terça-feira, 29 de abril de 2008
Um amigo de Deus (29.04.2008)
sábado, 26 de abril de 2008
"Ele permanece junto de Vós e estará dentro de Vós!" (João 14, 17)
— Ele está no meio de nós!
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
— Glória a Vós, Senhor!
Imagem do Espírito Santo fixada na Basílica de São Pedro, em Roma
Quantas pessoas precisam "acordar" para essa novidade! Quantos precisam acolher essa verdade que transforma: "...Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós" (João 14, 17). Somos templos do Espírito Santo! Deus habita dentro de nós por meio de seu Espírito! Tomar posse dessa certeza é o início da mudança de vida tão necessária, é permitir que Deus opere livremente em nosso coração, é entregar a condução de nossa vida em suas santas mãos, é sermos, enfim, inteiramente Dele. É sermos, de verdade, amigos de Deus...!
Ao longo de semana, convido você a pedir junto comigo o dom do Espírito Santo sobre nossa vida! Você pode se perguntar: "Mas se Ele está dentro de mim, por que é preciso que eu o peça?" Na verdade, pedir o dom do Espírito significa lhe dar a "permissão" de agir em nós. Deus não age em nós sem nossa permissão... Ele respeita até o último instante nossa liberdade... Por isso, é importante pedir com fervor: "Vem, Espírito Santo!"; em outras palavras, dizer-lhe: "Sim, Senhor, age em mim, eu lhe permito... E nós poderemos fazer essa pequena oração, repetindo-a ao longo de todo o dia: ao levantar, no caminho para o trabalho ou à escola, durante nossas atividades, no banho, enfim, em todas as grandes e pequenas atividades que realizamos, basta dizer do fundo do coração: "Vem, Espírito Santo!" É assim que vamos permitindo que Ele vá ampliando seu raio de ação dentro de nós...
Tenho a certeza de que, pouco a pouco, seremos pessoas transformadas pelo poder do Espírito de Deus! Eu acredito nisso! E você?
Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.
domingo, 20 de abril de 2008
"Eu estou no Pai e o Pai está em mim!" (Jo 14,11)
Evangelho (João 14, 1-12)
domingo, 13 de abril de 2008
"Eu sou a Porta!" (João 10,9)
Caros amigos
Nesse 4º Domingo da Páscoa, Jesus toma um exemplo muito comum aos homens e mulheres de sua época para falar sobre o modo como Deus se relaciona conosco. Certamente, falando a nós homens e mulheres de hoje - ao menos a nós que habitamos em grandes cidades -, ele não utilizaria a figura do pastor de ovelhas. Jesus utilizava linguagem e imagens muito próximas do cotidiano das pessoas para as quais ele falava, de modo que sua mensagem fosse muito bem compreendida. Aí está o belo: reconhecer esse desejo que parte do coração do Senhor de tornar sua mensagem cada vez mais clara e acessível e, que por isso, chegue ao coração de todos, sem exceção. De fato, na época de Jesus, a figura do pastor de ovelhas era bem conhecida, desde os doutores da Lei até as pessoas mais simples do povo.
É importante lançarmos um olhar sobre esse "mundo" do pastoreio. Hoje, vamos observá-lo sobre dois aspectos: o ambiente em si e a relação pastor-rebanho.
Em relação ao ambiente em si, podemos dizer que o pastor, mesmo nos nossos dias, é aquele que cuida do local no qual as ovelhas se encontram, desde da verificação das pastagens onde comem para se certificar que sejam boas e próprias até os cuidados com a segurança e limpeza de onde dormem. E, tanto carinho e dedicação para que possam viver bem e permanecerem livres dos perigos que mais assolam esse tipo de ambiente: doenças e animais predadores, por exemplo.
