quarta-feira, 19 de março de 2008

Santa e Feliz Páscoa!


Alguns têm me perguntado onde passarei os dias que antecedem à Páscoa do Senhor. Fui convidado a auxiliar o trabalho de um Pároco, numa cidade no interior da Itália, chamada Cassino, distante poucas horas de Roma.

Ficarei por lá durante todo o Tríduo Pascal, servindo o Povo de Deus daquela Paróquia, sobretudo, pelo Sacramento da Reconciliação.

Peço que ore por mim para que eu, apesar de meus limites, seja sinal da Misericórdia Divina, do abraço do Pai, para todos aqueles que, creio, o próprio Deus tem convidado a se encontrarem com Ele por meio do Sacramento do qual serei Ministro.

Rezarei por você, de lá! Espero que viva intensamente a Páscoa! Não deixe, também você, de se aproximar do Sacramento da Reconciliação. Talvez você já não o experimente há um bom tempo... Pois bem! Será um momento de graça em sua vida, acredite! E, ademais, por que relutar em receber um abraço de amor por parte de Quem te ama tanto, não é mesmo?...

Outro convite que lhe faço é o de participar ativamente dos três dias do Tríduo Pascal. Convide os amigos também! Procurem entender, juntos, o sentido de cada palavra e gesto. Mas, sobretudo, rezem juntos, uns pelos outros...! Dessa forma, o Domingo da Ressurreição será, de fato, o início de uma Vida Nova, o começo de uma vida vivida, todos os dias, renascendo com o Ressuscitado.

Deixo, abaixo, um link que considero um presente. É uma música. Simples, mas é o que gostaria de cantar a você, agora. Acho que é o que Deus tem cantado aos nossos ouvidos...


domingo, 16 de março de 2008

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" (Mt 27,46b)

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor - Ano A - 2008




Evangelho (Mt 26, 14 - 27,66)


- O Senhor esteja convosco!
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo Mateus.
- Glória a vós, Senhor!


Naquele tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: "O que me dareis se vos entregar Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

No primeiro dia da festa dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?" Jesus respondeu: "Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos"'. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa.

Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse: "Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair". Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: "Senhor, será que sou eu?" Jesus respondeu: "Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!" Então Judas, o traidor, perguntou: "Mestre, serei eu?" Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes".

Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos, e disse: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lhes, dizendo: "Bebei dele todos. Pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não beberei deste fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino do meu Pai". Depois de terem cantado salmos, foram para o monte das Oliveiras.



Então Jesus disse aos discípulos: "Esta noite, vós ficareis decepcionados por minha causa. Pois assim diz a Escritura: 'Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão'. Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia". Disse Pedro a Jesus: "Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa, eu jamais ficarei". Jesus lhe declarou: "Em verdade eu te digo, que, esta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". Pedro respondeu: "Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te negarei". E todos os discípulos disseram a mesma coisa.

Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse: "Sentai-vos aqui, enquanto eu vou até ali para rezar!" Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. Então Jesus lhes disse: "Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo!" Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra e rezou: "Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como tu queres". Voltando para junto dos discípulos, Jesus encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: "Vós não fostes capazes de fazer uma hora de vigília comigo? Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca". Jesus se afastou pela segunda vez e rezou: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!" Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então voltou para junto dos discípulos e disse: "Agora podeis dormir e descansar. Eis que chegou a hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai trair, já está chegando".


Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e paus. Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: "Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!" Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo: "Salve, Mestre!" E beijou-o. Jesus lhe disse: "Amigo, a que vieste?" Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a espada, e feriu o servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse: "Guarda a espada na bainha! pois todos os que usam a espada pela espada morrerão. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria logo mais de doze legiões de anjos? Então, como se cumpririam as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer?" E, naquela hora, Jesus disse à multidão: "Vós viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar, e vós não me prendestes". Porém, tudo isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.

Aqueles que prenderam Jesus levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os mestres da Lei e os anciãos. Pedro seguiu Jesus de longe até o pátio interno da casa do Sumo Sacerdote. Entrou e sentou-se com os guardas para ver como terminaria tudo aquilo. Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. E nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, vieram duas testemunhas, que afirmaram: "Este homem declarou: 'posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em três dias" Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou a Jesus: "Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?" Jesus, porém, continuava calado. E o Sumo Sacerdote lhe disse: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Messias, o Filho de Deus". Jesus respondeu: "Tu o dizes. Além disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu". Então o Sumo Sacerdote rasgou suas vestes e disse: "Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia. Que vos parece?" Responderam: "E réu de morte!" Então cuspiram no rosto de Jesus e o esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas, dizendo: "Faze-nos uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?"

Pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele e disse: "Tu também estavas com Jesus, o Galileu!" Mas ele negou diante de todos: "Não sei o que tu estás dizendo". E saiu para a entrada do pátio. Então uma outra criada viu Pedro e disse aos que estavam ali: "Este também estava com Jesus, o Nazareno". Pedro negou outra vez, jurando: "Nem conheço esse homem!"

Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de Pedro e disseram: "É claro que tu também és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia". Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo que não conhecia esse homem! E nesse instante o galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: "Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". E saindo dali, chorou amargamente.

De manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para condená-lo à morte. Eles o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.

Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: "Pequei, entregando à morte um homem inocente". Eles responderam: "O que temos nós com isso? O problema é teu". Judas jogou as moedas no santuário, saiu e foi se enforcar. Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes disseram: "E contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue". Então discutiram em conselho e compraram com elas o Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que aquele campo até hoje é chamado de "Campo de Sangue". Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço do Precioso, preço com que os filhos de Israel o avaliaram - e as deram em troca do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou!"

Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É como dizes", e nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. Então Pilatos perguntou à multidão reunida: "Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus; a quem chamam de Cristo?" Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: "Não te envolvas com esse justo! porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele". Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar: "Qual dos dois quereis que eu solte?" Eles gritaram: "Barrabás". Pilatos perguntou: "Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?" Todos gritaram: "Seja crucificado!" Pilatos falou: "Mas, que mal ele fez?" Eles, porém, gritaram com mais força: "Seja crucificado!" Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse: "Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!" O povo todo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos". Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado.

Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta dele. Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo: "Salve, rei dos judeus!" Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram para crucificar.

Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer "lugar da caveira . Deram-lhe vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as suas vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: "Este é Jesus, o Rei dos Judeus". Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus.

As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: "Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!" Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: "A outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da cruz! e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus". Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram crucificados com Jesus, o insultavam.


Desde o meio-dia até as três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a terra. Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: "Eli, Eli, lamá sabactâni?", que quer dizer: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram: "Ele está chamando Elias!" E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. Outros, porém, disseram: "Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!" Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito.

E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muito corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: "Ele era mesmo Filho de Deus!" Grande número de mulheres estava ali, olhando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, diante do sepulcro.



No dia seguinte, como era o dia depois da preparação para o sábado, os sumos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos, e disseram: "Senhor, nós nos lembramos de que quando este impostor ainda estava vivo, disse: 'Depois de três dias eu ressuscitarei!' Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia, para não acontecer que os discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: 'Ele ressuscitou dos mortos!' pois essa última impostura seria pior do que a primeira". Pilatos respondeu: "Tendes uma guarda. Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer". Então eles foram reforçar a segurança do sepulcro: lacraram a pedra e montaram guarda.

- Palavra da Salvação!

- Glória a Vós, Senhor!



Caro amigo

O Tempo da Quaresma chega no seu ponto mais alto com o início da Semana Santa. Todo nosso esforço quaresmal de jejum, oração e penitência recebe sentido na celebração da Páscoa do Senhor, momento para o qual nos preparamos por meio dessa Semana tão especial.

Todo o nosso esforço penitencial encontra seu sentido na celebração da Páscoa. Quando nos arrependemos e somos perdoados de nossos pecados, renascemos para uma vida nova em Cristo. A vida nova em Cristo, nós a adquirimos pelo preço de sua Cruz e de sua Ressurreição.

O Mistério Pascal - Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor - é, portanto, o centro de toda a nossa vida. Tudo o que somos e vivemos deve ser lido à luz da Páscoa do Senhor.


Domingo de Ramos


A Semana Santa se inicia com o Domingo de Ramos, dia em que recordamos a entrada do Senhor em Jerusalém. Ele que, como todo o povo de Israel, subia a Jerusalém para a celebração da Páscoa, preparava na verdade a sua própria Páscoa... Enquanto os homens de seu tempo, seguindo os preceitos litúrgicos da época, iam oferecer um cordeiro sem mancha em sacrifício para o perdão dos pecados, Ele, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, preparava-se para oferecer-se a si mesmo por amor a nós, para nos resgatar do pecado e nos comunicar Sua Vida.

Por esse motivo, o Evangelho do Domingo de Ramos narra a Paixão de Nosso Senhor. De fato, toda sua vida se orientou para aquele momento. Tudo o que aconteceria a partir de sua entrada em Jerusalém seria decisivo: a instituição da Eucaristia, a Paixão e Morte do Senhor e sua Gloriosa Ressurreição dos Mortos. Esses acontecimentos, nós os celebraremos, respectivamente, no Tríduo Pascal: Quinta Santa, Sexta Santa e Sábado Santo. O Domingo de Páscoa, por excelência, nos recordará que Ele é vitorioso, vive e está no meio de nós...!

