terça-feira, 17 de junho de 2008

O pecado - Parte 4


A partir daquela nossa regra de ouro (ser fiel à resposta de amor ao amor de Deus em todas as suas manifestações), podemos fazer mais uma pergunta muito interessante para avançarmos na compreensão do pecado e de suas conseqüências. E que pergunta é essa?

A gravidade do pecado

Certa vez ouvi uma pessoa dizendo que "pecado é sempre pecado, é tudo igual". Desconfiei disso assim que escutei. Na verdade, fui descobrindo que naquela frase havia erros e acertos. É certo dizer que "pecado é sempre pecado", já que o pecado é sempre uma negação do amor de Deus. Parece-me errado, no entanto, dizer que pecado "é tudo igual".

Em 1 João 5,17, lemos que "toda a iniquidade é pecado, mas nem todo o pecado conduz à morte." Note que nessa passagem, o autor sagrado estabelece uma diferença entre os pecados quanto à gravidade que possuem: uns conduzem diretamente à morte enquanto outros não (ao menos não de modo direto!)

Por isso a tradição da Igreja procurou expressar essa distinção quanto à gravidade classificando os pecados em "mortais" ou "veniais". Você deve se recordar de ter ouvido esses termos, ao menos alguma vez, não é mesmo? Vamos tentar entender a diferença e você verá que a experiência humana acaba confirmando essa distinção.

Que é o pecado venial?

Às vezes, nossas ações acabam ferindo o preceito do amor, sem porém atacá-lo em seus fundamentos. Quer um exemplo disso? Procure imaginar as vezes que ironizamos o que disse uma pessoa simplesmente porque não simpatizamos com ela. Se você pensar bem, existe aí uma falta contra o preceito do amor, já que não temos o direito de faltar com o respeito para com alguém só pelo fato de que não simpatizamos com seu modo de ser. Apesar de ser uma falta contra o amor ao próximo, ela não é capaz de exterminar o amor em suas raízes.

Por outro lado, o pecado venial, embora não fira gravemente o amor, vai enfraquecendo-o pouco a pouco. Por isso, é importante darmos atenção a ele já que, muitas vezes praticado, sem o devido arrependimento, pode nos dispor a cometer o pecado mortal.

E o pecado mortal?

Para que um pecado seja mortal, são necessárias três condições inseparáveis: a liberdade e consciência (como vimos na postagem passada), além de ter como objeto de sua ação uma matéria considerada grave. A matéria considerada grave, em geral, prescrita nos Dez Mandamentos da Lei de Deus.

O pecado mortal destrói o amor no coração do homem, desviando-o radicalmente de Deus. Ele, por sua natureza, é capaz de romper a aliança com Deus, não por querer de Deus, mas por conseqüência de sua própria gravidade. E justamente por isso, tal situação exige uma profunda conversão do coração e uma nova iniciativa da misericórdia de Deus que, normalmente se realiza no Sacramento da Reconciliação.

Bem, o que importa afirmar aqui é que, mesmo podendo julgar que um ato é, em si, uma falta grave, não devemos nos esquecer jamais que o julgamento sobre as pessoas deve ser confiado à justiça e à misericórdia de Deus.

Bem, ficamos por aqui.

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.

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