análoga ao que acontece entre Josué e Moisés (cf. Nm 11,28), João que denuncia a Jesus o fato de haver pessoas fazendo o bem em seu nome, mas que não pertenciam a seu grupo. Diante dessa observação, Jesus ensina os discípulos que o Reino de Deus não obedece à lógica humana e que Deus se utiliza de todos os homens de boa vontade para levar avante seu plano de salvação.

Por outro lado, também os ensina que tudo aquilo que atrapalha o avanço do Reino deve ser evitado e lançado fora. Para tanto, Jesus, por meio de exemplos fortes, compara a vida da Igreja à de um corpo: se existe algum membro que coloca em sério perigo a vida de todo o organismo, este deve ser lançado à parte.

Da mesma maneira que para a saúde física, devemos buscar o equilíbrio entre o que nos favorece e aquilo que nos atrapalha, assim acontece na vida da Igreja: agregar o que contribui e renunciar a tudo o que desagrega.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Audiência Geral com o Papa [16.09.2009]

Caros amigos,

Nessa manhã, em audiência geral aos peregrinos no Vaticano, o Papa Bento XVI continuou sua série de catequeses, nas quais tem apresentado figuras muito importantes da história da Igreja. Hoje foi a vez de Simão, o Novo Teólogo. Creio que seja muito opotuno, nos nossos dias, o que nos ensina esse importante monge do século XI. Por isso, abaixo, segue o discurso do Papa, na íntegra.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

Bento XVI
Audiência Geral - Sala Paulo VI
Quarta-feira, 16 de setembro de 2009




Simão, o Teólogo

Caros irmãos e irmãs,

Hoje refletiremos sobre a figura de um monge oriental, Simão o Novo Teológo, cujos escritos exerceram uma grande influência na teologia e na espiritualidade do Oriente, em particular no tocante à experiência da união mística com Deus. Simão o Novo Teólogo nasceu em 949 em Galatai, na Paflagônia (Ásia Menor), de nobre família. Ainda jovem, se transferiu para Constantinopla para estudar e entrar para o serviço do Imperador. Porém, se sentiu pouco atraído pela carreira civil que se abria aos seus olhos e, sob influência de iluminações que havia experimentado anteriormente, passou a procurar uma pessoa que o orientasse no momento cheio de dúvidas e de perplexidade que vivia e que o ajudasse a progredir no caminho da união com Deus. Encontrou esta guia espiritual em Simão, o Pio (Eulabes), um simples monge do mosteiro de Studios, em Constantinopla, que lhe deu para ler o tratado Lei Espiritual de Marco, o Monge. Naquele texto, Simão o Novo Teólogo encontrou um ensinamento que muito o impressionou: "Se procuras a cura espiritual, seja atento à tua consciência. Tudo isso que ela te diz, faça e encontrarás aquilo que te é útil". Daquele momento em diante - conta ele mesmo - nunca mais se recolheu sem se perguntar à consciência se havia algo de que o censurar.

Simão entrou para o mosteiro de Studios, onde, porém, suas experiências místicas e a sua extraordinária devoção a seu Pai espiritual lhe causaram dificuldades. Transferiu-se para o pequeno convento de São Mamede, sempre em Constantinopla, do qual, depois de três anos, se torna o superior, o abade. Ali, viveu uma intensa união espiritual com Cristo, fato que lhe conferiu grande autoridade. É interessante notar que lhe foi dado o apelido de "Novo Teólogo", apesar da tradição reservar o título de "Teólogo" a duas personalidades: ao evangelista João e a Gregório de Nazianzo. Sofreu incompreensões e o exílio, mas foi reabilitado pelo Patriarca de Constantinopla, Sérgio II.

Simão o Novo Teólogo passou a última fase de sua existência no mosteiro de Santa Marina, onde escreveu grande parte de suas obras, tornando-se sempre mais célebre pelos seus ensinamentos e por seus milagres. Morreu aos 12 de março de 1022.

O mais conhecido de seus discípulos, Niceta Stetatos, que recolheu e copiou os escritos de Simão, lhes preparou uma edição póstuma, redigindo em seguida uma biografia. A obra de Simão compreende nove volumes (divididos em Capítulos Teológicos, Gnósticos e Práticos), três volumes de Catequese endereçados aos monges, dois volumes de Tratados Teológicos e Éticos e um volume de Hinos. Não devemos esquecer de suas numerosas cartas. Todas essas obras encontram um lugar de relevo na tradição monástica oriental até os nossos dias.