Desencontros...


Se nos permitirmos mergulhar no 'espírito' do Evangelho de hoje, veremos que ele é a narração da fraqueza e debilidade humanas que cedem à ação do mal no mundo e nos corações: vemos não somente Judas que entrega seu Senhor num beijo, mas acompanhamos também Pedro que jura não conhecê-lo por medo e que acaba chorando amargamente sua traição... Deparamo-nos frente a cegueira das autoridades que participam do julgamento de Jesus e a forma covarde como Ele, inocente, é açoitado e maltratado até a morte de Cruz, de onde, recebeu cusparadas e xingamentos de toda sorte. De fato, não há como negar que o Evangelho retrata de forma plena a ação da iniqüidade, o alcance do mal na história humana...

É uma verdade, sim, que o mal continua agindo no mundo. O 'mistério da iniqüidade' continua em ação. Diante dele, muitas vezes, nos deixamos desanimar e sentimos nossas forças se esgotarem. Cala no coração a frase que Jesus diz no alto da cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes" (Mt 27, 46b). Jesus, na verdade, repete a mesma frase presente no Salmo 22(21), 1. Ele assim o faz para se apropriar daquilo que o coração do salmista sente: o abandono... Dessa forma, Jesus assume o sofrimento humano para si, dando-lhe pleno sentido.

Meu irmão, não sofremos por acaso... Claro que nenhum de nós busca sofrer, mas não devemos nos negar a viver momentos difíceis que a vida nos apresenta. Quando sofremos, de certa forma, nos aproximamos da Paixão do Senhor. O sofrimento pelo qual passamos, quando associado à Cruz do Senhor, ganha um novo sentido... Deus nos fala muito por meio das situações doloridas pelas quais atravessamos, porque ninguém entende mais do coração humano que o próprio Deus...


Um grande encontro de amor


Por outro lado, diante de tanto sofrimento e humilhação, Jesus vai nos dando uma grande manifestação de amor. Um amor verdadeiramente humano (no sentido pleno da palavra porque tudo o que é realmente humano, é divino), capaz de tudo suportar e de permear toda a situação vivida de intenso e profundo significado redentor.

Não há como ler o Evangelho desse Domingo, sem se sentir profundamente amado, apesar de se fazer, ao mesmo tempo, a experiência do pecado que nos atinge. A narração da Paixão do Senhor nos dá essa graça: à medida que nos faz experimentar o amargor do pecado no fundo do nosso ser, também nos vai enchendo o coração da certeza de que somos amados! E mais! Vai nos convencendo de que esse amor é tão grande e tão forte que vence tudo, mesmo a mais cruel traição. Um amor que vai nos convencendo que, ainda em nossos dias, o Amor não é amado... E por isso também, desperta em nós o vivo desejo de amá-lo acima de tudo...

Mas a certeza de tudo isso, os discípulos a terão na Manhã da Ressurreição. Ali sim, eles dirão com toda a certeza, aquilo que nós cantamos, por meio de um antigo refrão, no Domingo de Páscoa:

"Meu coração me diz:
O Amor me amou e se entregou por mim!
Jesus Ressuscitou!

Passou a escuridão, o sol nasceu.
A vida triunfou!
Jesus Ressuscitou!"


Convido você a viver intensamente esses dias... Mas faça diferente! Viva essa Semana Santa como se fosse a primeira da sua vida, como se tudo que fosse ouvir e celebrar tivesse a graça do impacto do primeiro anúncio, aquele enche nosso coração de alegria e devolve o sentido à nossa vida.

Quero convidá-lo a viver essa Semana Santa também como se fosse a última... Sim, a última de sua vida! Procure celebrar de coração indiviso, vivendo cada palavra, cada minuto as coisas de Deus. Procure sentir e traduzir em vida cada palavra que sai da boca de Deus! E como não fazer a experiência da Misericórdia de Deus? Confessemo-nos nessa Semana, como se fosse a primeira e a última oportunidade... Peçamos, juntos, a graça de renascer para uma vida nova, a partir da Páscoa do Senhor! Vamos, junto, eu e vocês, pedir que Ele nos ensine que sua Páscoa, nós a vivemos todos os dias, pois a cada manhã somos tocados pelo Ressuscitado e convidados por Ele, com Ele e n'Ele a renascer....

