sábado, 31 de maio de 2008

Misericórdia de Deus - Parte 4


Com a terceira parte das postagens sobre a misericórdia de Deus, falamos da manifestação plena do amor do Pai por toda a humanidade: Jesus Cristo, o Senhor. Vimos que o modo como o Pai escolheu manifestar seu amor por nós foi assim: "Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à lei para libertar aqueles que estão sujeitos à lei, para que nos seja concedido ser filhos adotivos" (Gl 4,4-5). Mas não só! O próprio apóstolo continua na carta endereçada aos gálatas, dizendo: "Vocês são filhos de verdade! Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abbá - Pai! Portanto, já não é mais escravo, mas filho; e como filho, também é herdeiro: isto é obra de Deus!" (Gl 4,6-7).

Numa linguagem mais "elevada", podemos dizer que nos tornamos filhos no Filho. Que isso significa? Significa que pela encarnação, morte e ressurreição de Cristo fomos resgatados da escravidão do pecado ("já não é mais escravo") para nos tornarmos filhos de Deus. Como filhos, somos chamados a manter uma relação de profunda intimidade com Ele! São Paulo procura, quando escreve aos gálatas, descrever com detalhes a intimidade que Deus quer estabelecer conosco. O apóstolo usa duas expressões muito fortes para tentar nos explicar isso.

A primeira é que "Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho". Veja que isso é uma verdade maravilhosa! Deus nos enviou o Espírito Santo! Já tivemos a oportunidade de refletir sobre a pessoa do Espírito nas postagens em preparação à Solenidade de Pentecostes. Mas a segunda expressão que encontramos no texto de São Paulo é, ainda mais enfática: "aos nossos corações". Na linguagem bíblica, o "coração" é o espaço a partir do qual tomamos as principais decisões. Pois bem! Foi nesse lugar sagrado do nosso ser que o Pai enviou seu Pleno Poder, o Espírito de Amor, para que nos decidíssimos por seu Amor!

Mas como se isso não bastasse para entendermos o quanto somos amados por Deus, o Apóstolo continua explicando que é justamente esse amor de Deus derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, que nos faz dizer: Abbá! Essa pequenina palavra grega não quer dizer apenas "pai". Não! Ela traz consigo um significado muito mais afetivo. Abbá quer dizer papai, papaizinho... Louvado seja Deus por isso! Deus quer nós o tratemos como "papai", "paizinho"... Ele espera esse nosso extremo carinho, pois é a única forma que conseguiremos responder um pouco mais adequadamente à imensa ternura com a qual Ele nos ama!

Mas pode ser que, depois de tudo quanto dissemos aqui, você ainda esteja se sentindo indigno de tanto amor. Pode até pensar assim, quem sabe: "esse padre escreve essas coisas porque não sabe dos meus pecados, não sabe de minha história passada", como se o que você tivesse feito na vida (seja lá o que for!), pudesse ser tão significativo a ponto de não ser mais digno do amor de Deus... Pois bem, mas se você pensa realmente assim, eu também me sinto no dever de lhe dizer que não! Não, não e não! Nada, absolutamente nada pode fazer com que Deus deixe de nos amar.

Sabe, meu irmão (ou minha irmã), a vida inteira de Jesus, Ele a viveu para nos convencer disso! Tudo o que fez, tudo o que ensinou, tudo o que viveu foi numa única intenção de manifestar o imensurável amor de Deus por toda e cada pessoa humana. Quando dissemos que Jesus é a plena manifestação do amor de Deus por nós, não é apenas uma afirmação poética! Ele o é, de fato! Entregou a própria sua vida por nós para nos arrancar do poder do pecado e para nos assegurar que NADA nessa vida poderá nos separar do amor de Deus.

Dedicaremos nossas próximas quatro postagens nos fixando atentamente sobre o testemunho de Jesus. Analisaremos o capítulo 15 do Evangelho de Lucas que, é, por excelência, o Evangelho da Misericórdia. Para melhor adentrarmos as maravilhas de Deus contidas naquele capítulo, o dividiremos em três partes: Lucas 15, 3-7; Lucas 15, 8-10 e Lucas 15, 11-32. Se quiser lê-las, anteriormente, dia por dia, como forma de preparação, fique à vontade. Amanhã, trataremos de Lucas 15, 3-7.

Por hoje é só... Concluo deixando uma outro belíssimo trecho da carta que São Paulo endereçou aos habitantes de Roma. É, mais uma vez, um hino à misericórdia de Deus. Se me permite, sugiro-lhe que imprima essa pequena passagem e a leve consigo para meditá-la ao longo do seu dia. Ainda mais: fixe-a no mural de avisos de seu trabalho, na geladeira de sua casa, deixe-a ao alcance da pessoa que você tanto gosta (em meio a seus pertences), envie-a por e-mail etc. Sim... É isso mesmo que estou lhe sugerindo... Cada um de nós encontrará um modo criativo de fazer a Palavra de Deus chegar aos corações de outros! E por que? Porque há muita gente, a começar de nós mesmos, que precisa fazer a experiência de tamanho amor, que precisa permitir que esse amor cure as feridas que a vida, muitas vezes, tratou de lhe trazer... Com segurança, posso afirmar que Deus conta conosco nessa importante missão, a de sermos sinais e portadores de seu amor a todos!


Com afeto salesiano.
P. Mauricio Miranda.


"Depois de tudo isso, o que nos resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Ele, que não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por nós todos, como junto com seu Filho não nos daria tudo o resto?

Quem acusará os eleitos de Deus? Deus justifica! Quem condenará? Jesus Cristo morreu - e não só - também ressuscitou! Ele que está à direita de Deus e intecerde por nós!

Quem poderá nos separar do amor de Cristo? Por acaso, a tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A miséria? O perigo? A espada? Em tudo isso somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou. Sim, eu tenho certeza: nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem as dominações, nem o presente, nem o futuro, nem o poder, nem as forças das alturas ou das profundezas, nem alguma outra criatura, nada poderá nos separar do amor de Deus que foi manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor."

(Romanos 8, 31-35.37-39)

Um comentário:

  1. Estive fora por algum tempo...
    Senti muita falta de ler o blog...
    Saudades dp meu querido amigo Pe. Mauricio!

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