sábado, 4 de outubro de 2008

Um amigo de Deus (04.10.2008)


"O Altíssimo Pai anunciou à santa e gloriosa Virgem Maria, por meio do arcanjo Gabriel, que o Verbo de Deus tão digno, tão santo e tão glorioso desceria do céu e receberia do ventre dela a carne da nossa humanidade e fragilidade. Ele, sendo rico, quis escolher para si e para sua santíssima Mãe, a pobreza.

Ao aproximar-se de sua paixão, Ele celebrou a Páscoa com os seus discípulos. Depois, orou ao Pai, dizendo: "Pai, se é possível, afasta de mim este cálice". (Mt 26,39). No entanto, colocou a sua vontade na vontade do Pai. E a vontade do Pai foi que seu Filho bendito e glorioso, dado a nós e nascido por nossa causa, oferecesse seu próprio sangue como sacrifício e como vítima no altar da cruz. Ele não tinha necessidade disso, mas se ofereceu pelos nossos pecados, deixando-nos o exemplo para que seguíssemos seus passos. E o Pai quer, desse modo, que nós sejamos salvos por meio dele e o recebamos de coração puro e corpo casto.

Ó como são bem-aventurados aqueles que amam o Senhor e obedecem ao seu Evangelho! De fato, foi dito: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e o próximo como a ti mesmo". (Lc 10, 27). Portanto, amemos a Deus e o adoremos de coração e mente pura porque é isso que Ele quer acima de tudo quando diz: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade". (Jo 4, 23). Assim, todos aqueles que o adoram, devem adorá-lo em espírito e verdade. Voltemos a Ele nosso louvor e oração, noite e dia, porque devemos sempre orar sem nunca desanimar (cf. Lc 18,1).

Da mesma forma, produzamos também "frutos dignos de penitência" (Mt 3,8) e amemos o próximo como nós mesmos. Sejamos caridosos, humildes, pratiquemos a esmola porque tudo isso lava as nossas almas da vergonha do pecado. Os homens perdem tudo aquilo que deixam nesse mundo. Levam consigo somente o resultado da caridade e da esmola que tenham dado. É o Senhor quem dá a eles o prêmio e a recompensa.

Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas antes simples, humildes e castos. Não devemos nunca desejar ser maiores que ninguém, mas servir e nos submeter aos outros por amor ao Senhor. E, assim, repousará o Espírito do Senhor sobre todos que fizeram tais coisas. Ele fará deles a sua morada e habitação. Serão filhos do Pai celeste, já que executaram sua obra. Serão considerados como se fossem da própria família do Senhor."

São Francisco de Assis
(*1182 + 1226)

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