Boa Semana Santa!
Que Ele fale ao nosso coração! Que Ele nos faça renascer...

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.


terça-feira, 11 de março de 2008

Itália - Região de Campânia

Não posso começar essa postagem sem antes dizer 'muito obrigado'. Os dois dias que passei na região de Campânia só foram possíveis, graças à colaboração de várias pessoas queridas. Agradeço à Irmã Nice, salesiana, mas sobretudo, à jovem brasileira Marianna e sua família que me acolheu gentilmente enquanto estive por lá. (Marianna, se você ler meu blog, mais uma vez eu lhe agradeço! Saudação especial a seus tios e primos, especialmente, à Dona Flora, por ter sido sinal de Deus para mim...)

Foram apenas dois dias, mas valeram a pena porque passados em companhias muito agradáveis, numa região belíssima em todos os aspectos.

A região de Campânia (em italiano, Campania)

A Itália é formada por vinte regiões, criadas pela Constituição de 1948. Uma delas, Campânia, situa-se ao sul do país (Itália Meridional). Esta região é banhada pelo Mar Tirreno, a oeste e sudoeste. Ouvi dizer que tem a mais alta densidade populacional das regiões italianas, sendo, porém, a segunda em número total de habitantes, após a Região de Lombardia. Campânia é formada por cinco províncias (que correspondem, aproximadamente, ao que chamamos de 'estados'): Avellino, Benevento, Caserta e as famosas Nápoles e Salerno.

A Província de Nápoles (em italiano, Napoli)

Uma das mais famosas províncias da região, é formada por cerca de 90 comunes (que correspondem às nossas cidades), dentre as quais, as mais famosas são Nápoles (capital), Pompéia e Sorrento. Eu pude conhecer quatro cidades, das quais quero lhes falar um pouco agora.

Boscoreal (em italiano, Boscoreale)

É um pequeno município de cerca de 30.000 habitantes, onde habita a família que me acolheu durante esses dois dias. Boscoreale é um importante centro agrícola, famoso por seus vinhos, dentro os quais, o mais célebre é conhecido por Lágrimas de Cristo do Vesúvio. Não provei desse vinho, mas dos que provei, posso atestar que são realmente bons... Um ponto negativo que pude observar, não só na cidade, mas em toda a região, é a cena que o mundo inteiro assistiu pelos jornais, nos últimos dias: o problema da coleta de lixo. De fato, exceto nos lugares turísticos (!), podem ser vistas as "montanhas" de lixo acumulado, pelas esquinas...

Quero, no entanto, destacar as coisas boas que pude ver por lá. A simpatia das pessoas do local é um exemplo delas. Apesar de ter conhecido pouca gente, aquelas com quem tive contato me pareceram muito acolhedoras. Na noite de sexta-feira, 07/03, antes da pizzaria (conto depois... hehe), um ótimo programa foi conversar por um bom tempo com a "tia Flora", uma senhora simpatissíma, a quem pude dar a bênção por causa da doença que vem lhe acompanhando há um bom tempo... E, mais uma vez, agradeço ao Sr. Toninho, esposa e casal de filhos, a acolhida tão atenciosa. Além de me receberem com muito carinho, tiveram muita paciência (muita mesmo!) com o meu italiano mal falado... (risos).
O lugar onde dormi, uma pousada ao lado da casa dessa família, era algo de extraordinário, bem aos pés do Vesúvio. Ao abrir a janela do quarto, avistava o famoso vulcão bem a minha frente...! Nem preciso falar nada, não é mesmo? Obrigado...

Pompéia (em italiano, Pompei)

'Fantástico' é a palavra para definir esse local! Na verdade, Pompéia e o Vesúvio foram o grande motivo de minha viagem. Sempre escutei com atenção a famosa história da erupção que destruiu a cidade e, estando tão perto agora (a cidade fica a duas horas de Roma), não poderia deixar de conhecer.

Você não conhece a história de Pompéia? Vou tentar resumir. Pompéia foi uma cidade do Império Romano, completamente destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C. A erupção provocou uma intensa chuva de cinzas que deixou a cidade completamente soterrada, fazendo-a simplesmente "sumir do mapa". Pompéia era, portanto, na modernidade, uma cidade lendária, mantendo-se oculta por cerca de 1600 anos. Foi encontrada, por acaso. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico de valor extraordinário. Ali pode-se ter com uma clareza indescritível, a noção de como era a vida numa cidade da Roma Antiga, já que tudo permanece quase que intacto... Coisa impressionante de se ver são os corpos das vítimas da catástrofe moldados pela larva vulcânica, o que possibilitou que fossem encontrados da maneira e no local exatos onde morreram. Os cadáveres, em sua maioria, foram encontrados com as mãos no nariz. Isso porque se sabe que a população não chegou a presenciar a erupção propriamente dita, pois todos foram envenenados pelo gás tóxico liberado pelo vulcão, antes da erupção. Quando, finalmente, a larva devastou a cidade, todos já estavam mortos...