Simão concentra sua reflexão na presença do Espírito Santo nos batizados e na consciência que eles devem ter de tal realidade espiritual. A vida cristã - ele afirma - é comunhão íntima e pessoal com Deus, a graça divina ilumina o coração do fiel e o conduz à visão mística do Senhor. Nesse sentido, Simão o Novo Teólogo insiste no fato de que o verdadeiro conhecimento de Deus não vem dos livros, mas da experiência interior, da vida espiritual. O conhecimento de Deus nasce do caminho de purificação interior que tem início com a conversão do coração, graças à força da fé e do amor; passa por um profundo arrependimento e dor sincera pelos próprios pecados, para chegar à união com Cristo, fonte de alegria e de paz, invadida pela luz da sua presença em nós. Para Simão, tal experiência da graça divina não constitui um dom excepcional para alguns místicos, mas é fruto do Batismo na existência de todo o fiel que se impenha seriamente.

Um ponto sobre o qual refletir, caros irmãos e irmãs! Este santo monge oriental convoca todos a uma atenção à vida espiritual, à presença escondida de Deus em nós, à sinceridade da consciência e à purificação, à conversão do coração, assim realmente o Espírito Santo se torna presente em nós e nos guia. Se, de fato, com razão nos preocupamos em cuidar de nosso crescimento físico, humano e intelectual, é ainda mais importante não esquecer do crescimento interior que consiste no conhecimento de Deus, no verdadeiro conhecimento, não apenas tomado dos livros, mas do interior, da comunhão com Deus, para experimentar sua ajuda em cada momento e em toda a circusntância. No fundo, é isso que Simão descreve quando narra a própria experiência mística. Já quando jovem, antes de entrar no mosteiro, enquanto prolongava suas orações em casa, invocando o auxílio de Deus para lutar contra as tentações, viu seu quarto encher de luz. Quando, depois, entrou no mosteiro, lhe ofereceram os livros espirituais para a instrução, mas a leitura deles não lhe trazia a paz que procurava. Se sentia - ele conta - como um pobre passarinho sem asas. Aceitou com humildade aquela situação, sem revoltar-se, e então começaram a se multiplicar de novo as visões de luz. Querendo assegurar-se da autenticidade delas, Simão pediu diretamente a Cristo: 'Senhor, és tu mesmo de verdade que estás aqui?". Sentiu ressoar no coração a resposta afirmativa que o consolou plenamente. "Foi aquela, Senhor - esscreveu logo em seguida - a primeira vez que me julgaste, filho pródigo, digno de escutar a tua voz". No entanto, nem aquela revelação o deixou totalmente em paz. Ele se perguntava, ao invés, se mesmo aquela experiência não poderia ser considerada uma ilusão. Um dia, finalmente, aconteceu um fato fundamental para a sua experiência mística. Ele começou a se sentir como um "pobre que ama os irmãos". Via ao seu redor tantos inimigos que queriam feri-lo e lhe fazer o mal, mas isso provocava nele um intenso amor por todos. Como explicar aquilo? Evidentemente, não podia vir dele mesmo um amor assim, mas deveria vir de uma outra fonte. Simão entendeu que vinha de Cristo presente nele e tudo ficou claro: teve a prova segura de que a fonte do amor nele era a presença de Cristo e que ter em si o amor que vai além de minhas intenções pessoais indica que a fonte do amor está em mim. Assim, se por um lado podemos dizer que sem uma certa abertura ao amor, Cristo não entra em nós, por outro lado, Cristo se torna fonte de amor em nós e nos transforma. Caros amigos, esta experiência como nunca continua sendo importante para nós, hoje, para encontrarmos os critérios que nos indicam se estamos realmente próximos de Deus, se Deus está vivo em nós. O amor de Deus cresce em nós se permanecemos unidos a Ele pela oração e na escuta de sua palavra, com a abertura de coração. Somente o amor de Deus nos faz abrir o coração aos outros e nos torna sensíveis às suas necessidades, fazendo-nos considerar todos como irmãos e irmãs, convidando-nos a responder ao ódio com amor e à ofensa com o perdão.