Justamente pelo contato que mantém com suas ovelhas, o pastor cria com elas um relacionamento de confiança. E aqui está o segundo ponto de nossa reflexão. Pelo convívio diário, ele acaba conhecendo suas ovelhas, de modo que, é capaz de distinguir muito bem uma da outra e saber quando esta ou aquela não está muito bem. E o rebanho também é capaz de conhecer quando é o pastor que se aproxima, capaz de distingui-lo dentre outras pessoas que se aproximam! É verdade, sim, que as ovelhas conhecem a voz do Pastor e que lhe são muito mais dóceis que à voz de pessoas estranhas.
Pois bem. No Evangelho de hoje, em relação ao ambiente do pastoreio, o Senhor nos faz fixar a atenção à função da porta do redil. Ele mesmo nos diz: "Eu sou a porta". A porta do redil tem uma função importantíssima: é por ela que o rebanho é conduzido para as pastagens mais seguras e também é por ela que o rebanho tem o retorno assegurado para um repouso tranquilo. Ela é, portanto, uma via de acesso necessária a todo o rebanho. Por isso, Jesus também afirma a seu respeito: "Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem." É também a partir daí que podemos afirmar que a porta garante a vida do rebanho e, por isso também, ele afirma: "Eu vim para que tenham vida e a tenha em abundância."
Em relação ao relacionamento pastor-rebanho, Jesus também diz que "as ovelhas escutam a sua voz", que o pastor "chama as ovelhas pelo nome e as conduz, caminhando a sua frente" e que "as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz". Todas expressões para descrever a intimidade que se estabelece entre o pastor e seu rebanho. É por isso também que no versículo 11, o Senhor acabará dizendo: "Eu sou o bom pastor!".
Por fim, um outro item interessante a se observar no Evangelho desse 4º Domingo, é aquele por meio do qual o Senhor começa a narração: "Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas." Aqui, em outras palavras, está sendo dito que por essa porta só passa aquele que é verdadeiro pastor, ou seja, o pastor autêntico deve ter os mesmos sentimentos e atitudes em relação às ovelhas, deve amá-las e estar disposto a dar sua própria vida para que elas tenha vida, assim como o Senhor o fez. Por isso o Evangelho de hoje é também critério para todos aqueles que recebem a missão de serem pastores do povo de Deus. E é também por isso que a Igreja, nesse domingo, reza pelas vocações. Toda a pessoa que exerce para com o povo de Deus uma função, grande ou pequena, de "pastoreio" deve realizá-la por, com e em Jesus, a única porta pela qual se tem verdadeiro acesso ao rebanho.
Convido você, ao longo dessa semana, a rezar pelos nossos pastores para que sejam sinais vivos do Senhor da Vida para todo o rebanho que Deus lhes confia. Rezemos também para que todos cresçamos na intimidade com o Supremo Pastor, que conheçamos cada dia mais sua suave voz e que jamais nos separemos do rebanho que o tem como verdadeiro e único Pastor.
Boa semana todos!
Com afeto salesiano,
P. Mauricio Miranda.
Exercícios Espirituais na Polônia - Parte Final
Wieliczka, fundada em 1290, é uma cidade do sul da Polônia, na área metropolitana de Cracóvia, situada na região da Pequena Polônia. As minas da cidade foram ocupadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e utilizadas como armazém para fábricas de produtos militares.
As minas de Sal em Wieliczka (entrada)
Deus abençoe sua vida!
Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda."Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem "o que é que está dentro do homem". Somente Ele o sabe!
Hoje em dia, muito frequentemente o homem não sabe o que traz no interior de si mesmo, no profundo do seu ânimo e do seu coração, muito freqüentemente se encontra incerto a cerca do sentido da sua vida sobre esta terra. E sucede que é invadido pela dúvida que se transforma em desespero. Permiti, pois — peço-vos e vo-lo imploro com humildade e com confiança — permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna."