Toda a antiga cidade, hoje, encontra-se nas conhecidas Scavi di Pompei (escavações de Pompéia). Existe, porém, a atual cidade de Pompéia, com cerca também de 30.000 habitantes.

No sábado pela manhã, nosso programa era subir ao cume do Vesúvio, até a cratera! Ia ser demais! Mas a chuva não nos permitiu... Vou ter que voltar a Pompéia... (hehe). Não posso deixar de ver isso, não é mesmo?



Sim, é ele: o Vesúvio! Disseram que é muito difícil ver neve no cume. Pois, naqueles dias, nevou... Um carinho de Deus? Acho que sim...


O porto de Pompéia. Antes da erupção, o mar chegava até a entrada da antiga cidade. Ali, os navios paravam para descarregar as cargas ou simplesmente fazer uma pausa para continuarem a viagem.



Detalhe: avenidas e ruas da antiga cidade (acima e abaixo). Tudo quase intacto faz a gente voltar no tempo...





O jardim de uma casa da nobreza da época. As pinturas nas paredes conservam-se, em parte, até hoje. Dá para se ter uma idéia da beleza que eram há quase dois milênios atrás.

O anfiteatro da cidade e suas dependências (fotos acima e abaixo). Era uma espécie de Colosseo de Pompéia, pois servia para os mesmos fins: espetáculos públicos entre outros eventos.



O corpo de uma pessoa envenenada pelo gás tóxico expelido pelo vulcão. São corpos humanos mesmo, envolvidos pela larva vulcânica e, por isso, petrificados.


Os habitantes de Pompéia acreditavam que pulando os muros que cercavam a cidade, estariam libertos daquele tipo de "maldição". Diante do que restam das muralhas de Pompéia, podem ser vistos vários corpos de pessoas que, tentando fugir da cidade, morreram envenenadas ali. Eis o corpo de uma delas, o de uma criança...



Na saída das escavações, visão da torre da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, devoção muito comum em toda a região. Visitei a Igreja. Em seu interior, diferentemente de igrejas que se constituem como pontos turísticos, pode-se experimentar um profundo clima de recolhimento e oração.


Sorrento

Depois de passar cerca de quatro horas andando pelas escavações (e nem cansou, hein?!), pegamos o trem e fomos a Sorrento, outro paraíso na região. Todo pedaço da Itália conta uma história milenar. A cada estação em que o trem parava, era possível conhecer algo de interessante a respeito do local.

A cidade tem cerca de 15.000 habitantes e é uma preciosidade bem às margens do Mar Tirreno. O local atrai milhares de turistas, sobretudo, na época do verão. Numa posição estratégica do Golfo de Nápoles, de seu litoral pode se ver o Monte Vesúvio, a cidade de Nápoles, a ilha de Capri e as cidades circunvizinhas. Em Sorrento foi composta, em 1902, a mais famosa canção napolitana do mundo. Ainda, hoje, é possível escutá-la em várias partes, inclusive no Brasil. A música se chama Torna a Surriento. Para ouvi-la na voz de um dos maiores cantores da Itália, é só acessar o seguinte site:


Mar Tirreno, Golfo de Nápoles. Apesar do dia chuvoso, pode-se reconhecer a beleza do local. Ao fundo, vemos o Vesúvio.

Apesar de cidade litorânea com grande fluxo de turistas, a água é realmente límpida. Dizem que no verão, sob a luz do sol, é mais belo ainda. E eu acredito!


Minha passagem por Sorrento foi rápida e debaixo de chuva, mas ficou guardada no coração. Contemplar o mar foi algo muito bom... E, claro, melhor ainda foi tomar, em Sorrento, o verdadeiro sorvete napolitano! (hum... rs).





Castellammare di Stabia

Ao sul do Golfo de Nápoles, Castellammare di Stabia é uma cidade com cerca de 65.000 habitantes, que atrai milhares de turistas, tanto pela riqueza arqueológica que possui, como por suas termas. Conheci muito pouco da cidade, já que tive apenas dois dias para conhecer tudo. No entanto, fomos, à noite, numa cantina para comer a verdadeira pizza italiana. Conta-se que a pizza nasceu mesmo, ali naquela região. Posso dizer que provei e... gostei! (risos). É diferente da pizza "brasileira", mas tem um sabor todo especial!