Refletindo sobre a figura de Simão o Novo Teólogo, podemos salientar um outro elemento de sua espiritualidade. No caminho de vida ascética por ele proposto e vivido, a grande atenção e concentração do monge na experiência interior confere ao Pai espiritual do mosteiro uma importância essencial. O mesmo jovem Simão, como dissemos, tinha encontrado um diretor espiritual que o ajudou muito, pelo qual conservou grandíssima estima, a ponto de reservar-lhe, mesmo depois da morte, uma veneração também pública. Eu gostaria de dizer que pemanece válido para todos - sacerdotes, pessoas consagradas e leigos, e especialmente para os jovens - o convite a recorrer aos conselhos de um bom Pai espiritual, capaz de acompanhar cada um no conhecimento profundo de si mesmo e conduzi-lo à união com o Senhor, de modo que sua existência se conforme sempre mais ao Evangelho. Para ir em direção ao Senhor temos sempre necessidade de ajuda, de diálogo. Não podemos fazê-lo somente com as nossas reflexões. Eis o sentido eclesial de nossa fé.

Concluindo, podemos sintetizar assim o ensinamento e a experiência mística de Simão o Novo Teólogo: na sua incessante busca de Deus, apesar das dificuldades que encontrou e nas críticas das quais foi objeto, ele, no final das contas, se deixou guiar pelo amor. Soube viver ele mesmo e ensinar aos seus monges que o essencial para cada discípulo de Jesus é crescer no amor e assim crescer no conhecimento do próprio Cristo, para poder afirmar com São Paulo: "Não sou mais eu quem vivo, é Cristo que vive em mim". (Gl 2,20)

(tradução livre, exclusivamente para esse blog)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nossa Senhora das Dores




O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto - diz o santo ancião sobre o menino - como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2, 34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus - de todos certamente, mas especialmente teu - a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já não estava ali; a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.

E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! Que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isso deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: "Mas não sabia ela de antemão que ele iria morrer?" Sem dúvida alguma. "E não esperava que logo ressuscitaria?" Com toda a confiança. "E mesmo assim sofreu com o Crucificado?" Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

(dos Sermões de São Bernardo, abade, séc. XII)




sábado, 12 de setembro de 2009

24º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 2009

Evangelho (Marcos 8,27-35)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo São Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29 Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. 30 Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a respeito. 31 Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32 Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33 Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”. 34 Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a Vós, Senhor!



Estamos num momento fundamental da missão de Jesus relatada pelo evangelista: hora em que os discípulos são chamados a confessarem publicamente a sua fé. A pergunta é dirigida de modo direto a eles pelo próprio Senhor: "E vós, quem dizeis que eu sou?" (v. 29)

A confissão de Pedro lhe revela ainda mais a respeito da própria fé. E é exatamente assim que acontece conosco. Quando nos colocamos no seguimento de Jesus, Ele mesmo vai nos ensinando o que significa segui-lo, ou seja, quais as conseqüências que o sim dado por amor a sua pessoa implica.

Por isso diante da confissão de Pedro, Jesus lhe ensina que crer nEle significava assumi-lo em todos os sentidos: o seu modo de ser, de pensar, de falar, enfim, a maneira como entregava sua vida pela salvação de muitos. Em outras palavras, Jesus vai revelando a Pedro que confessar a fé em seu nome significa adentrar o mistério de sua Cruz. E é exatamente isso que deixa o Apóstolo escandalizado!

Ao tentar negar a realidade da cruz na própria vida ou atenuar a sua força, Pedro é repreendido pelo Senhor: "vai para longe de mim, Satanás, pois não pensas como Deus, e sim como os homens" (v. 34).

O seguimento do Senhor implica o mistério de sua paixão e morte, ao qual somos diariamente chamados a associar a nossa vida: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga" (v. 35).

Peçamos ao Senhor a graça de empregarmos nossa vida por amor a Ele. A Eucaristia, momento em que Ele mesmo renova o sacrifício pelo qual se entregou por nós, continua sendo o momento por excelência de nos colocarmos em seu seguimento.