(João Paulo II ao mundo, aos 22 de Outubro de 1978)
Exercícios Espirituais na Polônia - Parte 5
Depois de um momento de silêncio e oração pessoal, tivemos a Celebração Penitencial e, logo após, todos nós, cerca de 50 padres, pudemos nos confessar. Como é bom poder fazer, agora como penitente, a experiência da misericórdia de Deus por nós. Em minha postagem sobre o dia de Páscoa, em Cassino (Itália), relatei como foi bom ser, como padre, sinal da Misericórdia de Deus às pessoas, mas muito melhor que isso, é ser objeto, alvo de tal Misericórdia.
Minha experiência
O Santuário da Divina Misericórdia (ele, na foto, é visto por trás, já que está voltado para uma imensa planície que não se pode ver pela foto).
A torre bem à entrada do Santuário. No detalhe (acima e abaixo), se vê a imagem de João Paulo que acolhe e abençoa os peregrinos que ali chegam sedentos da Misericórdia de Deus.
Cópia do Quadro de Jesus Misericordioso fixado no altar do Santuário.
Essa é a pequenina capela onde, segundo o Diário Espiritual de Santa Faustina, Jesus pediu que o quadro de sua Divina Misericórdia fosse colocado para veneração pública. Segundo ela, Jesus quis que a Divina Misericórdia fosse venerada pelas irmãs do convento, em primeiro lugar, mas depois pelo mundo inteiro!
Eis o famoso quadro original. Impressionante o silêncio que se pode sentir nesse local... Ali, rezei por todos que se recomendam às minhas orações ou foram a elas recomendados. Rezei, especialmente, por você que me acompanha por esse blog. Abaixo o quadro, pode se ver o local onde está posto o corpo de Santa Faustina.
Exercícios Espirituais na Polônia - Parte 4
Assim que saímos da paróquia salesiana de Debniki, fomos visitar o Castelo Real de Wawel. E por que visitamos esse local em dia de Retiro? Em primeiro lugar, porque, bem no meio do Castelo encontra-se a Catedral de Cracóvia, local de onde por longos anos, o simpático Cardeal Arcebispo karol Woytilla, governou e animou a Igreja de Cracóvia, até que o Senhor o chamou para ser Pastor da Igreja Universal. Na cripta da Catedral está o altar onde o recém-ordenado Padre Woytilla celebrou sua primeira missa. Outro fator que nos levou a realizar a visita ao Castelo Real é porque, de fato, a visita ao local é obrigatória para quem deseja conhecer a história de Cracóvia e de toda a Polônia.
Vista do Castelo Real de Wawel
Vista do Castelo Real de Wawel
Vista do Castelo Real de Wawel
Catedral de Cracóvia (o interior também não pode ser fotografado; é belíssimo!...)
Cripta da Catedral: esse foi o altar onde o jovem padre Karol Woytilla celebrou sua primeira missa. Disse certa volta que escolheu esse local para sua primeira missa, pois, de fato, nessa cripta está sepultada toda a história da Polônia. Na foto não é possível ver, mas nos arredores da cripta estão os túmulos de vários personagens importantíssimos para a história polonesa, grandes e homens e mulheres de Deus.
Por fim, depois da visita ao Castelo Real e à Catedral de Cracóvia, visitamos os lugares históricos de Cracóvia relacionados à vida de João Paulo II. Seguem algumas fotos de alguns dos lugares mais interessantes.
A rua mais antiga da Polônia. Ela existe desde o século VIII!
Curia Metropolitana de Cracóvia. Aí trabalha o atual Cardeal arcebispo de Cracóvia e, por muitos anos, sob o regime comunista polônes, trabalhou o Cardeal Karol Woytilla. Todas as vezes que ele visitou, como Papa, sua querida Polônia, se hospedou nesse local. Aparecia e falava ao povo daquela pequena janela, onde, pela foto, se pode ver uma pequena foto sua. Pude assistir à gravação de um filme de uma dessas aparições. Para além de ser um papa polonês (o que sem dúvida alguma causava comoção em todos os presentes na praça diante da Cúria), João Paulo II emocionava pela simples presença e jeito de ser. Eu também me emocionei ao assistir ao filme...