Por fim, indico um site, pelo qual você poderá conhecer, via satélite, toda a região:


Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.

domingo, 9 de março de 2008

"Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou despertá-lo." (João 11,11)

5º Domingo da Quaresma - Ano A (2008)

Evangelho (João 11,3-7.17.20-27.33b-45)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

"Naquele tempo, as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas está doente'. Ouvindo isto, Jesus disse: 'Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela'. Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. Então, disse aos discípulos: 'Vamos de novo à Judéia'. Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá'. Respondeu-lhe Jesus: 'Teu irmão ressuscitará'. Disse Marta: 'Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia'. Então Jesus disse: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?' Respondeu ela: 'Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo'. Jesus ficou profundamente comovido e perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam: 'Vem ver, Senhor'. E Jesus chorou. Então os judeus disseram: 'Vede como ele o amava!' Alguns deles, porém, diziam: 'Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?' De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. Disse Jesus: 'Tirai a pedra!' Marta, a irmã do morto, interveio: 'Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias'. Jesus lhe respondeu: 'Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?' Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: 'Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste'. Tendo dito isso, exclamou com voz forte: 'Lázaro, vem para fora!' O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: 'Desatai-o e deixai-o caminhar!' Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele".

- Palavra da Salvação.

- Glória a vós, Senhor.



Caro amigo,

Espero que tenha passado bem essa semana. Tenho pedido a Deus por todos que me acompanham de longe, por este blog. Espero que você esteja vivenciando bem esse tempo de graça da Quaresma. Nele, como temos dito, o Senhor tem se revelado a nós de maneira privilegiada, de forma que, conhecendo-O, possamos, numa resposta de amor, transformar o que somos, convertendo todo o nosso ser.

Chegamos, com o Senhor, ao 5º Domingo da Quaresma, momento decisivamente importante nesse itinerário preparatório à Páscoa do Senhor. Estamos celebrando o domingo da Ressurreição de Lázaro. Volto a recordar que nesse Ano A, a Igreja proclama os Evangelhos da samaritana (símbolo da água), do cego de nascença (símbolo da luz) e da ressurreição de Lázaro (símbolo da vida) como caminho preparatório para o batismo dos catecúmenos e para a renovação das promessas batismais que todos faremos na Noite Santa da Páscoa. De fato, na Noite Santa, todos nós renasceremos para a graça de Deus e, seremos revestidos, de uma vida nova, vivida a partir do encontro com o Senhor Ressuscitado. Entender esse caminho que a Igreja, como mãe e mestra, nos convida a trilhar, é colaborar com aquilo que o Pai deseja realizar em nós, pelo Filho, no poder do Espírito Santo. Em suma, nesse importante tempo litúrgico, estamos sendo introduzidos no mistério de Deus, razão de nossa alegria e fonte de nossa salvação!

Ao iniciarmos nossa pequena reflexão sobre o trecho da Palavra de Deus para hoje, é interessante que observemos que a ressurreição de Lázaro não é aquela que acontecerá conosco no último dia, quando o Senhor vier definitivamente ao mundo para estabelecer novos céus e uma nova terra (cf. 2 Pd 3,13). É uma ressurreição, digamos, "parcial", no sentido de que Lázaro voltará a passar pela morte física. De fato, sabemos que Lázaro voltou a morrer, um dia, depois daquele episódio. Em outras palavras, Jesus não está nos falando da ressurreição do último dia, mas do renascer diário, experiência própria daqueles que vivem a vida em Cristo.

Se formos atentos, veremos que a mensagem que Jesus deseja comunicar aos que lhe acompanham, no Evangelho de hoje, é a mesma que Ele comunicou à samaritana (cf. Jo 4,25-26)e ao cego de nascença (cf. Jo 9, 35-37): a de que Ele é o Filho de Deus, Salvador do mundo. De fato, no episódio de Lázaro, ele também se apresenta como tal. A prova disso está na confissão de fé de Marta, que aqui, acontece de maneira mais rápida (talvez para nos mostrar de que estamos compreendendo melhor aquilo de que Ele deseja nos convencer): "Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo".

Nesse 5º Domingo da Quaresma, já podemos reconhecer que Jesus é o Filho de Deus e Salvador do Mundo, que nos dá a água viva que sacia nossa mais profunda sede (cf. Jo 4, 14), que ilumina nossa cegueira e nos faz voltar a enxergar (cf. Jo 9,5.7) e que nos comunica uma vida que jamais terá fim (cf. Jo 11, 25-26).

