domingo, 25 de maio de 2008

Basílicas Papais - Parte 3

Devo, antes de começar essa postagem, pedir desculpas àqueles que, quase diariamente, visitam esse blog em busca de atualizações. Recentemente, não tenho escrito muito, já que se aproxima o período de meus exames semestrais. Prometo, contudo, não deixar de escrever, ao menos, as reflexões sobre o Evangelho de cada Domingo. Tentarei também, sempre que possível, atualizar mais vezes com outras postagens, como essa que faço agora.

Essa postagem é também a retomada de um "caminho" iniciado e, por força dos compromissos, parado... Se se recordarem, comecei a falar sobre as Basílicas Papais (24.02 e 02.03), mas acabei não tendo ocasião de concluir a apresentação delas. Falarei, nas postagens de hoje e amanhã, sobre as Basílicas de São Paulo e São Pedro.

Agora, vamos conhecer a Basílica de São Paulo. Estive faz alguns dias lá, pela primeira vez, acompanhando uma amiga brasileira que passava por aqui em férias. Hoje, domingo, retornei ao lugar com mais calma. Lá, pude rezar muito, me recordar de todos aqueles que se recomendam às minhas orações e, também, fotografar os ambientes para lhes apresentar.

Um pouco de história

Essa belíssima Basílica data do século IV da era cristã, sendo mais antiga que a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Sabemos que os cristãos foram duramente perseguidos, também na cidade de Roma, até o século IV, quando no tempo do imperador Constantino, foram promulgados os editos de tolerância ao cristianismo.

No início do século IV, o imperador Constantino ordenou que fossem iniciadas escavações nos lugares da cella memoriae (local onde, por tradição, os cristãos veneravam a memória do apóstolo São Paulo, decapitado entre 65 e 67, sob o império de Nero). Foi sobre o túmulo onde repousava o corpo do Apóstolo, situado na via Ostiense, aproximadamente 2 km fora dos muros que cercam Roma (por isso a Basílica e conhecida como "São Paulo fora dos Muros"), que o imperador mandou erguer uma Basílica, consagrada pelo papa Silvestre em 324.

O templo foi sendo, ao longo do tempo, reformado e ampliado, atingindo seu auge em beleza no século XIII. Meta sagrada de peregrinações ao longo do período histórico conhecido como "cristandade", a Basílica de São Paulo Fora dos Muros é famosa por suas obras de arte.

Infelizmente, na noite de 15 de julho de 1823, um incêndio destruiu todo esse verdadeiro tesouro artístico e espiritual acumulado por mais de 1500 anos. A basílica, no entanto, foi reconstruída idêntica a que existia antes, com a reutilização dos elementos que o fogo não consumiu.

Hoje, São Paulo Fora dos Muros é, na verdade, mais que uma Basílica. Trata-se de um complexo extraterritorial do Vaticano. O conjunto compreende compreende uma abadia beneditina muito antiga. Os monges beneditinos da antiquíssima abadia, edificada junto ao túmulo do Apóstolo pelo papa Gregório II (715-731), trabalham incessantemente no ministério da Reconciliação aos fiéis peregrinos e na realização de eventos ecumênicos, muito tradicionais aliás, naquele templo (é nessa Basílica, por exemplo, que se conclui todos os anos, no dia da conversão de São Paulo, 25 de janeiro, a Semana pela Unidade dos Cristãos por aqui).

Ano Paulino (2008-2009)

Creio que você, caro amigo, já deve ter escutado alguma coisa a respeito do "Ano Paulino". Não? Bem, eu lhe digo alguma coisa a respeito agora. Em 28 de junho de 2007, o Papa Bento XVI esteve na Basílica para promulgar o “Ano Paulino”, ou seja, um ano dedicado à memória do Apóstolo, com a finalidade de celebrar seus dois mil anos de nascimento. As comemorações terão início em 28 de junho de 2008 e serão concluídas em 29 de junho de 2009.

No último dia 10 de maio, a Santa Sé lançou um decreto por meio do qual anuncia a concessão de especiais indulgências válidas para o período estabelecido para o Ano Paulino. Este documento pode ser visto na seguinte página da internet: http://www.vatican.va/roman_curia/tribunals/apost_penit/documents/rc_trib_appen_doc_20080510_san-paolo_po.html

Se você quiser mais informações a respeito de como será o Ano Paulino e de quais os eventos que marcaram as comemorações, poderá também acessar um site que foi especialmente criado para isso: http://www.annopaolino.org/ O site está disponível em inglês, espanhol, italiano e francês.