Praça do Mercado, em Cracóvia. Aí está o coração de Cracóvia. A praça é também um dos pontos mais antigos da cidade (séc. VIII) e foi palco de muitos episódios da história desse povo. Na foto, parte de nosso grupo. Só por essa foto se pode imaginar a experiência interessante que se faz por aqui da presença salesiana no mundo. De fato, Dom Bosco e seu carisma penetraram os mais diversos locais do planeta. Para citar alguns, na foto, todos salesianos (tirando a guia! rs), provenientes de Moçambique, Espanha, Índia, Vietnã, Congo, Ruanda, Tailândia, México e Brasil (hehe.. dá pra ver?!)
Praça do Mercado (Detalhe)
Primeira paróquia de Cracóvia; um dos mais belos e maiores símbolos da Praça do Mercado (abaixo, uma foto do interior da Igreja: belíssima!)
A mais antiga universidade de Cracóvia. Aqui, o jovem Karol Woytilla era estudante quando os nazistas invadiram o prédio e o ocuparam. Outro célebre aluno dessa Universidade é Nicolau Copérnico (*1473 +1543)
Placa indicativa da casa da família de Karol Woytilla na Polônia. Ele morava aí quando jovem. Foi aí também, escondido no porão da casa, que ele escapou de ser preso pelos nazistas que invadiram a casa (abaixo, a casa vista de frente).
Ao entrar na cidade de Cracóvia, se pode ver, à esquerda da estrada, no alto do monte, o casarão que, durante a ocupação nazista, serviu como Sede do Partido Nazista.
domingo, 6 de abril de 2008
O Senhor esteja convosco! Ele está no meio de nós!
Evangelho (Lucas 24, 13-35)
— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Devo começar essa postagem, desculpando-me pela minha ausência nos últimos dois domingos. Como puderam observar nas postagens anteriores, estive impossibilitado de acessar a internet naquelas ocasiões. Nesse 3º Domingo do Tempo Comum retomamos nossa caminhada de reflexão semanal sobre o Evangelho de cada Domingo.
No Domingo de Páscoa, lemos que aqueles que foram ao túmulo na manhã do primeiro dia da semana, o encontraram vazio, com os panos de linho dobrados pelo chão (João 20, 1-9). No 2º Domingo da Páscoa, acompanhamos o relato da aparição de Jesus aos seus díscípulos por duas vezes e da incredulidade de Tomé (João 20,19-31).
Se observarmos bem, veremos que também nesse 3º Domingo de Páscoa o Senhor continua se manifestando aos seus discípulos (Lucas 34, 13-35). E por que? Porque a experiência pascal implica realmente isso: o encontro decisivo que a comunidade cristã reunida faz com o Senhor Ressuscitado. Por isso, hoje, Ele continua querendo se manifestar a nós, no cotidiano de nossas vidas; também nós somos convidados, como comunidade de fiéis reunidos no Nome dele, a nos encontrarmos cotidianamente com Ele. Não é à toa que na Celebração Eucaristica, minimamente por três vezes, o sacerdote diz: "O Senhor esteja convosco" e a assembléia é convidada a responder: "Ele está no meio de nós!" Essa é a certeza que devemos levar no coração: Ele está no meio de nós, não nos abandona, caminha ao nosso lado! É assim que podemos dizer que celebramos a força da Ressurreição do Senhor, quando permitirmos que Ele se manifeste com todo seu amor e poder na vida de nossa comunidade!
1. "... e começou a caminhar com eles." (Lucas 24, 15)
No início do Evangelho desse Domingo, vemos a Igreja ser retratada como de fato ela é: povo de Deus que caminha pelas estradas do mundo. Os discípulos de Emaús caminhavam juntos e eis que, "enquanto caminhavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles." (Lucas 24,15)
O mesmo acontece conosco, hoje. Jesus continua a caminhar conosco. O próprio Papa Bento XVI, na oração do meio-dia (Ângelus) de hoje, disse aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro: "Emaús é o lugar por onde caminha cada cristão".
2. "...estavam como que cegos e não o reconheceram." (Lucas 24, 16)
Interessante observar que os discípulos de Emaús não eram pessoas que nunca haviam ouvido falar do Senhor. Não! Eles eram verdadeiros discípulos. Tanto é verdade que, quando Jesus (que eles não reconheciam naquele momento) lhes pergunta sobre o que iam falando, eles não exitam em lhe responder que falavam de Jesus, "um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo." (Lucas 24, 19). No entanto, ainda não tinham dado o passo mais decisivo na fé, o de participarem efetivamente da Ressurreição de seu Senhor; por isso não o reconheciam naquela situação de suas vidas.
Tenho a nítida impressão de que inúmeras pessoas ainda hojem vivem assim... Há aquelas que não vão à Igreja, mas que dizem crer em Deus, ainda que essa "fé" não faça realmente diferença na vida de nenhuma delas. Há também aquelas que freqüentam a Igreja e que são capazes de falar a respeito daquilo que sabem sobre Jesus, mas, no entanto, é apenas um conhecimento de "ouvir falar" que não atinge as áreas mais profundas de suas vidas. Como não nos recordar daquelas que estão decepcionadas com o Senhor, justamente por não compreenderem que Ele caminha ao lado delas, independente da situação pela qual atravessam; essas últimas, como os discípulos de Emaús, repetem todos os dias "nós esperávamos que Ele fizesse algo, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram e ninguém ouviu falar Dele..." (cf. Lucas 24, 21). A todas essas pessoas, no entanto, falta ainda reconhecer que o Deus vivo nunca as abandona! A ausência da real experiência do Ressuscitado é o grande mal que assola o coração de muita gente de nosso tempo. Eis a primeira certeza de que precisamos, verdadeiramente, tomar posse: Ele está no meio de nós! E isso não é "faz-de-conta", nem força de expressão! É a mais pura e bela realidade, capaz de transformar uma vida inteira!
3. "Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus." (Lucas 24, 31)
Você pode se perguntar, depois dessa nossa breve reflexão: "Mas onde e como posso realizar essa real experiência com o Senhor Vivo?" Essa parece ter sido a mesma pergunta levantada pela comunidade para a qual foi escrito o Evangelho de Lucas, pois a intenção do autor do Evangelho, sobretudo, nesse trecho que agora analisamos, é claramente uma só: ensinar onde é possível reconhecer a presença do Senhor Ressuscitado e entrar em encontro permanente com Ele.
Note que os discípulos reconhecem o Senhor quando Ele parte o pão (cf. Lucas 24, 31), mas imediatamente se recordam também que seus corações ardiam quando quando Ele lhes falava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras. (cf. Lucas 24, 32). Se formos bem atentos, veremos que o relato do caminho de Emaús traz consigo dois momentos fundamentais: o primeiro é quando Jesus, "começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele." (Lucas 24, 27) e, um segundo momento, "quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía." (Lucas 24, 30).
Que isso significa? Implica dizer que os discípulos reconhecem o Senhor a partir de duas ações fundamentais: a escuta da Palavra e a fração do Pão. Ora, não são justamente as partes fundamentais que constituem a Celebração Eucarística: Liturgia da Palavra (quando a Palavra de Deus é proclamada e acolhida) e a Liturgia Eucarística (quando o sacerdote, repetindo os gestos de Jesus, toma o pão, abençoa-o e o distribui)?
Essa é a grande mensagem do Evangelho de hoje e também a grande resposta a sua pergunta: é na Celebração Eucarística, de modo privilegiado, que fazemos a experiência do Senhor Ressuscitado! Ainda que, como os discípulos de Emaús, não o vejamos com os olhos físicos, já que Ele "desapareceu da frente deles" (Lucas 24, 31), nós o podemos senti-Lo e acolhê-Lo na fé! Por isso, na Missa, mediante as palavras do sacerdote quando diz: "Eis o mistério da fé!", respondemos com convicção: "Anunciamos a vossa morte, Senhor, e proclamamos a sua Ressurreição! Vinde, Senhor Jesus!"
É justamente quando passamos a compreender essas coisas, que nossa vida passa a ter novo valor e sentido, já que ela passa a ser enxergada à luz de cada Eucaristia. E nesse sentido, as missas passam a ser para nós, não mero dever a cumprir, mas real necessidade para nossa vida!
Querido(a) amigo(a), talvez você esteja distante da Missa há um bom tempo ou não tem encontrado muito sentido em participar dela. Que tal começar fazer valer a pena essas simples palavras que repetimos continuamente: "Sim! É verdade! Ele está no meio de nós!" ? Espero e rezo para que você descubra a força dessas palavras em sua vida!
Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.
Exercícios Espirituais na Polônia - Parte 3
Dia 26/03 foi o dia mais frio de toda semana. Os termômetros chegaram a registrar índices negativos em várias partes do país. Ao amanhecer e abrir a janela do quarto, pela primeira vez na vida, pude ver a neve que cobria tudo! Uma visão fantástica! Um pequeno presente de Deus...
Logo depois das orações da manhã, ouvimos uma pregação sobre a vida de Karol Woytilla, enquanto cidadão polaco. De fato, na Polônia, ele nasceu, cresceu e passou a maior parte de sua vida, antes de ser chamado a servir a Igreja como Sucessor de Pedro. Para entender sua história, personalidade e espiritualidade, é necessário compreender minimamente o contexto social e político de seu tempo. Por isso também nesse dia, à tarde, ao longo do trajeto que percorremos de ônibus, assistimos a dois documentários sobre sua vida durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Polônia estava sob domínio nazista e, depois, os anos passados sob o governo comunista. O primeiro lugar que conhecemos foi Wadowice, cidade natal de João Paulo II e, depois, visitamos os campos de concentração nazistas de Auschwitz.
Impossível relatar aqui a riqueza que significou esse dia para mim e para todos os que realizaram esse Retiro Espiritual. Tentarei, em breves palavras, relatar um pouco como as coisas aconteceram.
Vista de Wadowice
Casal onde nasceu Karol Woytilla (João Paulo II)
Entrada do Museu dedicado a João Paulo II
O caminho à Igreja Paroquial
Igreja Paroquial onde Karol Woytilla foi batizado.
Monumento dedicado ao mais famoso paroquiano do local...
Interior da Igreja
Pia batismal onde Karol Woytilla recebeu o Sacramento do Batismo
Oswiecim
Ao sairmos de Wadowice, fomos em direção a Oswiecim (60 km de Cracóvia). A cidade possui uma história quase milenar, tendo surgido no início do século XII. Em 1940, foi invadida e conquistada pelos nazistas que construíram ali os famosos campos de concentração. "Auschwits" é a versão alemã do nome polaco "Oswiecim". Hoje, a cidade, que conta com cerca de 40.000 habitantes, conserva seu nome em polaco, mas abriga em seu território, a amarga lembrança do maior campo de concentração da Segunda Guerra Mundial, responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas.
Antes de visitarmos o Campos de Concentração, paramos na casa salesiana presente naquela cidade. Um fato curioso é que a obra salesiana dali foi a única escola que permaneceu em funcionamento durante a ocupação nazista. Os salesianos conseguiram permissão para continuar suas atividades apenas com uma escola profissional. Na Casa Salesiana de Oswiecim, nós celebramos a Eucaristia, almoçamos e depois partimos para a visita ao Campo de Concentração de Auschwitz.