Dito isso, resta-nos perguntar: do que precisamos mais para viver de maneira plena? Permita-me lhe dizer que fico profundamente entristecido quando encontro pessoas que se sentem derrotadas diante dos fatos da vida ou que já perderam a esperança de que a vida pode ser efetivamente melhor. Essas pessoas esqueceram de que somos convidados a renascer (ou ressuscitar!) todos os dias de nossa vida.

Meu irmão, entender isso, significa, em outras palavras, dizer que devemos provar da força da Ressurreição de Cristo todos os dias! Sim, todos os dias! A cada manhã, devemos ressuscitar com Cristo! Não é a toa que o apóstolo nos lembra que "se alguém está em Cristo, é uma nova criatura" (2 Cor 5,17). Assim como não é por acaso que no versículo 11 do Evangelho de hoje (que omitimos na versão acima), Jesus diz: "o nosso amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou despertá-lo".

Escute! Talvez você esteja precisando disso: ser despertado pelo Senhor! Talvez estejamos, por algum motivo de nossas vidas, adormecidos, quase mortos... O Senhor está nos convidando a ressuscitar com Ele, todos os dias. Em outras palavras, Jesus está nos chamando a provar a força de sua Vida, em todas as situações pelas quais atravessamos. E isso significa fazer a experiência do Ressuscitado. Entende, agora, porque a Quaresma é uma verdadeira preparação para a Páscoa? O Senhor, a cada domingo, está nos ensinando, de fato, o que significa celebrar a sua Páscoa!

Tome posse da maravilha desse domingo! Permita que o Senhor te chame à vida! Permita-se experimentar a força da Ressurreição de Jesus, a cada dia de sua vida! E mais: comunique essa força às pessoas com as quais você convive...

Vamos lá! É hora de renascer! Hoje é dia de ressurreição!
Abençoada semana a você! Ressuscitemos, em Cristo, a cada dia...


Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.

domingo, 2 de março de 2008

Basílicas Papais - Parte 2

Hoje, vamos conhecer, dentre as quatro principais basílicas romanas, a mais importante delas. Se você pensou na Basílica de São Pedro, errou... A mais importante Basílica Papal é a San Giovani in Laterano (Basílica São João de Latrão).

Vamos conhecer um pouco da história desse importante lugar? O local onde se encontra, atualmente, a Basílica, era ocupado, no Império Romano, pelos lateranses, administradores do Imperador. A propriedade era do Imperador Constantino I e de sua segunda esposa, Fausta. São eles que a doam ao bispo de Roma, possivelmente no século IV, para a realização de um importante Sínodo dos Bispos de então.

Hoje, ao entrar pela Porta principal da Basílica, à esquerda, avistamos um monumento ao Imperador Constantino porque foi ele quem a construiu para ser a principal igreja de Roma. Era, a partir de então, a única dentre as três grandes basílicas construídas que se encontrava no interior dos muros que cercavam a cidade de Roma. A 'Basílica de São Pedro' e a 'Basílica de São Paulo Fora dos Muros' tinham sua importância porque situavam-se sobre os túmulos dos apóstolos, mas do lado externo da muralha.

Por esse motivo, a Basílica Lateranse passou a servir de Catedral. O que vem a ser uma Catedral? A palavra 'catedral' é utilizada para designar a Igreja que possui a cátedra oficial do Bispo da Diocese. Por isso, a Catedral é a principal Igreja de toda uma Diocese; é dela que o Bispo Diocesano preside todo povo de Deus a ele confiado. No caso da Basílica Lateranense, ela é a principal das Basílicas Papais por ser designada como a Catedral do Bispo de Roma. Ora, sabemos que o Bispo de Roma é o Papa que preside não só a Igreja de Roma como a do mundo inteiro. Por isso, a Basílica de Lateranense é a mãe e cabeça de todas as Igrejas do mundo. E é também por isso que, no mundo inteiro (inclusive no Brasil) no dia 09 de novembro, a Igreja comemora a Festa da Dedicação da Basílica do Latrão. Essa festa litúrgica quer ser o sinal visível da unidade da Igreja, presidida pelo Sumo Pontífice, sucessor direto do Apóstolo Pedro.

Vale dizer ainda que, nessa Basílica, aconteceram os quatro primeiros Concílios Ecumênicos realizados no Ocidente tendo sido, portanto, palco de capítulos importantíssimos na História da Igreja.



Fachada da Basílica


Porta Santa, aberta nos anos jubilares. João Paulo II, aí esteve para abri-la, em 2000.



Porta Santa. Detalhe, ao chão.