Queremos segui-lo até o último instante de nossa vida!
Deus abençoe a sua entrega!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Seguir Jesus requer nadar contra a maré!

Caro amigo,

No último dia 23 de agosto, o Santo Padre dirigiu, como de costume, algumas palavras aos peregrinos presentes na Praça de São Pedro. Comentando o Evangelho da Missa daquele domingo, afirmou que seguir Jesus "enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa existência, mas inclui dificuldades e renúncias porque com muita frequência se deve ir contra a corrente".

Penso que esta seja a grande graça que precisamos aprender a pedir a Deus em nosso dias. De modo especial, os jovens precisam ser agraciados com a coragem de testemunhar seu amor pelo Senhor, mesmo em situações onde isso implique ser "diferente" dos demais! Abaixo, segue o texto com as palavras de Bento XVI, na íntegra.

Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.


Palácio Apostólico de Castel Gandolfo
Domingo, 23 de Agosto de 2009

Queridos irmãos e irmãs!

Como podeis ver, a mão foi libertada do gesso, mas ainda está um pouco preguiçosa; deve estar ainda por algum tempo numa "escola de paciência", mas vamos em frente!

Sabeis que há alguns domingos a liturgia propõe à nossa reflexão o capítulo 6 do Evangelho de João, no qual Jesus se apresenta como o "pão vivo que desceu do céu" e acrescenta: "Se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne pela vida do mundo" (Jo 6, 51). Aos judeus que discutem asperamente entre si, perguntando-se: "Como pode Ele dar-nos a comer a Sua carne?" (v. 52) — e o mundo continua a discutir — Jesus reafirma em todos os tempos: "Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o Meu sangue não tereis a vida em vós" (v. 53); motivo também para nós de refletir se compreendemos realmente esta mensagem. Hoje, 21º domingo do tempo comum, meditamos a parte conclusiva deste capítulo, no qual o quarto Evangelista descreve a reação do povo e dos próprios discípulos, escandalizados com as palavras do Senhor, a ponto que muitos, depois de o terem seguido até então, exclamam: "Duras são estas palavras! Quem pode escutá-las?" (v. 60). A partir de então "muitos dos Seus discípulos retiraram-se e já não andavam com Ele" (v. 66), e acontece sempre de novo a mesma coisa, em diversos períodos da história. Poderíamos esperar que Jesus procure maneiras para se fazer compreender melhor, mas Ele não abranda as suas afirmações, aliás dirige-se diretamente aos Doze, dizendo: "Também vós quereis retirar-vos?" (v. 67).

Esta pergunta provocatória não se destina só aos ouvintes de então, mas atinge os crentes e os homens de todas as épocas. Também hoje muitos permanecem "escandalizados" diante do paradoxo da fé cristã. Os ensinamentos de Jesus parecem "duros", demasiado difíceis de aceitar e de pôr em prática. Então há quem rejeita e abandona Cristo; há quem procura "adaptar" a sua palavra às modas dos tempos desvirtuando o seu sentido e valor. "Também vós quereis retirar-vos?". Esta preocupante provocação ressoa no nosso coração e espera de cada um uma resposta pessoal; trata-se de uma pergunta feita a cada um de nós. Jesus não se contenta com uma pertença superficial e formal, não lhe é suficiente uma primeira e entusiasta adesão; ao contrário, é necessário participar toda a vida "no seu pensar e no seu querer". Segui-l'O enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa existência, mas inclui dificuldades e renúncias porque com muita frequência se deve ir contra a corrente.

"Também vós quereis retirar-vos?". Pedro responde à pergunta de Jesus em nome dos Apóstolos, dos crentes de todos os séculos: "Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e sabemos que és o Santo de Deus" (v. 68-69). Queridos irmãos e irmãs, também nós podemos e queremos repetir a resposta de Pedro neste momento, conscientes da nossa fragilidade humana, dos nossos problemas e dificuldades, mas confiantes no poder do Espírito Santo, que se exprime e se manifesta na comunhão com Jesus. A fé é dom de Deus ao homem e é, ao mesmo tempo, entrega livre e total do homem a Deus; a fé é escuta dócil da palavra do Senhor, que é "farol" para os nossos passos e "luz" para o nosso caminho (cf. Sl 119, 105). Se abrirmos com confiança o coração a Cristo, se nos deixarmos conquistar por Ele, podemos experimentar também nós, como por exemplo o santo Cura d'Ars, que "a nossa única felicidade nesta terra é amar Deus e saber que Ele nos ama". Peçamos à Virgem Maria que mantenha sempre despertada em nós esta fé impregnada de amor, que a tornou, humilde jovem de Nazaré, Mãe de Deus e mãe e modelo de todos os crentes.