Por fim, concluo essa seção sobre o Ano Paulino, recordando que voltaremos outras vezes a falar sobre o assunto. Procurarei, aqui em Roma, acompanhar o máximo que puder, os eventos desse ano comemorativo. Posso adiantar àqueles que me acompanham pelo blog que farei uma viagem de estudos, nos próximos meses, aos lugares por onde o Apóstolo Paulo passou na fundação das primeiras comunidades cristãs (atuais Turquia e Grécia). Será, sem dúvida, uma experiência riquíssima que procurarei partilhá-la aqui, se Deus quiser.

O tumulo do Apóstolo

Sabe-se que Paulo chega a Roma, no ano de 61, para ser julgado. É decapitato entre os anos de 65 e 67 e seu corpo, depositado a pouco mais de três quilômetros do lugar de seu martírio. Ele é sepultado no sepulcro que uma cristã de nome Lucina possuía na via Ostiense. Esse sepulcro fazia parte de um cemitério que existia naquela região. na verdade, só foi possível sepultar o apóstolo Paulo num cemitério romano, mesmo sendo ele um cristão, porque era também um cidadão romano.

Seu túmulo, no entanto, logo se tornou objeto de veneração dos cristãos do primeiro século. Sobre ele se edificou um memorial (cella memoriae). Sabe-se que durante os séculos de perseguição aos cristãos, vários fiéis e peregrinos se dirigiam para lá em oração, haurindo forças para prosseguir a evangelização que Paulo havia iniciado.

De fato, estar diante do túmulo do Apóstolo é, ainda hoje, uma experiência indescritível. Hoje, pela manhã, quando visitava a Igreja (o túmulo fica bem no centro dela, sobre o qual está erguido o altar-mor da Basílica), pude rezar diante dele. Além de me recordar de muitos que se recomendam às minhas orações, pedi muito ao Senhor à Igreja de hoje, a graça de outros cristãos como Paulo. Precisamos de pessoas assim... Precisamos ser como ele! Pedi, ali, a graça de um coração que saiba amar a Deus acima de todas as coisas, de maneira incondicional, como Paulo amou; a graça de uma vida que possa ser vivida para evangelizar e tornar o nome do Senhor conhecido, exatamente como ele o fez!

É certo que o convite a evangelizar é feito a todos os batizados, sem exceção, não importanto o estado de vida (solteiros ou casados). Mas estou plenamente convencido de que o Senhor, sobretudo hoje em dia, continua chamando especificamente os jovens a entregarem suas vidas pela causa do Evangelho, de maneira mais radical. Tais jovens, rapazes e moças, precisam apenas de pessoas que os ajudem a compreender esse chamado, que os estimulem e os encoragem a se entregarem a Deus, sem medida. Esses jovens precisam saber que vale realmente a pena viver dessa forma! O mundo precisa de gente assim...

Convido você, que me acompanha por esse blog, a rezar por eles. Quem sabe não seja você um desses jovens dos quais falo? Quem sabe Deus não esteja se manifestando, mais uma vez, ao seu coração, agora...? De toda forma, colaboremos com o bom Deus que continua falando aos homens e mulheres de nosso tempo, e convocando alguns a, não somente orientarem, mas a consagrarem radicalmente a sua vida pela causa do Evangelho.

São Paulo Apóstolo, rogai por nós.

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.

A entrada da Basílica, vista da Praça de São Paulo





O jardim interno, ladeado por centenas de belíssimas colunas, tendo a imagem do Apóstolo ao centro.





A imagem do Apóstolo em destaque e o mosaico de Pietro Cavallini, na fachada da Igreja.



A Basílica vista por dentro. Aos fundos (da foto), está o presbitério e o altar-mor, edificado sobre o túmulo do Apóstolo. Ao redor do espaço central, contam-se quase cem belíssimas colunas.



A entrada do sepulcro do Apóstolo. Como dito anteriormente, sobre o sepulcro foi edificado o altar-mor da Basílica. Na foto, pode-se ver que está em obras de restauração para a abertura do Ano Paulino com a presença do Papa Bento XVI.



O espaço do sepulcro visto de cima.




Nessa foto, pode-se ver o sepulcro protegido pela gade. O que está sob a redoma de vidro são as escavações da pedra fundamental da primeira basílica construída pelo Imperador Constantino, no início do século IV, como diz a história, bem em cima do sepulcro do Apóstolo.



Detalhe na cúpula da Basílica. Devo confessar que a foto não ficou nada boa. A pintura é de uma beleza indescritível...

O antiquíssimo claustro, aberto à visitação (fotos acima e abaixo). Também ele é ladeado por diversas colunas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário