segunda-feira, 16 de junho de 2008

O pecado - Parte 3


À medida em que avançamos na compreensão do que é o pecado e de suas conseqüências, vamos sendo fortalecidos na luta que devemos travar contra ele se quisermos responder ao imenso amor de Deus que experimentamos a todo o momento.

Procuramos responder ao que é o pecado e ao por quê pecamos. Peço licença para retomarmos a idéia final da última postagem para recordar que, embora o pecado original tenha sido apagado em nós quando fomos batizados em Cristo, permanecem as conseqüências dele que se traduzem na inclinação que trazemos para o mal. Essa inclinação ao mal é chamada de concupiscência. É uma palavrinha meio difícil, não é mesmo? Mas, ao mesmo tempo, deve ser por nós muito bem conhecida, já que a usaremos daqui em diante todas as vezes em que nos recordarmos do assunto. Também relembro que a concupiscência em si mesma não é pecado, já que é apenas uma inclinação e que, sozinha, não pode nos levar a pecar. Pecamos porque, no fundo, atendendo a essa inclinação interior, optamos voluntariamente pelo pecado. Vamos dar mais um passo a frente?

Quando pecamos?

Várias pessoas nos perguntam como saber se o que fizeram pode ser considerado pecado. Existe uma regrinha de ouro que poderá nos ajudar de modo muito prático, a começarmos a responder a essa e a outras perguntas: de um modo geral, todas as vezes que ferimos o preceito do amor, poderemos considerar que pecamos.

No entanto, para que algo seja considerado pecado são necessárias duas condições fundamentais e inseparáveis: a liberdade e a consciência. Se uma dessas condições faltarem na situação analisada, podemos afirmar que não ali não existe o pecado ou sua gravidade foi em muito diminuída... Vamos, rapidamente, analisar estas duas condições?

A liberdade

Definir o que é liberdade não é muito fácil. Costuma ser um desafio para os grandes filósofos e pensadores. Porém, para que tenhamos uma idéia mínima sobre o assunto, podemos dizer que ela seja um dom precioso de Deus pelo qual somos aptos a praticar atos deliberados, ou seja, a decidir e escolher por conta própria.

Todo o pecado possui em sua raiz o uso da liberdade. Por isso dizemos que nada pode levar o homem a pecar se ele realmente não o quiser. Existem coisas que podem influenciá-lo, mas jamais obrigá-lo a pecar. E por que podemos dizer que sem liberdade não há pecado? Porque ninguém que tenha feito algo à força pode ser considerado culpado.

A consciência

Eis outro termo muito difícil de definir. Aqui, nós estamos utilizando-o apenas no sentido de ter conhecimento da gravidade do fato. Que quer dizer isso? Significa afirmar que um fato só pode ser considerado pecado quando aquele que o cometeu tem consciência (ou seja, conhece) a gravidade do erro cometido. E por que podemos dizer que sem conhecimento da gravidade não há pecado? Porque ninguém que tenha feito algo sem saber que era errado pode ser considerado culpado.

Mas atenção aqui! Existem algumas normas que, por sua natureza, tem o dever de ser conhecidas, cuja violação não admite a desculpa da falta de conhecimento delas. Vamos dar exemplos? O primeiro que lhe apresento é um tanto forte, mas creio que explique bem o que queremos dizer: ninguém pode alegar que não é culpado por ter matado alguém simplesmente pelo fato de que não sabia ou nunca lhe disseram que isso fosse um grave erro! Outro exemplo mais corriqueiro: não posso dizer que não tenho culpa por infringir alguma lei civil que não tinha conhecimento (note bem: todo cidadão tem o dever de conhecer as leis que regem a sociedade!).

Bem, encerramos a postagem de hoje, alertando que não se trata de ficarmos durante todo o dia tentando, em cada mínima coisa que fazemos, descobrir se agimos livremente e com real conhecimento da gravidade dos fatos. Aquilo que procuramos aprender aqui quer apenas nos ajudar a compreender como agimos e quando acabamos pecando. No dia-a-dia, continua valendo aquela regrinha de ouro: jamais ferir o preceito do amor! A pergunta que devemos nos fazer todos os dias é: estou sendo fiel à minha resposta de amor ao amor de Deus em todas as suas manifestações?

Ficamos por aqui. A gente se vê amanhã!

Deus abençoe sua vida!

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.

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