Bento XVI

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A missa parte por parte

A missa é divida em partes? Qual a mais importante?
(Daniel, 18, Caraguatatuba)

Caro Daniel,

Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

A resposta a sua questão, a encontramos no início do texto de introdução ao Missal Romano: "A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, a saber, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tão intimamente unidas entre si, que constituem um só ato de culto. De fato, na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a do Corpo de Cristo, para ensinar e alimentar os fiéis. Há também alguns ritos que abrem e encerram a celebração." (Introdução Geral ao Missal Romano [IGMR], 28)

Como você mesmo pode ver, entre a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, não existe uma parte mais importante, já que estão "intimamente unidas entre si", ou seja, uma não existe sem a outra.

Por fim, abaixo lhe transcrevo um esquema, ainda que geral, mais detalhado da Celebração Eucarística. Porém, lhe recordo que mais importante que saber quais as partes da Santa Missa, é necessário compreender o sentido da celebração como um todo e de cada uma de suas partes.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.


AS PARTES DA MISSA
(cf. IGMR, 46-90)

Ritos Iniciais
[entrada, saudação ao altar e ao povo reunido, ato penitencial, hino de louvor e oração da coleta];

Liturgia da Palavra
[leituras bíblicas, homilia, profissão de fé e oração universal];

Liturgia Eucarística
[apresentação das oferendas, oração sobre as oferendas, oração eucarística e ritos da comunhão (oração do Senhor, rito da paz, fração do pão, comunhão, oração pós-comunhão)] ;

Ritos finais
[breves comunicações (se necessário), saudação e bênção do sacerdote, despedida do povo e saudação ao altar].

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sábado, 5 de setembro de 2009

23º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 2009

Evangelho (Mc 7,31-37)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 31 Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32 Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33 Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34 Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”35 Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36 Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37 Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a Vós, Senhor!



A proclamação desse trecho da vida do Senhor parece estar diretamente ligada ao que ouvimos na primeira leitura da Santa Missa (Is 35, 4-7a). Realmente, essa é a intenção do evangelista: apresentar Jesus como o Messias prometido a Israel. Enquanto, na profecia de Isaías, lemos que "se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos..." (Is 35,5), acompanhamos a realização dessas palavras na pessoa de Jesus. De fato, ele é a "Palavra que se fez carne e veio habitar entre nós" (Jo 1,14).

Porém, não é apenas disso que o evangelista deseja nos convencer. Ao nos falar da ação do Messias em nosso meio, o evangelista deseja suscitar em nós uma autêntica resposta. Só saberemos responder adequadamente ao Senhor, quando compreendermos o que Ele quer de nós. E é exatamente isso que o trecho do Evangelho procura nos explicar.

Ao se encontrar com o surdo, Jesus colocou os dedos em seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele; por fim, olhando para o céu, suspirou e disse: "Efatá!", que quer dizer: "Abre-te!" (cf. Mc 7, 33-34)

A ação do Senhor em nós deseja nos libertar de tudo o que nos impede de ouvi-lo e de anunciá-lo. O "Efatá" é uma verdadeira libertação das amarras que nos impossibilitam de ouvir a Palavra e deixá-la frutificar em nós! Mas não só! Ao mesmo tempo em que nos liberta, Jesus nos envia a anunciá-lo. É com sua saliva que ele toca a língua do surdo; nesse gesto, Jesus comunica algo de si àquele homem. E é justamente por meio do que ele comunica (a Palavra), que o surdo passa a ouvir e [conseqüentemente] a falar...

