segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Especial Apóstolo Paulo - Parte 9

Depois de Corinto, Paulo retorna à Asia Menor, embarcando para a Síria, em companhia de Áquila e Priscila. Quando aporta na cidade de Éfeso (atual Turquia), Paulo se separa de seus amigos para pregar o Evangelho ali, mas não se demora, já que tem a intenção de prosseguir viagem. Então, de Éfeso, ele segue para Cesaréia e de lá, chega a Jerusalém, finalizando sua segunda viagem missionária. Estamos provavelmente no ano 52 d.C. Depois disso, Paulo inicia sua terceira viagem com o objetivo de "confirmar todos os discípulos" (At 18, 23b). Essa sua última viagem em liberdade (já que a "quarta" ele seguirá como prisioneiro para Roma) terá o seguinte percurso: Antioquia, Galácia, Frigia, Éfeso, Macedônia, Corinto, Macedônia, Trôade, Assos, Mitilene, Samos, Mileto, Cós, Rodes, Pátara, Tiro e, novamente, Jerusalém. Dessa sua terceira viagem, falaremos apenas de sua estadia em Éfeso. A esse importante período de sua terceira viagem, os Atos dos Apóstolos dedicam todo o capítulo 19.

A importância da cidade de Éfeso vai para além de ter sido local de estadia e da ação missionária do Apóstolo Paulo. Éfeso foi palco de acontecimentos muito importantes na história da Igreja, dos quais, sobretudo um, reflete-se fortemente no cristianismo até os nossos dias. Procurarei descrever, nessa postagem, apenas aquilo que diz respeito à passagem de Paulo. Sei que muitos leitores do blog aguardavam a chegada a Éfeso para saber dos outros pontos famosos da cidade, tais como a Basílica e o túmulo do Apóstolo João, a Casa da Virgem Maria e a Basílica do Concílio de Éfeso), mas por uma questão de ordem, eu tratarei sobre esses assuntos depois de terminada essa sessão de postagens dedicadas ao nosso querido Apóstolo.

Com afeto salesiano
Pe. Mauricio Miranda.


Éfeso

O Apóstolo dos Pagãos passou bom tempo na cidade de Éfeso, conforme relata os Atos dos Apóstolos: "... ia à sinagoga e, durante três meses, nela tomou a palavra com toda convicção a respeito do Reinado de Deus, esforçando-se por convencer os seus ouvintes. Como alguns se endurecessem e, longe de se deixar convencer, difamassem o Caminho em plena assembléia, Paulo rompeu com eles e, tomando à parte os discípulos, dirigia-lhes diariamente a palavra na escola de Tirano. Esta situação durou dois anos, de tal sorte que toda a população da Ásia, judeus e gregos, pôde ouvir a palavra do Senhor" (At 19, 8-10). A essa passagem, junto dois pequenos esclarecimentos:


a) Tirano deveria ser algum professor de retórica que emprestava ou alugava a sua sala a Paulo. Provavelmente, Paulo se reunia com os discípulos ali durante o horário reservado ao almoço e à sesta. Isso é interessante! A princípio, entendemos que para ouvir e aprofundar a Palavra de Deus, os discípulos renunciavam senão ao almoço, ao menos ao descanso que costumavam fazer logo em seguida...

b) Quando o autor diz que "toda a população da Ásia pode ouvir a palavra do Senhor", ele se referia à província da Ásia, uma região menor que a Ásia Menor e, portanto, muito diferente do que conhecemos hoje por esse nome... No entanto, a expressão parece ter uma intenção de explicitar o avanço do Evangelho. Provavelmente, é desse período a fundação das Igrejas de Colossas, Laodicéia e de Hierápolis, todas cidades da Ásia Menor.


Em Éfeso, puderam ser vistos verdadeiros milagres que o Senhor realizava pelas mãos de Paulo. De fato, como relata os Atos dos Apóstolos, "Deus realizava pelas mãos de Paulo milagres pouco comuns, a tal ponto que recolhiam, para os aplicar sobre os doentes, lenços e panos que haviam estado em contato com sua pele. Então, essas pessoas ficavam curadas de suas doenças, e os espíritos maus se retiravam" (At 19, 11-12).

Era grande o número daqueles que se convertiam ao Senhor. Por isso também tais mudanças começaram a atrapalhar os lucros de um grupo de artesãos que vivia da venda de artigos relacionados ao culto de Artêmis, deusa grega. De fato, em Éfeso existia um templo dedicado a Artêmis que, além de ser o maior de toda a Ásia, foi considerado umas das sete maravilhas do mundo antigo.

A rejeição ao anúncio do Evangelho, motivado por este grupo de pessoas, começou a crescer em Éfeso a ponto de se reunirem, segundo relato dos Atos dos Apóstolos, no teatro da cidade para conversarem a respeito. Embora Paulo estivesse decidido a comparecer a esse encontro, os discípulos não lhe permitiram ir, dado o risco que representava para sua vida estar no meio de uma multidão como aquela... (cf. At 19, 23-40). Por fim, "quando o tumulto se acalmou, Paulo mandou chamar os discípulos e os encorajou. A seguir despediu-se deles e tomou o caminho da Macedônia" (At 20, 1).


Ruínas da antiga cidade de Éfeso


Ruínas da antiga cidade de Éfeso (detalhes das colunas, acima e abaixo)



Ruínas da antiga cidade de Éfeso (detalhes das "ruas")


Templo de Adriano (acima e abaixo), construído em homenagem ao Imperador Romano. Em ruínas, restou apenas o arco da fachada principal.


A Biblioteca de Celso era a biblioteca da cidade de Éfeso. O edifício de três andares até hoje conserva sua imponência. Abaixo, foto de detalhe de inscrição num dos arcos, à direita da entrada principal.



Teatro da cidade de Éfeso. Aí aconteceu a cena narrada por Atos 19, 23-40

Nosso grupo de estudos lendo e estudando o trecho de Atos dos Apóstolos, no próprio local.

O Teatro visto da parte de baixo da cidade. Nesse ângulo é possível averiguar a grandeza da construção. Mesmo para aqueles que acreditam que o autor dos Atos dos Apóstolos tenha exagerado propositalmente no relato da dimensão do motim de Éfeso, não resta dúvida que para encher o teatro da cidade, a causa deveria ser realmente importante...

Um comentário:

  1. fico feliz em ver estas fotografias pois elas aumentam a minha fé, como eu gostaria de poder visitar este lugar tão fantástico....

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