Obra Salesiana de Oswiecim
Eucaristia celebrada pelo grupo de salesianos em Retiro
O campo de Auschwitz
Entre maio de 1940 e janeiro de 1945, cerca de 1.100.000 pessoas, em grande parte judeus, morreram em Auschwitz. O Campo de Concentração de Auschwitz foi construído nas dependências dos quartéis do exército polonês. Para atender à demanda de prisioneiros de guerra enviados àquele lugar, foram construídos também numerosos "campos satélites", de cujo complexo, Auschwitz era o centro administrativo. Dentre esses "campos satélites" visitamos o Auschwitz II - Birkenau (situado próximo à localidade de Brzezinka). Este campo é famoso por ter abrigado, no auge de sua atividade, seis câmeras a gás e quatro fornos crematórios...
Não é preciso dizer que a sensação de quem visita um lugar como esse é uma das piores já experimentadas na vida. Ali se tem certo contato de até onde chega o egoísmo e a barbárie humanos. No silêncio absoluto que reina em todos os lugares de Auschwitz é possível escutar milhões de gritos humanos vitimas daquele genocídio. Infelizmente, aquilo que se pode ver em Auschwitz (as fotos abaixo não são nem 10%) não são peças de museu como se fossem coisas do passado. Podemos imaginar as coisas que acontecem nos interiores de "campos de concentração" que ainda hoje se erguem nas regiões castigadas por guerras... São atrocidades que o mundo não vê, mas acontece, exatamente como na época de Auschwitz. O apelo de Auschwitz permanece eloquente. Ele continua sendo um monumento vivo à paz! Dali, a única palavra que sai do coração, vai em direção a Deus, para dizer tão somente: "Misericórdia de nós, Senhor!"
Porta de entrada do Campo de Auschwitz. Ao alto se podia ler "o trabalho renderá a liberdade". Não passava de uma propaganda enganosa, já que as pessoas que atravessavam esse portão, nunca mais voltariam a sair por ele...
Alojamentos do campo (fotos acima e abaixo)onde os prisioneiros eram colocados. Em alguns desse prédios funciona o museu de Auschwitz. Outros, no entanto, são conservados tal e qual o eram na época do massacre.
Cela onde morreu São Maximiliano Maria Kolbe, padre polonês, canonizado por João Paulo II; deu sua vida no lugar de um condenado à morte por que este era um pai de família. Nesse mesmo campo de concentração, morreram personalidades como Santa Edith Stein.
Fornos crematórios reconstituídos. Depois de serem mortos nas duchas de ácido ou nas câmaras de gás, as pessoas eram incineradas em fornos como esses. Sabe-se que as mulheres e crianças que chegavam ao campo eram mortos no mesmo instante; apenas os homens que podiam aguentar o duro ritmo de trabalho escravo, sobreviviam por mais tempo.
Placa na entrada do Campo de Concentração de Birkenau.
Entrada do Campo de Birkenau. Os prisioneiros eram trazidos por trem que os deixava dentro do campo. Dali, separavam-se os homens de suas mulheres e filhos. Os primeiros, como dissemos anteriormente, eram levados para os alojamentos, os demais, todos imediatamente mortos. Apenas algumas crianças sobreviviam para serem submetidas à experiências "científicas" desumanas.
Imagens à entrada do campo da chegada dos prisioneiros.
A quantidade de alojamentos de Birkenau nos dá a idéia da multidão de pessoas que por ali passaram...
Espaço interno de um dos alojamentos. Os prisioneiros dormiam amontoados como animais nesses comprtimentos, sem nenhum tipo de aquecimento. Quando visitávamos esse lugar, a temperatura chegou a -2ºC. No entanto, fomos informados que, no inverno rigoroso, a temperatura do lugar chega a -20ºC. Por esse motivo, os que não morriam pelo esforço do trabalho, acabavam morrendo doentes, geralmente, vítimas por epidemias descontroladas que acometiam esses alojamentos...
Espaço reservado como banheiro pelos prisioneiros. Como se vê, não havia higiene alguma, o que ocasionava mais doenças epidêmicas, responsáveis pela morte de outras milhares de pessoas.