quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

França - Conclusão

Os três dias passados em Paris reservavam uma agradável surpresa que eu chamo de "graça", já que para mim foi realmente um grande presente de Deus: a visita a Lisieux, terra natal de Santa Teresinha do Menino Jesus.

Devo contar resumidamente "minha história" com Teresa. Eu a conheci em 1996, por intermédio de um amigo seminarista que me me falou dela, quando fazia um ano que eu estava no seminário. Confesso, porém, que depois de ouvir e ler alguns fatos sobre sua pessoa, disse a esse amigo que não havia encontrado nada de especial em Teresa e que não entendia porque falavam tanto de um pessoa tão simples assim... Claro que ele censurou meu comentário..., mas segui não dando tanta importância à Teresa de Lisieux.

O fato é que, hoje, relendo minha história, Teresa sempre me acompanhou de algum modo. Foram inúmeras as situações em que me vi com algum material que falava sobre ela em mãos. Seguia, no entanto, com aquela primeira percepção de que realmente aquela santa não havia nada de especial para me dizer...
Nos três anos seguintes ao ano que a conheci, a deixei de lado, mesmo porque os anos de formação no seminário me levaram a fazer uma sólida amizade com Dom Bosco. Santa Teresinha retornaria às minhas leituras apenas no ano 2000, quando resolvi comprar um grosso volume das Obras Completas de Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. E, foi, durante os anos de teologia que fui, aos poucos, descobrindo que a grandeza da "menina simples de Lisieux" estava justamente no fato de se ter feito pequena. Era a pequenez a sua grande virtude!

Já a considerava uma grande companheira minha quando fui ordenado padre; em seus escritos aprendia muito a respeito do caminho de crescimento na intimidade com o Senhor. Por um carinho especial de Deus, a primeira obra para a qual a Providência me destinou era a ela dedicada. Durante a semana, trabalhava num colégio que a tinha como Patrona e, aos finais de semana, celebrava numa paróquia a ela dedicada. Ao longo dos dois anos que vivi naquela obra salesiana, pude muitas vezes experimentar a intercessão dela, enquanto ela continuava a me ensinar muito sobre a intimidade com Deus.

Bem, a partir do pouco que descrevi acima, você que me acompanha pelo blog pode imaginar a graça que foi poder estar na cidade e no convento onde ela viveu, além de rezar na belíssima basílica a ela dedicada.

Não considero suficiente minha intimidade com Deus. Sigo procurando mais. Quero ir muito mais além! E, nesse caminho, os santos continuam sendo para mim modelos inigualáveis: em primeiro lugar, Dom Bosco, meu pai fundador e tantos outros santos da Família Salesiana; depois, Teresinha do Menino Jesus; e outros que o próprio Deus vai me apresentando como modelo, dia após dia. Cada um deles tem algo a me ensinar. Apesar de minhas fraquezas, procuro aprender um pouco com cada um...

Santa Teresinha do Menino Jesus

Maria Francisca Teresa Martin nasceu em Alençon (França), no dia 2 de janeiro de 1873, numa familia de profunda vivência cristã. Foi a caçula de nove filhos, dos quais quatro morreram ainda pequenos. Com a morte de sua mãe (1877), vítima de câncer, sua família se transfere para a cidade de Lisieux. Teresa cresce sob os cuidados de seu pai, Luís Martin, e de suas irmãs mais velhas, Paulina, Maria, Leônia e Cecília.

Com a entrada de sua irmã mais velha, Paulina, no Carmelo de Lisieux (1882), Teresa adoece gravemente, ficando às portas da morte. No dia 13 de Maio de 1883, quando já parecia inevitável a morte, Teresa vê a imagem da Virgem Maria que miraculosamente sorri para ela e imediatamente é curada de sua doença. A cura repentina e aquele sorriso materno de Maria a fazem ainda mais determinada a realizar o sonho de se consagrar totalmente a Deus. É com as seguintes palavras que Teresa descreve o momento de sua primeira comunhão (1884): "foi um beijo de amor, me sentia amada e dizia também: Te amo, me dou a ti para sempre".
Aos 14 anos, Teresa anuncia ao pai a intenção de ingressar no Carmelo. Aos 15 anos (9 abril de 1888) passa pelo portão da clausura, depois de ter obtido – considerada a sua jovem idade – uma autorização particular do papa Leão XIII, com quem se encontrou no dia 20 de novembro de 1887, em Roma. No Carmelo, era portadora de uma serenidade sem igual; sua paz interior jamais a abandonou, nem mesmo durante as mais duras provas de sua vida.

