domingo, 18 de maio de 2008

Solenidade da Santíssima Trindade - Ano A - 2008

Evangelho (João 3,16-18)

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós!
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.

— Palavra da Salvação!
— Glória a Vós, Senhor!


Ícone da Santissima Trindade por Rublev (séc. XV): à primeira vista indistinguiveis, mas o Pai é o da esquerda (sobre a cabeça ereta está a casa de Abraão e seu manto tem cor indefinida, resultante da mistura das vestes do Filho e do Espirito Santo; a veste interior, azul, representa a divindade). O anjo do meio representa o Filho cuja túnica é purpura, simbolizando a humanidade. Acima dele está o carvalho de Mambré, simbolizando o tronco de Jessé, pelo qual Cristo veio ao mundo. O anjo da direita é o Espírito Santo, cujo manto verde representa a eternidade. A doçura e leveza das suas linhas oferece a idéia de consolo, é o Espirito de Amor.



Na segunda leitura da Solenidade da Santíssima Trindade, lemos um trecho da segunda carta que Paulo endereça aos Coríntios, muito provavelmente, escrita em 56 d.C. Ali, Paulo diz: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós." De fato, a Igreja confessa, desde sua origem, a fé em Deus Uno e Trino: Pai e Filho e Espírito Santo.

Deus Uno e Trino

Que significam essas duas palavras: Uno e Trino? 'Uno' significa dizer que Deus é um só, indivisível numa unica essência, substância ou natureza e, portanto, inseparável. 'Trino' implica dizer que nessa Unidade, subsistem três pessoas: Pai e Filho e Espirito Santo.

Mas como pode ser 'uno' e 'trino' ao mesmo tempo? Ao longo de sua história, a Igreja sempre procurou formular de modo mais explícito a fé em Deus Uno e Trino, tanto para melhor aprofundar a compreensão de tão grande mistério como para defendê-lo de tantos erros que foram surgindo. Por mais que, hoje, tenhamos, o quanto possível, uma maneira muito clara de expor o mistério central da fé e da vida cristã, não podemos nunca nos esquecer que estamos falando do Mistério de Deus, diante do qual a primeira atitude mais justa é a de profunda contemplação e adoração!

Na primeira leitura da Solenidade da Santíssima Trindade, Moisés invoca o Senhor como sendo "Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel" (Exodo 34,6). De fato, a mais expressiva e sintética forma de falarmos de Deus, é aquela encontrada em 1 João 4,8: "Deus é Amor". E é justamente, a partir desse reconhecimento que fixaremos nossa atenção na tentativa de explicitar ainda mais o mistério de Deus Uno e Trino.

Deus é Amor

Quando professamos que Deus é um só, não estamos afirmando que Ele seja um ser solitário. De fato, o Amor não é solitário, implica relação, onde exista aquele que ama e aquele que é amado. A expressão Deus é Amor nos revela que, em Deus, existe uma verdadeira comunhão de pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. Por sua vez, onde existe comunhão, existe unidade. Dizer que Deus é Amor, implica necessariamente afirmar que essas três Pessoas Divinas estabelecem entre si uma comunhão tão perfeita que se pode falar de perfeita e absoluta unidade.

Permitamos que o Espírito Santo nos faça mergulhar nesse Mistério de Amor, pois "o Espírito tudo sonda, até mesmo as profundezas de Deus" (1 Coríntios 2,10). É o Espírito que nos faz conhecer Jesus, já que em Jesus "se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho único ao mundo para que vivêssemos por meio dele" (1 João 4,9).

Há algumas semanas atrás, "inaugurei" mais uma seção nesse blog que procurei chamar de "Um amigo de Deus". Trata-se de uma tentativa de comunicar como várias pessoas, a partir de diferentes maneiras, viveram a amizade com Deus na própria vida. Hoje, encerro essa postagem sobre a Solenidade da Santíssima Trindade, recordando as palavras de mais um desses amigos.

Com afeto salesiano
P. Mauricio Miranda.




Um amigo de Deus


"Ó meu Deus, Trindade que adoro, me ajudai a me esquecer inteiramente para me fixar em Vós, imóvel e pacífica, como se a minha alma já estivesse na eternidade: que nada consiga perturbar a minha paz nem me fazer sair de Vós, ó meu Imutável, mas que a cada minuto me leve mais longe na profundidade do vosso Mistério! Pacificai a minha alma! Fazei dela o vosso céu, vossa amada morada e o lugar do vosso repouso. Que nela eu nunca vos deixe só, mas que eu esteja aí, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adorante, toda entregue à vossa ação criadora."


Bem-aventurada Elisabete da Trindade
(*1880 + 1906)



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