Pórtico da entrada lateral.

Nave principal da Basílica.


A nave central da Basílica é ladeada pelos doze apóstolos talhados em pedra. São imagens lindas e ricas em detalhes que a máquina fotográfica, infelizmente, não consegue captar... Esse é São Judas Tadeu. Eu o fotografei porque foi por causa dele que minha mãe me deu o nome de Tadeu...


Presbitério



Presbitério. Vista lateral.


Teto sobre o presbitério. Riqueza de detalhes.

Ao fundo, cátedra do Papa. Dali, simbolicamente, ele preside a Igreja Católica Apostólica Romana espalhada pelo mundo inteiro.

sábado, 1 de março de 2008

"... agora vejo!" (cf. Jo 9,15)

4º Domingo da Quaresma - Ano A (2008)

Evangelho (João 9,1.6-9.13-17.34-38)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

"Naquele tempo, ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. E cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: 'Vai lavar-te na piscina de Siloé' (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego — pois ele era mendigo — diziam: 'Não é aquele que ficava pedindo esmola?' Uns diziam: 'Sim, é ele!' Outros afirmavam: 'Não é ele, mas alguém parecido com ele'. Ele, porém, dizia: 'Sou eu mesmo!' Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego. Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: 'Colocou lama sobre os meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!' Disseram, então, alguns dos fariseus: 'Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado'. Mas outros diziam: 'Como pode um pecador fazer tais sinais?' E havia divergência entre eles. Perguntaram outra vez ao cego: 'E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?' Respondeu: 'É um profeta'. Os fariseus disseram-lhe: 'Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?' E expulsaram-no da comunidade. Jesus soube que o tinham expulsado. Encontrando-o, perguntou-lhe: 'Acreditas no Filho do Homem?' Respondeu ele: 'Quem é, Senhor, para que eu creia nele?' Jesus disse: 'Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo'. Exclamou ele: 'Eu creio, Senhor!' E prostrou-se diante de Jesus".


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.






Prosseguimos nosso caminho de preparação à Celebração da Páscoa do Senhor. E o Senhor continua se dando a conhecer, cada dia melhor, a nós, os seus discípulos, chamados a ser testemunhas de sua Ressurreição.

No domingo passado, dissemos que, pela liturgia dominical desse tempo, estamos sendo preparados para renovar nossas promessas e compromissos batismais na Noite Santa da Páscoa. Nesse 4º Domingo da Quaresma, acompanhamos o encontro de Jesus com o cego de nascença, quando Jesus se apresenta como a "luz do mundo" (João 9,5). De fato, quando batizados, recebemos a luz de Cristo e assumimos o compromisso de levá-la a todas as pessoas com as quais nos vivemos e nos relacionamos.

Foi exatamente assim que aconteceu com o cego do Evangelho. Convido você a ler a narrativa completa dessa história (João 9, 1-41). O passos dados pelo cego em relação ao conhecimento de quem era Jesus são muito parecidos com os realizados pela samaritana (3ºDomingo). O que o distingue dela, no entanto, é que ele vai conhecendo o Senhor, ao mesmo tempo em que o testemunha diante das pessoas de seu tempo. Porém, ao final do encontro, ambos, chegam à descoberta da mesma verdade fundamental a respeito da pessoa de Jesus: Ele era o Filho de Deus!

É exatamente a respeito disso que o Senhor está tentando nos convencer: Ele é o Filho de Deus, Salvador e Redentor de nossa vida, água viva que mata a nossa sede, luz que ilumina a nossa treva interior. À medida que nos aproximamos dele e o conhecemos, somos chamados a testemunhá-lo como o fizeram a samaritana e o cego. Somos chamados a levar da água viva aos sedentos do mundo de hoje, assim como convocados a iluminar com a luz do Senhor, a vida de tantos que andam nas trevas do pecado.

Na verdade, o Senhor nos prepara para sermos testemunhas de sua Ressurreição às pessoas do mundo de hoje. Ainda hoje, Ele continua querendo se encontrar com cada uma delas e nos convocas a sermos aqueles que preparam seu caminho. As pessoas precisam conhecê-lo por meio de nossas palavras e atos.

A samaritana e o cego encontram o Senhor Vivo e o anunciam a todos. Não é o Senhor vivo quem encontramos na Eucaristia de todos os domingos? Pois bem. É Ele quem nós precisamos anunciar.

Que Deus abençoe nossa caminhada quaresmal! Que a força de sua Ressurreição atinja a nossa vida, de modo que nos sintamos impelidos a manifestá-la ao mundo inteiro!

Santa Quaresma a você!
Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.