Para concluir, vale a pena notar que antes de dizer "Éfata", o Senhor, ao olhar para o céu, suspira. Como não nos recordarmos do sopro de Deus (cf. Gn 2,7) que o Criador insufla nas narinas da criatura pela qual ela adquire a vida, imagem que a Tradição sempre atribui à pessoa do Espírito do Senhor? Pois bem. É pela ação do Espírito Santo que somos libertos de nossas amarras! É pelo mesmo Espírito que nos encontramos com a Palavra de Deus que veio nos visitar (cf. Jo 1,14)! Por fim, é por ação do Divino Sopro que somos enviados em missão!

Vem, Espírito Santo!
Inflama nosso coração! Envia-nos!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Bíblia [Especial - Parte 3]

A Bíblia

A difusão da tradução da Bíblia dos originais, hebraico para o Antigo Testamento, e grego para o Novo, muito se deve a um árduo trabalho de São Jerônimo (saiba mais no vídeo abaixo)


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Um amigo de Deus [03.09]

São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja

Nasceu em Roma por volta do ano 540. Tendo tomado a carreria política, chegou a ser nomeado prefeito de Roma. abraçou depois a vida monástica, foi ordenado sacerdote e desempenhu o cargo de legado pontifício em Constantinopla. No dia 03 de setembro do ano 590 foi elevado à Cátedra de Pedro, cargo que exerceu como verdadeiro bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na propagação e consolidação da fé. Escreveu muitas obras de Moral e Teologia. Morreu a 12 de março do ano 604.



Ó Deus, que cuidais do vosso povo com indulgência e o governais com amor, dai pela intercessão de São gregório Magno, o espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso das ovelhas contribua para a alegria dos pastores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

A Bíblia [Especial - Parte 2]

A Bíblia

Escavações arqueológicas, pesquisas científicas... "A ciência e a fé caminham juntas, mesmo se algumas vezes não se encontram..." (saiba mais no vídeo abaixo)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Bíblia [Especial - Parte 1]

A Bíblia

Seu início foi com a tradição oral, ou seja, histórias contadas de geração em geração; depois, escrita em papirus e pergaminhos, organizada em livros... (saiba mais no vídeo abaixo)



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Setembro: Mês da Bíblia

Na mesma semana em que recebi o convite para escrever este artigo, atendi um jovem que me perguntava sobre quais os passos para ler a Bíblia com maior proveito. Enquanto dialogávamos, percebi no coração dele o mesmo desejo do salmista quando exclama: “Senhor, é a vossa face que eu procuro!” (Sl 26, 8). Conversamos por um bom tempo e, daquele bate-papo, nasceu esse artigo.

Diante daquela pergunta não hesitei em dar ao jovem uma primeira boa notícia: antes mesmo que nos colocássemos a sua procura, Deus já havia decidido vir ao nosso encontro para nos revelar o seu grande mistério de amor.

Deus se revela por meio da Palavra

Como Deus vem ao nosso encontro? Essa foi a segunda pergunta que o jovem me fez. Mas a resposta, ao mesmo tempo que lógica, lhe pareceu um tanto estranha. Eu lhe disse que Deus sempre fez o “uso da palavra” para falar conosco.

Antes mesmo que existíssemos já era assim. Foi pela palavra que Ele criou o mundo: “Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz foi feita” (Gn 1, 3). Também foi pela palavra que nós passamos a existir: “Depois Deus disse: ‘Façamos o ser humano a nossa imagem e semelhança...” (Gn 1,26). É pela palavra que Ele se revela ao povo de Israel, de cima do Monte Horeb: “Convoca o povo para junto de mim, a fim de ouvirem as minhas palavras...” De fato, o próprio Moisés depois testemunha o ocorrido: “O Senhor falou-vos do meio do fogo; ouvistes o som das palavras, mas não vistes figura alguma. Era apenas uma voz” (Dt 4,10.12).

A palavra de Deus é uma palavra de Amor. Deus é Amor! (cf. 1 Jo 4,8). Quando se revela a nós, Deus assim o faz para nos atrair a Ele, para nos fazer participar de seu amor. Por isso a revelação de Deus ao longo da história, nós a chamamos de História da Salvação. É salvo todo aquele que acolhe a Palavra de Deus. Foi então que anunciei ao jovem uma boa notícia ainda maior!

A Palavra de Deus veio morar entre nós!

A História da Salvação alcança seu ponto mais alto com a vinda de Jesus. O desejo de Deus de nos atrair a Ele se realiza plena e concretamente quando sua Palavra se une a nossa natureza humana. Jesus Cristo é a Palavra de Deus que se fez carne.