Sua saúde sempre debilitada não resistia ao rigor da vida no carmelo e no dia 30 de setembro de 1897, aos 24 anos de idade, morre de tubercolose. Os nove anos transcorridos na vida religiosa, aparentemente sem importância, possuem um maravilhoso significado espiritual quando compreendidos a partir da "pequena via", caminho espiritual assumido por ela que consistia em reconhecer a própria miséria e se abandonar com confiança ao amor de Deus como uma criança nos braços de sua mãe.

Na vida de Teresa tudo é contrastante: sua linguagem é "pobre" e frequentemente infantil, mas o seu pensamento é de uma profundidade incrível; sua vida aparentemente sem dramas é marcada por uma esplêndida aventura de fé; sua existência passada entre quatro paredes do Carmelo possui uma mensagem universal que percorre os quatro cantos do mundo.

A santidade de Teresa já era conhecida por muitos no momento de sua morte, mas sua fama se espalhou rapidamente pelo mundo quando foi canonizada pelo Papa Pio XI (1925). Pouco tempo depois (1927), o mesmo Pio XI a declarou padroeira universal das missões (fato interessante já que ela jamais saiu do convento...). Foi também proclamada padroeira secundária da França pelo Papa Pio XII (1944). E, em 1997, centenário da sua morte, Teresa é declarada "Doutora da Igreja", a terceira mulher que alcança o máximo de consideração teológica em toda a história da Igreja, pelo Papa João Paulo II. Aos homens de hoje continua sendo um modelo atual de uma vida vivida no Espírito do Senhor.

Veja a homilia do Santo Padre, Papa João Paulo II, por ocasião da atribuição do título "Doutora da Igreja" a Santa Teresa do Menino Jesus, aos 19 de outubro de 1997: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/1997/documents/hf_jp-ii_hom_19101997_po.html


O Convento de Lisieux, fundado em 1838. Ali, Teresa viveu seus anos de consagrada ao Senhor (de 9 de abril 1888 a 30 de setembro de 1897). Da sua permanência no carmelo, Teresa mesma fala: "Vim para o Carmelo para salvar as almas e, sobretudo, para rezar pelos sacerdotes".


A urna com a imagem para veneração pública. Os restos mortais da santa encontram-se sob a urna. Acima, se pode ver a imagem original da Virgem do Sorriso, aquela por cujo intermédio, Teresa foi curada quando criança. A respeito da devoção à Nossa Senhora, Teresa recordava: "Não temas amar demais a Virgem Santíssima, nunca a amarás suficientemente."




No pátio da capela do convento, há um pequeno museu com a exposição de objetos, roupas e fotografias pertencentes à Santa Teresinha. Na foto acima, vemos seu hábito religioso. A santificação pelo trabalho e pela vivência das mínimas coisas do cotidiano era uma característica do caminho espiritual de Teresa.


Basílica de Santa Teresinha. A construção começou em 1929 e a consagração do templo aconteceu em 1954. Do interior não foi possível tirar fotografias porque, no momento, a Basílica inteira passava por restaurações.


Abaixo da Basílica, há uma belíssima cripta, concluída em 1932. Sua arte evoca o segredo da vida espiritual de Teresa.

Imagem de Santa Teresinha exposta no presbitério da cripta. As flores em volta da imagem nos recordam as palavras de Teresa: "Quando estiver no céu, será necessário encher frequentemente minhas mãozinhas de orações e de sacrifícios para que eu possa ter o prazer de lançá-los como uma chuva de graças sobre as almas".

Mosaico da Santíssima Trindade, ao fundo da cripta, representa Deus Pai dando seu filho ao mundo e derramando o Espírito Santo. Várias vezes, Santa Teresinha afirmava: "... que felicidade pensar que o bom Deus, a Trindade inteira, olha para nós, permanece em nós e se compraz em nos considerar".

Um comentário:

  1. Ola
    incrivel sua viajem deve ser maravilhoso.
    forte abraço
    samuel cosenzo
    sazo34@ig.com.br

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