quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Turquia - Parte 5

Pérgamo

Hoje, conhecida por Bérgamo, consta que a antiga cidade de Pérgamo foi fundada no século V a.C., mas foi durante a dominação romana (a partir do século I a.C.) que ela realmente se tornou uma cidade importante. Dado seu tempo de existência, possui uma vasta e importante história.

Nosso grupo de estudos passou por lá também. A nós, no entanto, interessava pesquisar a história da cidade nos primeiros anos da era cristã, já que o nome dela, junto do de Éfeso, consta da lista das sete cartas às Igrejas do Apocalipse (Ap 2-3). Aqui, evidentemente, um estudo pormenorizado sobre a carta a Pérgamo não é nosso principal objetivo, mesmo porque precisaríamos de mais postagens para tratarmos adequadamente sobre o assunto. Abaixo, no entanto, segue algumas informações sobre Ap 2, 12-17.

Carta à Igreja de Pérgamo

"12Ao anjo da Igreja que está em Pérgamo, escreve: Assim fala o que tem a espada afiada com dois gumes: 13 Sei onde moras: é onde está o trono de Satanás. Entretanto, continuas ligado ao meu nome e não renegastes a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto entre vós, onde habita Satanás.

A expressão "onde habita Satanás" quer se referir, muito provavelmente, ao culto imperial, cujo centro de difusão para toda a provincia da Ásia Menor era a cidade de Pérgamo. Com a carta, o autor intima os cristãos a uma decisão grande: qual Senhor queria confessar: o Cristo ou o imperador. O autor faz, de primeiro instante, um elogio à comunidade cristã que, em sua grande maioria, se manteve fiel à fé, coisa que não deveria ser evidentemente fácil numa situação onde não havia liberdade religiosa. Mas apesar da fidelidade de muitos, a carta traz uma advertência que veremos nos versículos posteriores.

14 Tenho, contudo, umas censuras a te fazer: há entre vós alguns que se apegam à doutrina de Balaão, o qual aconselhava a armar uma cilada aos filhos de Israel para incitá-los a comer das carnes sacrificadas aos ídolos e a prostituir-se. 15 Da mesma forma, tens alguns que se apegam à doutrina dos nicolaítas.

Esses versículos denunciam a existência de pessoas na comunidade de Pérgamo que, assumindo algumas práticas dos cultos pagãos de então, introduziam na própria vivência de fé elementos estranhos aos ensinamentos do Evangelho. Dessa forma, desvirtuavam a fé cristã em sua concepção original. "Prostituir-se", nesse sentido, significa introduzir elementos estranhos à própria natureza de algo, de modo que contaminando-o, acabe por desvirtuar o objetivo para o qual ele existe.

16 Arrepende-te, pois! Senão virei a ti em breve e os combaterei com a espada de minha boca.

Eis o apelo explícito à mudança de vida! Alguns podem se perguntar como Deus misericordioso pode ameaçar seus filhos dessa forma. Mas o que lemos no versículo acima não se trata de uma ameaça; é, antes, uma advertência amorosa. Isso porque "a espada de minha boca" é a própria Palavra de Deus. Diante da pureza da Palavra de Deus, o que é sujo é naturalmente eliminado...

17 O que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas. Ao vencedor, darei do maná escondido; darei a ele uma pedra branca e, gravado sobre ela, un nome novo que ninguém conhece, a não ser aquele que o recebe."

A carta é concluída com o anúncio da recompensa àqueles que se mantiverem fiéis. O dom do "maná escondido", segundo a tradição bíblica (Ex 16, 32-34; Hb 9,4; 2 Mc 2,4-8) refere-se à comunicação definitiva dos bens divinos no final dos tempos. Para o cristão, o "maná escondido" recorda a Eucaristia, alimento que nos prepara para o Último Dia e nos antecipa a vida celeste.

A imagem da pedra branca possui até hoje uma interpretação incerta. Há vários estudos sobre essa afirmação. De maneira geral, a cor branca provavelmente indica a participação na glória de Deus. Aqui, poderia estar se falando de um "passaporte" à glória de Deus.

Por fim, o nome novo certamente é o nome de Jesus. Em outras palavras, todo o versículo 17 parece querer dizer que àquele que permanece fiel, ao vencedor, será dada a graça de participar do nome de seu Senhor, isto é, de entrar em comunhão com Ele, participando de sua glória infinita. Não existe prêmio maior para aqueles que o amam...

As ruínas de Pérgamo

Abaixo, seguem fotos das ruínas da antiga cidade de Pérgamo. No entanto, a mensagem à Igreja de Pérgamo, expressa em Ap 2, 12-17, permanece viva e muito atual. Esforcemo-nos para nos manter fiéis aos ensinamentos do Senhor, preservando-o de todo o tipo de contaminação proposta pelo mundo e cultura atuais. Isso não implica dizer não a tudo o que existe em nosso mundo, mas seguir o conselho do Apóstolo Paulo: "examinai tudo com discernimento: conservai o que é bom, afastaivos de todo o tipo de mal" (1 Ts 5, 21-22). E tudo isso por amor a Ele e para quando Ele voltar, recebamos a coroa imperecível de glória que Ele mesmo reserva para seus fiéis (cf. 1 Pedro 5,4).



As ruínas da antiga Pérgamo sobre o monte. Ao fundo, abaixo, a nova cidade de Bérgamo.

Parte de Bérgamo vista do alto do monte da antiga cidade.

As ruínas de Pérgamo (detalhe das colunas)

Ruínas do antigo Teatro de Pérgamo. A céu aberto, dos assentos do Teatro se podia ver o imenso vale onde, hoje, se encontra a nova cidade.

As ruínas de Pérgamo (detalhe do altar erguido a Zeus, Deus grego)

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