terça-feira, 11 de agosto de 2009

Os escândalos na Igreja

Como mostrar aos jovens a riqueza da Igreja católica, se são veiculadas na imprensa notícias de consagrados
que dão falso testemunho?
(Max, 27 anos, São Paulo, SP)

Caro Max!

Obrigado pela visita ao blog e pela pergunta!

Pode parecer estranho, mas creio que a resposta que você procura possa ser encontrada na sua própria pergunta. Para tanto, é necessário aprofundar a compreensão acerca do mistério da Igreja. As Sagradas Escrituras abordam a realidade da Igreja fazendo uso de diversas imagens, dentre as quais, quero ressaltar a da Igreja enquanto povo de Deus. Na segunda carta de Pedro, encontramos uma das mais belas e profundas descrições de tão grande mistério da fé:

"Mas vocês são uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade, para que proclamem as maravilhas daquele que lhes chamou das trevas para sua luz admirável; vocês que não eram povo, mas agora são o povo de Deus, que não tinham alcançado misericórdia, mas agora a alcançaram." (2 Pedro 2,9)

A Igreja é o povo de Deus! Desse povo, fazem parte, todos os batizados. Tomando as expressões que você utilizou em sua pergunta, podemos afirmar que a "riqueza da Igreja" não pode ser medida tão somente pelo verdadeiro ou "falso testemunho" dos consagrados. Se consideramos a Igreja como povo de Deus, sua beleza está em cada batizado e na assembléia de todos eles! Nesse sentido, para mostrar ao jovem a "riqueza da Igreja", devemos levá-lo a descobrir-se Igreja também, como parte fundamental desse povo!

Mas a "riqueza da Igreja" vai para além do fato de constituir-se como um povo. Não é um povo como os outros. Somos uma raça eleita, nação santa e um povo de particular propriedade de Deus! Isso tudo porque, embora pecador, o povo de Deus é resgatado pelo sangue redentor de Cristo. Nisso sim está a nossa verdadeira riqueza!

E os contra-testemunhos noticiados pela imprensa? Bem, se não são notícias meramente sensacionalistas, construídas sobre mentiras e deturpações, devem ser levadas em consideração por contradizerem os princípios do Evangelho do qual somos anunciadores. No entanto, não podemos esquecer que o povo de Deus é santo e pecador; isso não significa dar asas a certo permissivismo (o pecado deve ser combatido com todas as nossas forças!), mas reconhecer que apesar de seu não merecimento, o povo de Deus é santo porque salvo pelos méritos de Cristo. O Papa Bento XVI falou aos peregrinos na Praça de São Pedro, na audiência de 13 de junho de 2007: "qual é a nossa atitude em relação às vicissitudes da Igreja? É a atitude de quem se interessa por uma simples curiosidade, talvez procurando o que é sensacional e escandaloso a qualquer preço? Ou é a atitude cheia de amor, e aberta ao mistério, de quem sabe por fé que pode encontrar na história da Igreja os sinais do amor de Deus e as grandes obras da salvação por ele realizadas? Se for esta a nossa atitude, não podemos deixar de nos sentir estimulados a dar uma resposta mais coerente e generosa, a um testemunho mais cristão de vida, para deixar os sinais do amor de Deus também às gerações futuras."

Se o pecado persiste também no seio da Igreja, somos convidados a ampliar o anúncio de que "onde grande é o pecado, maior é a graça!" (Rm 5, 20). Caro amigo, continue anunciando a grande riqueza da Igreja; sua riqueza está na misericórdia de Deus que supera toda a violência do pecado, sua riqueza é Cristo!

Com afeto salesiano,
Pe. Mauricio Miranda.
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