Foi então que, pensativo, o jovem se recordou do que está escrito no início do Evangelho de São João: “No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós.” (Jo 1,1.14)

De fato, toda a vida de Cristo foi uma realização da Palavra: seus silêncios, suas pregações, seus gestos, suas orações, seu amor incondicional pelo ser humano, sua entrega na cruz para a salvação do mundo, sua Ressurreição... Tudo nele é Palavra por excelência porque comunica ao coração do homem as coisas do coração de Deus! Ele é o pleno cumprimento da Revelação de Deus.

A Sagrada Escritura

Embora não seja a única forma pela qual Deus se revela ao longo da história, a Bíblia representa um grande momento desse longo percurso; ela é o grande “testemunho”, em forma escrita, da Palavra de Deus. Como expressão escrita dessa Palavra, a Sagrada Escritura a contém e a manifesta em toda a sua eficácia (cf. 2 Tm 3,16). Por isso, a Bíblia é um caminho imprescindível para aquele que procura a face do Senhor.

A Sagrada Escritura é Escritura porque compreende um conjunto de textos, fruto de diversas releituras de fé que o povo de Israel foi realizando de sua própria história com Deus. Mas ela é, antes de tudo, Sagrada porque suas diversas redações foram sempre inspiradas por Deus. É a inspiração de Deus que faz de tais textos Palavra de Deus: a Palavra de Deus escrita.

No longo e complexo processo de redação dos livros sagrados, o povo de Deus sempre foi assistido pelo Espírito Santo. É o Espírito do Senhor quem inspirou os diversos autores a escreverem tudo e somente aquilo que Deus desejava comunicar por escrito. É também o Espírito quem confiou a Palavra de Deus escrita à Igreja para ser guardada, autenticamente interpretada, vivida e anunciada ao mundo inteiro. Daqui nascem as duas primeiras atitudes fundamentais para quem deseja ler a Bíblia com proveito: pedir a assistência do Espírito Santo e lê-la em comunhão com toda a Igreja.

Pedir a assistência do Espírito Santo

Uma vez que, como dissemos, é o Espírito quem guia o povo de Deus na justa interpretação daquilo que Ele mesmo inspirou que fosse escrito e entregou à Igreja para que fosse vivido e anunciado, é à luz de sua presença e ação que devemos contemplar a Sagrada Escritura.

Precisamos pedir o auxílio do Espírito na leitura e no estudo da Sagrada Escritura, já que é Ele quem nos ensina todas as coisas (cf. Jo 14,26) e nos leva à plenitude da verdade (cf. Jo 16,13); no esforço por traduzir a Palavra escrita em atos de vida porque Ele é a força que faz de nós testemunhas de Deus (cf. At 1,8); no momento de anunciá-la a todos porque é Ele quem fala em nós e por meio de nós (cf. Mc 13, 10-11).

Ler a Bíblia em comunhão com a Igreja

Exatamente porque o Espírito assiste à Igreja de Deus desde o momento de sua fundação, o segundo critério fundamental é ler a Sagrada Escritura sempre em comunhão com a Igreja. De fato, a tradição da Igreja dispõe de um grande tesouro que nos auxilia em muito a compreender, testemunhar e anunciar aquilo que lemos.

Nesse sentido, lugar privilegiado para o encontro com a Sagrada Escritura é a liturgia da Igreja. Nas celebrações litúrgicas, a Palavra escrita é uma das formas pela qual Deus vem ao nosso encontro para salvar-nos. Por isso é ali que, de modo especial, o fiel experimenta a ação transformadora da Palavra em sua vida e recebe a força para anunciá-la.

Fala, Senhor!

Bem, mas você pode estar se perguntando sobre como terminou a conversa com aquele jovem. Ela não terminou. Na verdade, jamais terminará! A Sagrada Escritura é uma fonte inesgotável. Continuamos, ele e eu, a procurar a face do Senhor. E nessa procura, aprendemos com a Sagrada Escritura, todos os dias, dizer a Deus: “Fala, Senhor! O teu servo escuta!” (1 Sm 3, 10) E a cada vez que lhe pedimos, Ele nos fala.

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.